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PMDB troca liderança na Câmara em novo revés para o governo

O deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) assume a liderança do partido na Câmara

BRASÍLIA
– O governo sofreu um novo revés na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, imposto pela maioria dos deputados do PMDB que decidiu trocar a liderança da bancada, antes alinhada ao Executivo, justamente no momento em que o Planalto precisa de aliados na Casa para barrar a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Deputados do PMDB protocolaram um requerimento em que mais da metade da bancada pediu a saída de Leonardo Picciani (RJ) da liderança e anunciaram que o novo líder será Leonardo Quintão (MG). Sob a promessa de chamar todos os integrantes de um dos maiores partidos da Casa para conversas, o novo líder do PMDB afirmou que qualquer posicionamento da bancada será tomado a partir do sentimento da maioria de seus membros. Questionado sobre o posicionamento em relação à abertura do processo de impeachment, Quintão limitou-se a repetir que a decisão será tomada a partir da maioria da bancada.

LINHA DE TIRO

A atuação de Picciani passou a enfrentar resistências na bancada, principalmente durante a discussão de indicações de nomes do partido para uma reforma ministerial em outubro. Ao adotar postura mais alinhada ao Planalto, entrou na linha de tiro de dissidentes do PMDB que, aliados à oposição, apresentaram uma chapa alternativa para a composição de uma comissão especial que analisará a abertura de processo de impeachment da presidente. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que rompeu com o governo em julho, foi um dos 35 nomes que assinaram o documento pela troca da liderança. (Reuters)

Leonardo Quintão é alvo de denúncias

A mudança e o rearranjo que colocam Leonardo Quintão na liderança do partido na Câmara ocorrem no momento em que ele é bombardeado por denúncias de favorecimento às mineradoras na elaboração do novo Código da Mineração, do qual é relator. Segundo as denúncias, o documento oficial do projeto de lei proposto por deputados federais para o novo Código da Mineração, que define as regras do setor, foi criado e alterado em computadores do escritório de advocacia Pinheiro Neto, que tem como clientes mineradoras como Vale e BHP.

As mudanças feitas a partir das máquinas do escritório vão de tópicos socioambientais a valores de multas em caso de infrações. O valor máximo da “multa administrativa simples” para empresas mudou três vezes: no original era de R$ 1 milhão, depois passou a R$ 5 bilhões, e terminou fixada em R$ 100 milhões. Dados criptografados do arquivo revelam que o conteúdo foi criado em um laptop do escritório Pinheiro Neto e modificado em pelo menos cem trechos por um de seus sócios, o advogado Carlos Vilhena – apesar de ser assinado pelo deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), relator do projeto de lei.

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