Policia

Testemunhas de acusação são ouvidas em Ipatinga

Um micro-ônibus trouxe os policiais civis de Belo Horizonte, onde estão presos     (Crédito: André Almeida)

IPATINGA –
Foram ouvidas judicialmente, nesta terça-feira (26), as primeiras testemunhas do caso da Chacina de Revés do Belém, crime ocorrido em 2011 e que teve como vítimas quatro menores de idade, que tiveram seus corpos abandonados na localidade. Ontem, no Fórum de Ipatinga, foram interrogadas as testemunhas de acusação de quatro policiais civis apontados como executores deste crime.

Os investigadores Leonardo Alves Correa, Ronaldo de Oliveira Andrade, Jimmy Casseano Andrade e José Cassiano Ferreira Guarda acompanharam a sessão, mas não prestaram depoimento. Eles permaneceram durante toda a audiência sentados ao lado dos seus respectivos advogados. Ao todo, oito defensores trabalham neste caso.

Entretanto, a presença dos possíveis autores durante a sessão intimidou testemunhas. Dois parentes dos menores assassinados, que não quiseram se identificar, afirmaram que se sentiram coagidos pelos policiais durante seus depoimentos.

“Não enxerguei nada na minha frente, nem nos lados. Me senti mal depois que aquele homem me encarou”, disse uma das testemunhas referindo-se a um dos civis.

O outro depoente disse que quer esquecer esse caso e planeja uma mudança drástica para se livrar do peso de relembrar o fato que tirou a vida de seu parente: vai se mudar do Estado sem deixar endereço para não ser novamente procurado pelo Poder Judiciário. “Não tenho mais cabeça pra isso”, desabafou.

O CASO

John Enison da Silva, de 15 anos; Nilson Nascimento Campos, de 17 anos; Felipe Andrade, de 15 anos, e Eduardo Dias Gomes, de 16 anos, eram moradores do bairro Caravelas, em Ipatinga, e foram mortos em outubro de 2011. Seus corpos foram encontrados nus e com perfurações de arma de fogo na nuca, na localidade de Revés de Belém, distrito de Bom Jesus do Galho.

Os garotos foram vistos pela última vez por familiares no dia 24 de outubro. Neste dia, eles foram abordados pela Polícia Militar e encaminhados para a Delegacia, onde apedrejaram uma viatura da Polícia Civil. Foi a última vez em que eles foram vistos antes dos corpos serem encontrados. O crime foi investigado pela força tarefa que apurou a causa da morte do jornalista Rodrigo Neto e outros atos infracionais onde as suspeitas recaíam sobre agentes de segurança.

TRASLADO
Para a audiência de ontem, os policiais vieram de Belo Horizonte, onde estão presos, em um micro ônibus da Polícia Civil escoltado por outros agentes. A sessão aconteceu no salão do Tribunal do Júri e pôde ser acompanhada por parentes e amigos das vítimas e também dos réus. Os trabalhos foram presididos pelo juiz da Vara de Execuções Criminais Thiago Gandra e teve como representante do Ministério Público o promotor Francisco Angelo.

A audiência teve início às 9h e durou quase 10 horas. Contudo, não pôde ser finalizada porque uma testemunha essencial para a acusação não compareceu e os advogados dos réus não aceitaram que as testemunhas da defesa fossem ouvidas antes de todas da acusação.

A segunda audiência do caso, que seria realizada hoje também no Fórum de Ipatinga, foi adiada e não há prazo para que venha a ser realizada.

EXCESSO DE PRAZO
Os civis estão presos preventivamente na Casa de Custódia da Polícia Civil, em Belo Horizonte, há mais de seis meses. A defesa estuda entrar com um pedido de habeas corpus até o final desta semana alegando que a prisão dos clientes excedeu os prazos legais.

A Justiça de Caratinga, cidade onde o processo tramita, já negou um pedido de liberdade aos réus. Agora, os advogados dos quatro civis se articulam para pedir a soltura dos presos em segunda instância, na sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) em Belo Horizonte.

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