(*) Fernando Benedito Jr.
O vereador Nilsin da Transil, autor da moção de aplausos ao presidente jair bolsonaro na Câmara Municipal, gravou uma live do leito do HMC, na qual faz apologia da cloroquina e critica a politização da pandemia (ver vídeo no link). Aproveita a live para agradecer a Deus reiteradas vezes e, claro, a bolsonaro, que propiciou o tratamento com cloroquina e azitromicina.
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Seria irônico se não fosse o tamanho da tragédia. Nilsin é uma das inúmeras vítimas do descaso de bolsonaro com a pandemia, da negação da ciência, dos protocolos médicos nacionais e internacionais, e do fim do isolamento social, da falta de atenção com estados, municípios e com as vidas perdidas, posições políticas que resultam no genocídio brasileiro. Só não é vitima da falta de respirador e de cloroquina porque está sendo atendido numa boa enfermaria, por competentes profissionais de saúde num hospital de referência, moderno, bem equipado. Está bem amparado pela ciência. Mas como bom soldado bolsonarista não abre mão de fazer política negando a política nem no leito de um hospital.
Também estive internado no HMC, em situação gravíssima após um infarto – o que me coloca no grupo de risco, portanto, sem chance de experimentar a cloroquina. E deixo
claro que não tenho nada contra a cloroquina – já contra certos vereadores… – ou qualquer outro medicamento que salve a vida de um paciente em estado crítico. Todos os recursos devem ser tentados, afinal, dizem, que o que não nos mata, nos fortalece.
De qualquer maneira, como portador de comorbidade (palavrinha horrorosa), preferiria um tratamento menos arriscado, talvez, e só talvez, à base de heparina, por exemplo, ou outra alternativa que os médicos e a ciência julgarem mais indicado para o caso.
No mais, fica o desejo sincero e do fundo d’alma de melhoras, pela breve recuperação e retorno de Nilsin às suas atividades. De preferência com um olhar diferente, mais humano e solidário, para a realidade local e nacional.
(*) Fernando Benedito é editor do Diário Popular.
