Cidades

Preso mais um policial civil

 Cena do crime em que foram executados dois jovens em Ipabinha, 2010

IPATINGA – Em cumprimento a mandado de prisão expedido pela justiça, foi preso nesta sexta-feira (10), em Nova Lima, um policial civil de Ipatinga suspeito de envolvimento em pelo menos um dos 14 crimes investigados no Vale do Aço. Fabrício Quenupe havia sido transferido para a Região Metropolitana de Belo Horizonte no ano passado, depois de um escândalo de corrupção dentro da Polícia Civil.
O mandado cumprido se refere a uma acusação de um duplo homicídio ocorrido em 2010, enquanto Quenupe ainda era investigador na 1ª Delegacia Regional de Ipatinga. Outro investigador, Ronaldo Correa que já se encontra preso na Casa dos Policiais em Belo Horizonte também é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil de envolvimento no mesmo crime.
A prisão de Fabrício foi confirmada em nota pela assessoria de comunicação da Polícia Civil e pelo Chefe do Departamento de Investigação de Homicídio e Proteção a Pessoa de Belo Horizonte (DIHPP), Vagner Pinto. Com as novas prisões subiu para sete o número de agentes detidos. Um deles acabou sendo solto por determinação judicial, solicitada pela própria Polícia Civil.

O CRIME
O duplo homicídio pelo qual o detetive está sendo investigado foi descoberto em julho de 2010. Os corpos de dois jovens foram encontrados em meio a um matagal às margens de estrada vicinal próximo do Córrego Boa Vista, em Ipabinha. As vítimas foram executadas com dois tiros na cabeça e os cadáveres já se encontravam em avançado estado de decomposição e nus.
Um dos rapazes morto era o lavador de carros Marcos Vinícius Lopes de Oliveira, de 18 anos. O jovem desapareceu no último dia 25 de junho daquele mesmo ano depois de ter sido abordado pela Polícia Militar, tentando vender um produto furtado. Na ocasião, ele teria sido levado à 1ª DRPC e não foi mais visto. No entanto, a assessoria da PM negou à época que o lavador de carros tivesse sido conduzido à delegacia.
O outro corpo encontrado era de Glauco Antônio Lourenço, de 22 anos. Em 2008, o rapaz chegou a ser preso acusado de um latrocínio – roubo seguido de morte da vítima -. Glauco teria invadido um sacolão no bairro Canaãzinho e anunciado o roubo para uma funcionária do estabelecimento. O aposentado Domingos Couto de Barros, 78 anos, que estava no local pediu que ele não atirasse na comerciante. O bandido então teria virado a arma e com um único tiro acertou o peito do aposentado, que morreu na hora.

TRANSFERÊNCIAS
Em 12 de junho de 2012, a Corregedoria da Polícia Civil recomendou a transferência de três investigadores do Vale do Aço, entre eles Fabrício Quenupe que foi designado para o plantão de Nova Lima. Ele foi transferido depois de um escândalo envolvendo um suposto esquema de corrupção dentro da Polícia Civil de Coronel Fabriciano.
O escândalo ocorreu logo depois que o soldador Natanael Alves, 25 anos, denunciou que policiais militares o haviam torturado. No entanto, um dia depois a suposta vítima negou a tortura e disse que após ser conduzido para a Delegacia de Ipatinga por policiais militares por uma ocorrência de tráfico de drogas teria sido obrigado por policiais civis a contar que fora vítima de tortura, em troca de sua liberdade.
A suposta tortura conhecida como “O caso Natanael”, provocou uma crise entre as polícias civil e militar à época e culminou no afastamento e posteriormente na aposentadoria do então delegado regional João Xingó. Já Natanael foi misteriosamente assassinado no dia 28 de outubro do ano passado.
O inquérito da morte do soldador está sendo conduzido por uma equipe da Delegacia de Homicídios de Betim. A última informação repassada pela Assessoria de Imprensa da Polícia Civil sobre o caso era de que o inquérito estava em segredo, mas que as investigações estavam avançadas.
À época das transferências, o então delegado do 12º DPC, Walter Felisberto, afirmou que não havia mais clima de harmonia entre as polícias civil e militar, e que por isso a transferências do policiais civis era o melhor a ser feito em “nome da segurança pública no município”.

VEREADOR
A justiça também expediu um mandado de prisão para o vereador Elton Correa (PT), Santana do Paraíso, também investigador da PC. O parlamentar deverá se apresentar voluntariamente à Polícia Civil de Belo Horizonte nas próximas horas.
Quando ainda era detetive, Elton teve sua transferência decretada para Sabará, mas, entrou com pedido de Licença de Interesse Particular (LIP) de 2 anos, e após ser concedida passou a trabalhar incessantemente em sua campanha para vereador nas eleições 2012. O detetive foi eleito com 413 votos, o quarto vereador mais votado de Santana do Paraíso.

 

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