Lixo na Alameda 31 de Outubro, no Centro de Acesita, esperando recolhimento: situação pode se agravar (Crédito: André Almeida)
TIMÓTEO – Até o dia nove de novembro, 92 funcionários da empresa Consita, que presta serviços de limpeza urbana na cidade, serão demitidos. Os trabalhadores atualmente cumprem aviso prévio. A Consita possui contrato com o Governo Sérgio Mendes, que optou pela redução da equipe.
Após as demissões, a Secretaria de Obras, Serviços Urbanos e Habitação da Prefeitura de Timóteo planeja manter 75 funcionários atendendo todo o município.
Entre os funcionários colocados de aviso prévio, estão trabalhadores da coleta seletiva da cidade. Eles são responsáveis pelo recolhimento de material reciclável e envio à Associação de Catadores de Timóteo (Ascati), para que seja dada a destinação correta. Com o desligamento destes funcionários, a previsão de Leandro Barbosa da Silva, coordenador da geral da Ascati, é pessimista: “Vai atrapalhar muito o nosso trabalho. Sem esses ajudantes, quem vai colocar (os resíduos) no caminhão e trazer para a gente?”, questionou.
Leandro explicou também que o Governo empresta para a entidade um veículo para o recolhimento do material reciclável e mesmo que a Prefeitura mantenha o caminhão com a Associação, o trabalho não poderá ser feito. “Temos 19 membros, três homens e o restante mulheres. É inviável tirar alguém daqui para fazer a coleta no município”, afirmou.
Além do número reduzido de catadores, o coordenador da entidade avalia que ninguém irá querer fazer um trabalho para o Governo sem receber pagamento por isso.
EDUCAÇÃO
Além da limpeza urbana, outro setor está correndo riscos em Timóteo: o da educação. Professores e intérpretes de libras das escolas do município também foram colocados de aviso prévio e deverão ser mandados embora até a próxima semana. As instituições municipais ficarão sem os profissionais no último bimestre letivo.
OLHO VIVO
Segurança é um outro assunto que preocupa os moradores de Timóteo. Ontem (31), representantes da empresa responsável pelo Olho Vivo na cidade, a Emive, com sede em Belo Horizonte, estiveram no município com a intenção de negociar o pagamento das parcelas em atraso. Eles se reuniram com uma comissão de secretários e foram informados das dificuldades financeiras na cidade e ainda não receberão um tratamento diferenciado pelo Governo Sérgio Mendes (PSB). Um novo encontro entre as duas partes ficou agendado para a próxima semana. A empresa ameaça cortar o serviço, caso não seja apresentado um plano de pagamento.
‘CRISE’
A Prefeitura de Timóteo justificou as demissões e falta de pagamento do Olho Vivo com o motivo de sempre: queda na arrecadação. De acordo com o Governo, as transferências realizadas pelo Estado aos municípios relativas ao Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) sofreram “uma queda de 34% em 2011, em relação ao índice de 2010, o que representa uma redução na receita de R$ 22 milhões”.
Em 2012, ainda de acordo com a Prefeitura, a situação piorou, uma vez que o Valor Adicionado Fiscal sofreu uma redução de 20%, diminuindo a participação para 0,55% sobre a arrecadação do ICMS do Estado, resultando em uma queda de R$ 12 milhões na arrecadação.
Também segundo o Governo de Timóteo, a cidade sofreu com a diminuição nas receitas das Transferências do Fundo de Participação dos Municípios, devido à redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos automotores e também das indústrias da linha branca, o que contribuiu para a redução na Receita nos meses de junho, julho e agosto deste ano.
IPATINGA
Servidores demitidos, limpeza urbana ameaçada, câmeras do sistema de segurança Olho Vivo desligadas. A situação de Timóteo lembra o caos que se instalou na cidade vizinha, sob a administração do prefeito Robson Gomes (PPS). Em Ipatinga, a concessionária de limpeza urbana, a Vital Engenharia, teve que demitir cerca de 300 funcionários, depois de infrutíferas tentativas de negociação com o inadimplente poder público municipal. O resultado foi acúmulo de lixo por toda a cidade. As câmeras do Olho Vivo também foram desligadas por falta de pagamento.
Só que, em Ipatinga, os problemas apareceram há muito tempo, inviabilizando qualquer tentativa de Robson disputar a reeleição.
Em Timóteo, a administração conseguiu “maquiar” a crise até 7 de outubro, já que o prefeito Sérgio Mendes disputou a eleição. Dias depois, anunciou a demissão de ocupantes de cargos comissionados. E agora, há menos de um mês do pleito, a administração coloca 92 funcionários da limpeza urbana de aviso prévio. Pelo visto, a crise se agravou – e muito – depois da eleição.
