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Pesquisa testa alternativa para reduzir efeito colateral de tratamento oncológico

Objetivo do estudo é amenizar desconfortos intestinais causados por medicação para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e diminuir abandono de tratamento

BH – O Brasil, em 2020, registrou a marca de 626.030 casos de câncer, de acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Para ajudar no tratamento da doença, diversas estratégias são utilizadas: quimioterapia, radioterapia e medicamentos antineoplásicos, como o 5-Fluoracil (5-Flu).

Essa medicação, entretanto, pode induzir a mucosite intestinal, uma espécie de inflamação no intestino que causa enjoos, dor abdominal e diarreia em pacientes durante o tratamento. Para aliviar esses sintomas, a professora do Departamento de Ciências Biológicas do CEFET-MG Mariana Drumond vem pesquisando, ao lado da estudante de Biologia Carla Martins Silva (UFMG) e da professora Pamela Mancha-Agresti (Faminas), formas de aliar o tratamento contra o câncer ao consumo de bactérias benéficas para o intestino.

MICRO-ORGANISMOS

A ciência, atualmente, tem feito uma associação entre os micro-organismos que compõem naturalmente nosso corpo (microbiota indígena ou endógena) com a saúde, explica a professora Mariana. Nessa microbiota, por um lado, existem os micro-organismos probióticos, capazes de trazer benefícios para a nossa saúde. Por outro lado, o consumo de fibras (prebióticos) estimulam esses micro-organismos a agir e promover o bem-estar do indivíduo. “A partir disso, avaliamos o potencial de uma mistura simbiótica (associação de um microrganismo probiótico com um prebiótico) na atenuação dos sintomas da mucosite intestinal, um dos principais efeitos colaterais da terapia anticâncer”, detalha.

TESTES

Os testes foram conduzidos em camundongos machos, obtidos no Centro de Bioterismo do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Os animais foram divididos em seis grupos e receberam uma dose única do 5-FU, explica Carla. “Nós usamos o medicamento apenas para induzir a mucosite nos animais, simulando a doença que os pacientes que consomem esse medicamento para tratar o câncer padecem no trato gastrointestinal. Nossa hipótese é que o uso de uma formulação simbiótica é capaz de reduzir os sintomas da mucosite intestinal, que incluem dor abdominal, enjoo e, do ponto de vista fisiológico, leva a uma destruição da mucosa intestinal, que interfere diretamente na absorção de nutrientes, fazendo com que parte dos pacientes interrompa o tratamento e, assim, o câncer agrave”, completa a professora Mariana.

FATORES

Fatores como massa corporal, consumo de alimentos e água, comprimento intestinal, entre outros, foram avaliados nos animais, que foram tratados, após a administração da droga, com probióticos e prebióticos, isoladamente e em conjunto. “O que verificamos é que, quando eles são associados, apenas um dos parâmetros relacionados ao processo inflamatório é melhorado, quando comparado aos resultados encontrados para eles individualmente”, finaliza.

Os dados foram apresentados durante a 16ª Semana C&T do CEFET-MG e a pesquisa foi premiada na categoria Ciências Biológicas e da Saúde. Acesse o vídeo e conheça outros detalhes sobre o experimento, explicados pela pesquisadora Carla Martins. (https://www.youtube.com/watch?v=uzQI0zVwFSM&list=PLmGRWiqPB64rUUwUx3z3E1_5OE3nAGJs-&index=3)

PROBIÓTICOS E SAÚDE HUMANA

Além de ser alternativa que pode aliviar sintomas dos tratamentos contra o câncer, os probióticos também funcionam como uma “barreira” que protege o organismo de agentes do ambiente externo, produzindo substâncias antimicrobianas, como bacteriocinas, ácidos acético e láctico, que exercem efeitos contra bactérias causadoras de doenças. “Importante salientar a forte relação que existe entre o intestino, mas especificamente, entre esses microrganismos e outros órgãos e tecidos, dentre os que se podem destacar a pele e o cérebro.  Daí a importância de uma microbiota saudável”, orienta a professora Mariana Drumond.

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