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Obama quer mais controle sobre a venda de armas

EPA/Michael Reynolds/Agência Lusa

BRASÍLIA – O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou ontem (5) medidas executivas para controlar a venda de armas ao público, considerando-as urgentes para evitar as cerca de 30 mil mortes anuais provocadas por incidentes com armas de fogo.

Uma das principais medidas propostas por Obama exige que qualquer pessoa com negócios relacionados com a venda de armas esteja registrada, que obtenha uma licença federal e que assuma a obrigação de verificar registros criminais e de saúde mental dos compradores.

URGÊNCIA
Numa intervenção emocionada na Casa Branca, acompanhado por familiares de vítimas de atos violentos com armas de fogo, Obama disse que os Estados Unidos têm vivido “demasiados tiroteios” nos últimos anos, destacando que é algo que não ocorre em outros países desenvolvidos.

“Temos de ter um sentido de urgência” no controle do comércio de armas, “porque todos os dias morrem pessoas” vítimas de armas de fogo, afirmou o presidente, lamentando que, “em vez de pensar como resolver o problema”, a questão foi “polarizada”, numa referência clara às duras críticas apresentadas pelos republicanos, que controlam o Congresso.

O presidente norte-americano insistiu que suas medidas não são “um conluio” para, como afirma a maioria republicana, restringir o direito de aquisição de armas reconhecida pela Segunda Emenda da Constituição dos Estados Unidos.

“Sabemos que não podemos travar cada ato de violência, cada ato de maldade no mundo, mas talvez possamos evitar um”, acrescentou Obama, argumentando que o povo norte-americano não pode continuar a ser “refém” do lobby das armas”.

FORA DO ALCANCE
Até agora, apenas os vendedores de armas com licença federal estavam obrigados a verificar os antecedentes dos compradores. As regras atuais não abrangiam os mercados informais como feiras ou os sites na Internet.
As medidas apresentadas por Obama têm caráter limitado, uma vez que conselheiros presidenciais consideram que ações como estabelecer unilateralmente a universalidade da verificação dos antecedentes ou proibir os carregadores de munições de alta capacidade ultrapassam a autoridade legal do presidente.

CORAGEM

Visivelmente emocionado na parte final do discurso, Obama recordou o tiroteio ocorrido em dezembro de 2012 na escola Sandy Hook de Newtown, no Estado do Connecticut, onde foram mortas a tiro 20 crianças e seis mulheres. “Cada vez que penso nessas crianças fico furioso”, disse Obama, entre lágrimas.

Republicanos criticam medidas do presidente

BRASÍLIA – Os críticos do presidente norte-americano, Barack Obama, classificaram ontem (5) as medidas propostas para controle de armas como um ataque aos direitos constitucionais dos cidadãos. Os pré-candidatos presidenciais republicanos prometeram rejeitá-las imediatamente se forem eleitos em novembro.
Em plena campanha para as primárias das presidenciais, os republicanos reagiram de imediato, com o pré-candidato à Casa Branca Jeb Bush alertando que Obama está “tentando contornar” a Constituição dos Estados Unidos, apesar de a ameaça terrorista ter aumentado.

“Em vez de tirar as armas das mãos dos cidadãos cumpridores da lei, como Obama e (Hillary) Clinton gostariam de fazer, devíamos nos concentrar em manter as armas fora das mãos dos terroristas, que querem matar americanos inocentes”, escreveu Bush no jornal Iowa’s Gazette.
“Quando eu for presidente dos Estados Unidos, revogarei os decretos anti-armas de Obama no primeiro dia do meu governo”, acrescentou Jeb Bush.

Outro pré-candidato republicano, Marco Rubio apoiou Bush. Mais distante da possibilidade de nomeação, Mike Huckabee, também republicano, repreendeu Obama, comparando a luta pelo controle de armas com outro grande cavalo de batalha da sociedade norte-americana: o aborto.

O ex-administrador de empresas Carly Fiorina classificou a jogada de Obama como “abuso inconstitucional desrespeitador da lei”, enquanto o neurocirurgião Ben Carson, também pré-candidato à Casa Branca, observou que o presidente está apenas “cumprindo sua agenda política”.

No discurso na Casa Branca, Obama disse que não houve nenhuma “rasteira” no sentido de reduzir os direitos dos proprietários de armas ou de confiscar armas.
Mas os críticos, incluindo os republicanos do Congresso, acusaram-no de intimidação que mina os direitos dos portadores de armas.
“Independentemente do que o presidente Obama diz, sua palavra não se sobrepõe à segunda emenda”, disse o presidente da Câmara, Paul Ryan.

Vários democratas falaram em defesa dos planos de Obama, incluindo os três candidatos à nomeação do respectivo partido para as eleições presidenciais.
A pré-candidata Hillary Clinton agradeceu a Obama no Twitter. Segundo ela, Barack Obama “deu um passo fundamental para combater a violência armada”.

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