Cidades

Presidente da Usiminas demonstra otimismo com cenário econômico

Sérgio Leite anuncia investimento de R$ 1 bi, reforma do AF-3, defende medidas do governo Bolsonaro na economia e diz que mudanças na gestão da empresa são salutares

IPATINGA – O presidente da Usiminas, Sérgio Leite, fez uma avaliação do cenário econômico nacional durante encontro com jornalistas do Vale do aço e se mostrou otimista, embora os números e projeções indiquem que os resultados não serão os esperados, principalmente em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). No encontro, Sérgio Leite apresentou o novo Diretor de Produção da Usina de Ipatinga, Américo Ferreira Neto, que atua há 29 anos na Usiminas. Ele era diretor de produção da Usina de Cubatão (SP).

Leite também comentou a atual fase da empresa e novos investimentos que serão feitos em Ipatinga, entre os quais a reforma do Alto-Forno 3, prevista para 2021.

O presidente da Usiminas citou a “mais longa recessão da história econômica do País”, referenciando-se nas sucessivas quedas do PIB, na queda de consumo de aços planos e na redução das perspectivas do PIB para este ano, cuja expectativa já foi reduzida várias vezes, conforme o boletim Focus, o que conforme ele, é insuficiente para a retomada do crescimento econômico e também da produção de aço, que andam juntas. “A Usiminas já baixou sua expectativa de crescimento da produção de aço”, informou.

O presidente da Usiminas, Sérgio Leite (ao centro), acompanhado de Luiz Márcio, Américo Ferreira Neto, novo diretor de produção da Usina de Ipatinga, e Túlio Chipoletti

PIB

O Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central (BC) contendo as perspectivas de economistas e instituições financeiras consultadas pela autoridade monetária, reduziu as perspectivas acerca do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2019. De acordo com o levantamento, o Brasil deve avançar, no ano, 2,28%, 0,02 ponto percentual abaixo da previsão da semana anterior. Apesar da redução, a expectativa para avanço econômico do país, em 2020, passou de 2,70% para 2,80%. Já a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que o país crescerá 1,9% este ano, contra 2,1% na projeção anterior. Outras análises apontam para um PIB de 1,7% e até 1,3%.

EXPECTATIVA

Apesar da recessão e da falta de acenos do governo em relação à retomada do crescimento econômico, Leite defendeu o governo Bolsonaro que, segundo ele, “tem trabalhado fortemente” para melhorar a situação econômica. Ele citou o sucesso de privatizações como dos aeroportos e ferrovias, o recente lançamento das medidas do Simplifica, que beneficia pequenas e médias empresas, e os esforços para redução do preço do gás.

Depois de um período de crise no setor siderúrgico que se acentuou em 2016, Sérgio Leite disse que a companhia vive outro momento, mais próspero. “Achávamos que a Usiminas era indestrutível, mas em 2016, o risco de quebrar foi real. Em 2019, trabalhamos com a construção da perenidade, mas este não é um projeto fácil, porque temos que construí-lo todo dia”, disse, ressaltando que a usina de Ipatinga é a principal operação do grupo Usiminas e também “foi onde tudo começou”, numa referência aos 56 anos da empresa e aos 55 anos da cidade, comemorados no último dia 29 de abril.

ENTRAVES

Com boa interlocução junto ao governo Bolsonaro, com quem já se encontrou algumas vezes, Sérgio Leite diz que já teve a oportunidade de se manifestar sobre os “gargalos” que entravam o desenvolvimento econômico no País, entre os quais enumera a deficiência de infraestrutura, o custo trabalhista, o baixo consumo de aço na construção civil e dificuldades para as exportações, o que acaba influenciando na baixa competitividade para a expansão do mercado externo. “Historicamente, em 56 anos, nosso foco sempre foi o mercado interno. Poderíamos exportar mais se não tivéssemos estes problemas”, afirma, citando como exemplo a BR-381. “A infraestrutura é um desastre, como se pode ver pela BR-381. Quando ficar pronta, vai ficar boa, mas ninguém sabe quando vai ficar pronta”.

INVESTIMENTO

Leite falou sobre os investimentos de R$ 1 bilhão que a empresa pretende fazer a partir deste ano, até 2021, quando o Alto-Forno 3 será reformado após 21 anos em operação. O equipamento será apagado em 2021 e deverá permanecer em manutenção durante cerca de 100 dias.

Além do AF-3 outros recursos serão investidos em projetos de transformação digital e indústria 4.0. “Criamos a Diretoria de Inovação para promover transformações em todos os níveis, desde pequenas a grandes mudanças”, disse.

Ainda em relação ao novo momento da siderúrgica, Sérgio Leite falou sobre a harmonia entre os acionistas, depois de um período de conflito entre os sócios majoritários. “A relação, o entendimento, a coesão é muito grande. A construção de resultados da companhia conduziu ao acordo definitivo dos acionistas e prova disso é a unanimidade em todas as decisões” sublinhou Sérgio Leite.

JOB ROTATION

Durante o encontro com os jornalistas, Sérgio Leite falou também sobre as trocas de executivos nos altos escalões da companhia, conforme o programa de “job rotation” implantado pela empresa e que já resultou na troca de vários executivos. É o caso do novo diretor de Produção da Usina de Ipatinga, Américo Ferreira Neto. “A Usiminas era uma empresa conservadora e a mobilidade de seus executivos era baixíssima, com executivos há mais de 20 anos no mesmo cargo. Depois de 10 anos não há mais desafios, então a mudança é salutar. O ideal é trocar de 4 em 4 anos, mas pode-se chegar a 6 anos, no máximo 8. Claro que é uma movimentação que se faz com executivos, não dá para trocar um especialista em solda, por exemplo”, disse.

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