Policia

Trio é condenado pela morte de policial militar

(Foto: André Almeida)

 

IPATINGA – Os três acusados pelo assassinato do cabo da Polícia Militar Amarildo Pereira de Moura, morto em fevereiro do ano passado, foram condenados durante julgamento iniciado nesta segunda (14) e concluído na madrugada de terça-feira (15). Wesley Neves dos Santos, o “Timirim”, Wesley Cândido Drumond, o “Caneco” e Daniel Watson Costa Siqueira receberam penas de, respectivamente, 19, 16 e 12 anos de prisão em regime fechado.

A sessão que levou à condenação do trio foi iniciada ainda pela manhã de segunda, por volta das 10h, e foi aberta com a fala das testemunhas arroladas no processo. A defesa de Timirim ficou a cargo dos advogados Elizeu Borges Brasil e Jarbas Nunes da Fonseca. Já os dois outros réus foram representados pelo defensor público Adriano Lúcio dos Santos, vindo de Belo Horizonte especialmente para atuar no júri.

TODA A CULPA

Logo de início, a estratégia da defesa foi colocada às claras para os presentes. Os advogados tentaram inocentar Wesley Timirim das acusações, deixando a culpa sobre Daniel Watson, que assumiu publicamente em juízo a autoria do crime.

“No passado, meu cliente confessou ter tido problemas com o cabo Amarildo, mas depois ele percebeu que a vingança não seria o caminho certo a seguir. Temos provas convincentes nos autos do processo que Timirim estava trabalhando no dia da morte do policial. Anexamos o cartão de ponto dele e outras provas. Com tantas evidências a seu favor, não justifica a condenação de Wesley Neves só para termos um culpado pela morte”, relatou Elizeu.

ÁLIBI

Os defensores de Timirim apresentaram alguns possíveis álibis para inocentar o cliente. Um deles foi uma folha de ponto da empresa em que Wesley trabalhava no dia do crime, constando horários de entrada e saída que coincidiam com a hora em que Amarildo foi assassinado. Os advogados ainda acusaram a PM de agredir o réu para que ele confessasse o crime – no dia em que foi preso, Wesley, de fato, estava muito machucado. No entanto, segundo a polícia, os ferimentos foram provocados pelo próprio Timirim no momento em que resistia à prisão.

O defensor público que representou os outros dois réus acompanhou a tese e também procurou inocentar o acusado Wesley Cândido. A intenção, segundo o próprio advogado Adriano Lúcio, era fazer com que a confissão fosse uma atenuante para a pena de Daniel Watson.

MAIS DE UM
No entanto, a estratégia da defesa foi derrubada pela acusação, na pessoa do promotor do Ministério Público, Bruno Jardini, e pelo assistente Renato Lopes Costa, contratado pela família da vítima. Os dois pretendiam que cada um dos réus fosse condenado a, pelo menos, 20 anos de prisão.
Um dos argumentos da acusação era de que seria impossível uma pessoa agir sozinha na tocaia que vitimou o militar. O promotor também usou de um vídeo gravado pela Polícia Civil onde Timirim aparece confessando o assassinato.

SEM DEFESA
A sessão se estendeu até o final da noite de segunda, quando o Conselho de Sentença, formado por cinco homens e duas mulheres, iniciou a votação dos quesitos formulados pela juíza Ludmila Lins Grilo, da 1ª Vara Criminal, que presidiu a sessão.

Após a meia noite, a sentença condenatória foi lida. Os três réus foram condenados pelo crime de homicídio qualificado – cometido por motivo torpe e sem dar à vítima chance de defesa. Wesley Neves pegou a maior pena: 19 anos e três meses de prisão; Wesley Drumond foi condenado a 16 anos e seis meses; e Daniel Watson a 12 anos e seis meses.

Aos três foi negado o direito de recorrer da sentença em liberdade. Os condenados, que estavam detidos no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) de Ipatinga, serão transferidos para a Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, onde cumprirão a pena.

RECURSOS

Após o julgamento, os advogados de defesa dos três réus confirmaram a intenção de recorrer da sentença proferida na sessão. Elizeu Brasil, inclusive, afirmou estar confiante em um novo julgamento para seu cliente. “Nós vamos entrar com recurso e o Wesley (Timirim) vai a novo júri”, disse.

O defensor Adriano também confirmou que irá questionar, em segunda instância, a pena aplicada aos seus clientes. Em sua opinião, há, nos autos, provas da ausência de elementos para se provar a autoria do homicídio.

Já o promotor responsável pela acusação, Bruno Jardini, afirmou ter ficado satisfeito com a condenação dos réus, mas que vai estudar entrar com um recurso para tentar aumentar a pena dos três acusados. O promotor ainda explicou que a sentença menor para Daniel pode se tratar de uma condescendência dos jurados com o caso do jovem, que teve o pai assassinado dois dias antes de ser preso. Segundo investigação da Polícia Civil, o crime teria sido cometido por um irmão do cabo Amarildo para forçar o acusado, que estava foragido à época dos fatos, a se entregar.

O CASO

O cabo Amarildo foi morto no dia 8 de fevereiro, enquanto seguia para um sítio no bairro Bom Pastor, em Santana do Paraíso. “Timirim”, Daniel Watson e Wesley Cândido ficaram escondidos em um matagal à espera do militar.

Quando o cabo, pilotando uma motocicleta, passou pelo local, “Timirim” e Daniel foram avisados por Wesley e atiraram várias vezes contra o policial, que caiu morto. A dupla ainda fugiu na moto de Amarildo e, Wesley, em uma bicicleta.
As investigações apontaram ainda que o assassinato do cabo Amarildo estaria relacionado a uma vingança, baseada na suspeita do envolvimento do militar no homicídio do pai de “Timirim”.

 

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