Cidades

Timóteo debate enfrentamento da violência contra a mulher

TIMÓTEO – Os variados tipos de violência contra a mulher foram debatidos durante toda a tarde da última terça-feira (26), no auditório da Prefeitura de Timóteo, no 1º Seminário de Enfrentamento à Violência contra a Mulher. O encontro reuniu cerca de 170 participantes, entre alunos dos cursos de Assistência Social, curso técnico de enfermagem, representantes de diversos segmentos do governo municipal e sociedade civil.

REDE

A mesa foi composta por três frentes da administração (Saúde, Assistência Social e Educação) que se uniram para delinear ações que possibilitem um atendimento mais digno às vítimas. Para Patrícia Nunes Elias, secretária de Assistência Social, o atendimento à mulher vítima de violência requer uma rede integrada de serviços de apoio e o respaldo dos poderes legislativo e judicial. “A política de defesa dos direitos da mulher necessita da participação mais efetiva e interligada dos poderes constituídos, do conselho e da comunidade. Essa questão precisa ser colocada na pauta da sociedade com mais frequência”, afirmou a secretária.

CASO DE POLÍCIA

“A violência é sim um caso de polícia, depois que a saúde foi atendida”, frisou o psicólogo Francisco José Machado Viana, que fez palestra sobre a violência sexual. Segundo ele, a pessoa que sofreu violência sexual tem 72 horas para evitar as doenças sexualmente transmissíveis, bacterianas e virais, evitar gravidez indesejada e deve ter garantidos os medicamentos e os exames definidos no protocolo. Deve ainda, passar pela coleta de material biológico, receber atendimento ambulatorial e ser orientada quanto aos seus direitos legais, tendo o cuidado de preencher boletim de ocorrência.

Viana ressaltou a importância da notificação compulsória pelas áreas de saúde e educação. “A escola deve notificar ao perceber alguma diferença de comportamento da criança ou adolescente. O Conselho Tutelar deve ser notificado. Da mesma forma, o hospital, o Posto 24 horas, a unidade de saúde. Notificar não é denunciar. A regra geral da notificação é: a gente viu, a gente notifica”, explica. O psicólogo aproveitou para chamar a atenção sobre a necessidade de se levantar o número de casos nas cidades para exigir que o Estado cumpra o seu dever. Ao ser questionado por participante, Viana afirmou imediatamente que “exigir boletim de ocorrência antes de atender uma pessoa é inconstitucional”.

DESCRENÇA E MEDO

“Uma série de fatores levam as mulheres a acreditar que não têm controle da situação e a cada novo ciclo, as agressões tornam-se mais violentas”. A fala é da psicóloga e presidente do Conselho dos Direitos das Mulheres de Timóteo, Camila Hanaôka, que relatou que deixar uma relação violenta é um processo lento e particular. “Há sempre a esperança de que o agressor mude o comportamento. Além disso, a mulher tem medo de perder a guarda dos filhos, depende afetiva e econômicamente do agressor. Quem agride impõe uma relação de medo”, conta Hanôka.

DENÚNCIA

Os telefones que podem ajudar no enfretamento da violência contra a mulher são Disque 100 (Direitos Humanos), serviço utilizado para permitir que o cidadão denuncie atos de violência. Criado desde 1997, é um canal de denúncia e articula rede de serviços e parceiros em todo país.

O Disque 180 (Central de Atendimento à Mulher) é um serviço ofertado pela SPM com o objetivo de receber denúncias ou relatos de violência, reclamações sobre os serviços da rede e de orientar as mulheres sobre seus direitos e sobre a legislação vigente, encaminhando-as para os serviços quando necessário. Serviço nacional e gratuito, pode constituir uma importante porta de entrada na rede de atendimento para as mulheres em situação de violência. A denúncia pode ser feita ainda pelo Disque 190 (Polícia Militar) e, no âmbito municipal, através do Centro de Referência Especializado da Assistência Social de Timóteo (CREAS), (31) 3849-6716.

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