Cidades

Pressão política fez governador emancipar Ipatinga e Timóteo

Em janeiro de 1963, o governador Magalhães Pinto redigiu uma carta à comissão de pró-emancipação de Ipatinga e Timóteo para justificar o veto ao desmembramento

(Da Redação) – Apesar de ser uma região com boas perspectivas financeiras e de desenvolvimento na década de 50, em função da indústria do aço existentes em Timóteo e ainda sendo construída em Ipatinga, os comerciantes e moradores dos dois distritos almejavam a emancipação.

Várias foram as tentativas de pôr em prática esse pedido junto ao governo de Minas Gerais. Foram criadas duas comissões pró-emancipação, uma de Ipatinga e outra de Timóteo e em 1962 foi feito o primeiro pedido formal direcionado ao governador Magalhães Pinto.

Logo em janeiro de 63, o requerimento de emancipação foi vetado. Para justificar sua atitude, o governador redigiu uma carta aos integrantes da comissão esclarecendo os motivos de sua decisão.

“Se desmembrado e repartido o centro populacional dos dois parques siderúrgicos, Ipatinga e Timóteo, quebrar-se-ia a unidade política, administrativa, econômica e financeira que constitui fator precípuo na formação da comunidade harmônica que nos cumpre construir, ampliar e preservar”, alegou.

Ainda no documento, Magalhães ressaltou que a unidade era indispensável para acelerar o desenvolvimento ordenado das duas localidades até então pertencentes a Coronel Fabriciano.

QUESTÃO SINDICAL
Ele também acreditava que manter os dois centros industriais ligados territorialmente era uma forma de evitar a presença de outros sindicatos. “Para se obter e colher a máxima eficácia na assistência ao trabalho e aos trabalhadores, quer prevenindo a multiplicidade de sindicatos e a consequente dificuldade nos entendimentos entre as empresas e os dirigentes sindicais, quer evitando a formação das cidades desiguais e a insatisfação provocada pelos desníveis nas condições econômicas de vida e moradia dos operários”, justificou o governador.

Após discorrer sobre seus motivos, Magalhães Pinto prometeu voltar a examinar o pedido de emancipação na próxima divisão administrativa que seria realizada ainda em 1963.

“O exame poderá fazer-se mais acuradamente, através de órgãos especializados, à vista de novos processos de emancipação, melhor instruídos com elementos concretos e dados globais e técnicos que visem a dar solução aos problemas apresentados, maiores e mais graves sem dúvida, quando se originam de aglomerados humanos em torno de indústrias básicas, em que tem Minas e o Brasil instrumento de suma importância na sua caminhada para a conquista de dias melhores”, finalizou.

ENCONTROS
Nessa época, ir a Belo Horizonte era possível apenas de ônibus. A viagem durava quase o dia todo. Os passageiros embarcavam pela manhã e só chegavam à capital mineira no final da tarde.

O pioneiro Walter de Lima Salles contou que na primeira reunião no gabinete do governador Magalhães Pinto foi possível mobilizar muitos comerciantes que já integravam a Associação Comercial, fundada em 1961.

Após a negativa do governador, a comissão pró-emancipação de Ipatinga passou a contar com a mobilização de Jaci Lacerda, Manoel Simão, Elias Correa e o próprio Walter. Os quatro acabaram se encontrando com Carlos Lacerda no final de 63. Foi quando o pedido de emancipação surtiu o efeito desejado.

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