Cidades

Para políticos, desligamento de alto-forno é preocupante

IPATINGA – A decisão da Usiminas de desligar o alto-forno nº 1 da Usiminas em Ipatinga a partir do próximo dia 4 foi comentada ontem por pelos deputados petistas Gabriel Guimarães (federal) e Durval Ângelo (estadual), além do presidente da Câmara de Ipatinga Sebastião Guedes. Eles consideram a situação preocupante. Além de demissões, o desligamento do equipamento siderúrgico vai reduzir a produção em 120 mil toneladas/mês, impactando na arrecadação e no conjunto da economia do município e região. Não há previsão para o religamento do alto-forno nº 1.

BRIGAS
O deputado Durval Ângelo reconhece que existe uma conjuntura mundial desfavorável à produção nacional de produtos siderúrgicos, mas atribui parte dos problemas às brigas internas entre acionistas, particularmente, entre os grupos controladores argentino e japonês, fator que, segundo ele, deteriora a gestão da companhia.

“Entendemos que algumas dinâmicas são próprias da economia internacional, uma área em que estamos tendo problemas por causa da baixa demanda e da alta concorrência. Mas há também a dinâmica de um desencontro entre os próprios empresários que estão na Usiminas, que estão digladiando entre si, que estão brigando no Judiciário, que tem um histórico, uma tradição de desencontros. Se eles se reconciliassem, se chegassem a um acordo, os dois grupos que controlam a Usiminas, ajudariam muito na saúde financeira da siderúrgica, facilitaria muito o trabalho da presidenta Dilma Rousseff”, disse o deputado.

MOMENTO DIFÍCIL
Para o deputado federal Gabriel Guimarães, que preside a Comissão Especial do Novo Marco Regulatório Mineral, o desligamento do alto-forno se deve a um ajuste na redução da produção da Usiminas, em face de um ajuste também na demanda do setor siderúrgico nacional.

“A gente tem acompanhado uma dificuldade muito grande no setor mineral em si e no setor siderúrgico não é diferente. É um momento difícil que o País está passando e o governo federal está adotando medidas para se ajustar a este momento, que é passageiro, mas que deve ser observado com cautela. O setor produtivo, a indústria e o poder público precisam tomar medidas que coloquem o País nos trilhos neste momento”, disse o deputado.

CRISE PASSAGEIRA
“O desligamento do alto-forno é um fato que causa preocupação, mas a gente a tem convicção que isso é passageiro”, prevê Gabriel Guimarães.

O deputado destaca ainda que quando o governador Fernando Pimentel foi ministro da Indústria e Comércio ele buscou incentivar e estimular o setor siderúrgico. “Tanto a Aperam quanto a Usiminas foram valorizadas, beneficiadas e reconhecidas através da adoção de medidas anti-trust e anti-dumping, combatendo mercados que atuavam de forma prejudicial ou anti-concorrencial à nossa indústria”, lembrou.

“O governo tem tomado as medidas adequadas ao momento e o desligamento do alto-forno não é uma medida definitiva da indústria. É uma medida temporária, não para companhia aumentar seu estoque, mas equilibrá-lo de acordo com a demanda atual”, ponderou o deputado.

SUPERAÇÃO
O presidente da Câmara de Ipatinga, Sebastião Ferreira Guedes, demonstrou preocupação diante das medidas anunciadas pela Usiminas para enfrentar a atual crise do setor siderúrgico nacional. De um lado, conforme Guedes, estão milhares de trabalhadores, e, de outro, o município, que tem na empresa sua maior fonte de receita.
Guedes espera que os ajustes que estão sendo feitos pelo governo federal tenham efeito positivo, e que logo o setor siderúrgico consiga se recuperar. “A situação é complicada, mas esperamos que logo se normalize, e que a Usiminas consiga buscar novos mercados e clientes.”

“É um momento complicado, mas acreditamos na força da Usiminas e na sua capacidade de enfrentar o atual momento. A empresa já enfrentou situações piores, e acreditamos que, mais uma vez, conseguirá dar a volta por cima. Esperamos que a direção da empresa adote medidas capazes de preservar os empregos de seus milhares de trabalhadores, diretos e indiretos, e de amenizar o impacto sobre a arrecadação do município”, conclui o presidente da Câmara de Ipatinga.

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