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Polícia Civil descobre novo golpe no seguro DPVAT

Na certidão de óbito falsa consta que a vítima teve um traumatismo; já o documento verdadeiro diz que a vítima foi assassinada   (Crédito: Divulgação PC)

IPATINGA
– A Polícia Civil de Ipatinga indiciou três pessoas acusadas de adulterar documentos oficiais do Estado para fins indenizatórios do Seguro DPVAT. Os nomes não podem ser divulgados para preservar o andamento das investigações. Mas, entre os envolvidos está um advogado de renome da cidade e que aparece pela segunda vez no esquema fraudulento.

O golpe está sendo investigado pelo delegado Gilmaro Alves. Conforme o inquérito policial uma empresa seguradora foi acionada para indenizar a família de Washington Cardoso de Souza, que supostamente se envolveu em um acidente fatídico de trânsito em fevereiro de 2010.

Ao pedido de indenização foram anexadas cópias do Boletim de Ocorrência, laudo do IML, certidão de nascimento, porém todos com adulteração que davam a entender que Washington havia morrido em um acidente.

No entanto, um ano depois a seguradora – no caso a vítima -, percebeu que havia indícios de adulteração na Certidão de Óbito. O documento anexado ao pedido de indenização consta apenas o nome da mãe de Washington e que ele morreu de traumatismo craniano em decorrência do acidente. Já o laudo original emitido pelo Cartório de Registro consta o nome do pai da vítima e diz que ela morreu assassinada a tiros.

FRAUDES
De acordo com as investigações da polícia, o atestado de óbito foi falsificado no campo em que informa a causa da morte, já que o documento original afirma que a morte de Washington se deu por “hemorragia torácica interna por lesão pulmonar provocada por projétil de arma e não por traumatismo craniano”.

Para a polícia não restam dúvidas de que a ocorrência policial juntada ao pedido de indenização também seja falsa. O documento apresentado pelos golpistas diz tratar-se de uma operação da PM. No documento falso ainda aparecem nomes de policiais militares que teriam trabalhado no falso acidente. Mas a Polícia Civil descobriu que os números de matrículas e os nomes dos militares foram inventados.

DEPOIMENTOS
Em depoimento prestado à Polícia Civil um dos homens acusados disse que em 2010 procurou pela mãe de Washington e informou que ela tinha o direito de receber o seguro DPVAT devido ao acidente de seu filho. O depoente ainda disse que as informações sobre o acidente foram repassadas por S.S.L., funcionário de um escritório de advocacia.

O homem disse que de posse dos documentos arranjados pelo funcionário do escritório providenciou o recebimento junto ao Seguro DPVAT em acordo com o advogado, que também foi indiciado neste processo.
O suspeito disse que não se recorda da mãe de Washington ter dito que o filho havia sido assassinato e que de fato chegaram a receber o seguro DPVAT – valor que segundo ele foi depositado na conta da mãe da vítima. Para a polícia o mais estranho é que o cartão de recebimento ficou na posse de S.S.L.

ESQUECIMENTO
Esta não é a primeira vez que o mesmo advogado aparece em esquema fraudulento de Seguro DPVAT. O acusado foi ouvido pela polícia e limitou-se a dizer que “não se lembrava do caso”.

De acordo com o delegado Gilmaro Alves, no passado, o mesmo advogado aparece em investigações semelhantes. Em uma delas a polícia chegou a fazer busca e apreensão no escritório de advocacia e na residência dele e na de seu funcionário S.S.L.

Durante as buscas, com o funcionário foram encontrados diversos objetos como laudo de Corpo de Delito autenticado em cartório com a parte de assinatura do médico cortada; três boletins de ocorrência da Polícia Militar originais e várias guias para realização do exame de corpo de delito preenchidas e com assinatura falsa do Delegado de Trânsito.

TESTEMUNHA MORTA
“Ora, dentre os vários documentos em vias de falsificações apreendidos, foi encontrado também uma certidão original de nascimento em nome de Washington, o que demonstra que o grupo de fato estava por trás das documentações envolvendo a pessoa mencionada”, disse o delegado.

Com o funcionário do advogado também foi encontrada uma certidão de nascimento original em nome de Jorge Ferreira da Costa, que segundo a polícia é outra pessoa que foi assassinada em Ipatinga e que também teve o seguro DPVAT solicitado junto à empresa seguradora. “E, curiosamente, na ocorrência falsificada de Washington quem aparece como testemunha é justamente o falecido Jorge Ferreira”, finalizou o delegado Gilmaro.

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