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Sem saída, opositores de Maduro acionam mecanismos de guerra

Chanceler venezuelano diz que seu país venceria guerra contra o Brasil, após conflito prolongado

O chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, disse recentemente ao UOL, que seu venceria após uma eventual guerra prolongada com o Brasil. A matéria foi publicada na coluna do jornalista Jamil Chade. O clima belicista se instalou na América Latina após convocação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), pelo ministro das Relações Exteriores dos EUA e onde países americanos. Durante reunião em Genebra Arreaza afirmou: “Uma guerra seria longa. Mas a Venezuela venceria”. Antes da convocação do TIAR uma série de eventos e declarações já revelam uma indisposição entre os governos dos dois países. Durante o auge dos conflitos entre o governo e a oposição venezuelana, o Brasil ameaçou entrar no país vizinho escamoteando suas intenções na forma de “ajuda humanitária”.  O Itamaraty e o presidente Jair Bolsonaro, articulados com Washington, fizeram reiteradas manifestações de apoio ao líder oposicionistas Juan Guaidó e contra o governo de Nicolas Maduro.

Rio de Janeiro – Exército faz operação no Complexo da Maré, na zona norte do Rio (Tomaz Silva/Agência Brasil)

TIAR

O Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) foi assinado pelas repúblicas americanas na Conferência do Rio de Janeiro (1947). Este tratado de defesa hemisférica estabelece basicamente que “um ataque armado por qualquer Estado contra um Estado americano será considerado como um ataque contra todos os Estados americanos”, ao mesmo tempo que define os princípios, obrigações e mecanismos que deveriam ser postos em ação em caso de necessidade. O tratado procurava dar um formato permanente às afirmações de solidariedade hemisférica estabelecidas em encontros interamericanos anteriores, especialmente na Conferência do México, dois anos antes (1945).

O avanço das forças de direita na América Latina, capitaneada pelos EUA, e respaldada pelo Brasil, Chile,Colômbia, pelo atual governo argentino e vários outros países tem como principal objetivo a derrubada do governo de Nicolas Maduro na Venezuela. Além de representar uma porta de entrada para Caribe (onde Cuba é outro alvo), a Venzuela é um dos principais produtores da petróleo na americana latina. Do ponto de vista geopolítico e econômico, a deposição de Nicolas Maduro é uma estratégia fundamental para a consolidação da hegemonia neoliberal e fascista na América Latina.

PODER BÉLICO

Durante visita à ONU para encontros sobre a crise venezuelanano, o chefe da diplomacia venezuelana declarou à imprensa internacional que o governo está “preparado para defender o território com nossas armas, milícias e com os 30 milhões de venezuelanos”. “Não vamos ficar com os braços cruzados enquanto estão se preparando para nos atacar”, disse. “Temos a obrigação de defender nosso território e estamos preparados para responder”, garantiu.

Arreaza explicou que exercícios militares foram convocados pelo governo. Mas repetiu pelo menos três vezes que seu país não quer um conflito.

O Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), um tratado de defesa, foi convocado esta semana pelos Estados Unidos e outros onze países americanos para discutir o “impacto desestabilizador” da crise na Venezuela na região.

Chefe da diplomacia venezuelana insiste, contudo, que Caracas não quer um conflito. Mas que, se atacada, terá de se defender.

NA PAUTA

Visitando a ONU para encontros sobre a crise no país sul-americano, o chefe da diplomacia de Nicolas Maduro explicou que exercícios militares foram convocados pelo governo quinta-feira. Mas repetiu pelo menos três vezes que seu país não quer um conflito. Nesta semana, os Estados Unidos e onze outros países americanos convocaram os ministros das Relações Exteriores que fazem parte do tratado de defesa do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) para uma reunião. Na agenda está o “impacto desestabilizador” da crise na Venezuela.

SEM LEGITIMIDADE

Arreaza estima que a iniciativa não tem legitimidade, já que a reunião foi chamada por uma delegação de Juan Guaidó, o auto declarado presidente interino venezuelano reconhecido pelo Brasil, EUA e outros governos. Mas admite que o gesto “é perigoso, pois o espirito implica que ativaram mecanismos para atacar militarmente”. O que significa isso tudo é que a ameaça militar contra a Venezuela não é apenas de Washington. Mas também da Colômbia e Brasil. “Jamais agrediríamos um país-irmão. Isso está descartado. Mas iremos nos defender”, garantiu. “O presidente Maduro anunciou exercícios militares, que estão ocorrendo neste momento”, disse.

O chanceler lembrou que, dos 34 países da OEA, apenas doze aprovaram a proposta, já que alguns se recusaram a aceitar a convocação da reuniões e outros já tinham abandonado o mecanismo nos últimos anos.

PRONTIDÃO

Horas depois de conversar com o UOL, o chefe da diplomacia venezuelana declarou à imprensa internacional na ONU que o governo está “preparado para defender o território com nossas armas, milícias e com os 30 milhões de venezuelanos”. “Não vamos ficar com os braços cruzados enquanto estão se preparando para nos atacar”, disse. “Temos a obrigação de defender nosso território e estamos preparados para responder”, garantiu.

FRONTEIRA

“[Os americanos] não entendem o patriotismo dos venezuelanos. Os reis da Espanha tampouco nos entenderam”, disse Arreaza, que também rejeitou a tese de que, ao colocar 150 mil soldados nas regiões mais próximas da fronteira da Colômbia, Caracas estaria “provocando” Bogotá. “Quem é que está de provocação? Quem é que acionou o TIAR?”, atacou. Segundo o chanceler, Caracas passou para a inteligência do presidente Ivan Duque dados e endereços de locais no território colombiano onde paramilitares e ex-soldados venezuelanos estariam treinando para atacar a Venezuela. Mas nada foi feito.

Apesar dos ataques e ameaças, o ministro insiste que continua disposto a negociar e dialogar, inclusive com Duque, para evitar um conflito.

ABRIGO DE TERRORISTAS

Em Washington, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, tentou descartar a hipótese de um conflito. “Não significa ação militar, de forma nenhuma, não é isso que nós queremos, o Tiar não é simplesmente um acordo de ação militar, é um acordo para ação coletiva diante de ameaças à segurança, como claramente é. O chanceler da Colômbia, se não me engano, fez uma apresentação muito clara nesse sentido, com o fato de o regime Maduro estar abrigando terroristas”, afirmou Araújo.

Arreaza, em Genebra, alertou que o tratado jamais representou “uma proteção ao povo latino-americano”. “Esse é um instrumento para controlar todo o continente americano e para que os EUA possam invadi-lo”, declarou. O venezuelano lembrou que a Argentina foi o único país sul-americano a recorrer do tratado, em 1982, na Guerra das Malvinas. Mas apontou como Washington optou por apoiar o Reino Unido.

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