Cultura

O que é o ser humano?

(*) Walber Gonçalves

Conceituar o ser humano, sem corremos o risco de fragmentação, é uma missão praticamente impossível. No decorrer dos tempos a imagem humana sempre esteve ligada aos seus fatores: psicológicos, religiosos, materialistas, etc…

Para os cristãos o ser humano é a imagem e semelhança de Deus. Entretanto, um Deus perfeito para filhos imperfeitos, o perfeito refletindo o imperfeito. Será que Deus perderia tempo para “criar” algo imperfeito? Ou esta ideologia de imperfeição é uma das indizíveis utilizadas para a magia de dominação?

Segundo o dicionário Aurélio, “qualquer indivíduo da espécie animal que apresenta o maior grau de complexidade na escala evolutiva, pode ser considerado um ser humano”. Mas o X da questão é o maior grau de complexidade, nos dias atuais está difícil diferenciar o mundo animal. Pois, se é a racionalidade que nos diverge dos outros animais, estamos vivendo longe desta característica, é hora de revermos alguns conceitos.

Se o ser humano é aquilo que ele come, bebe e pensa, como dizem os naturalistas, coitado do mundo, pois a maioria dos seus habitantes vive mediocremente. Exportamos laranja para bebermos refrigerantes. Num país onde se diz que tudo que se planta dá, o que mais vemos são inúmeros famintos. Então o que comemos? A resposta da maioria com certeza será arroz com feijão e nos domingos um acréscimo de frango frito ou macarronada. Pensar! Tudo nos conduz a não pensar, a cada diz usamos menos o cérebro. Às vezes pensar é sinônimo de loucura. Então nos contentar com as baladas musicais e modas capitalistas é mais fácil e menos comprometedor.

Para o filósofo contemporâneo Rosalvo Schutz, o ser humano é um ser social, histórico e livre. Numa dimensão utópica ele está coberto de razão. Já na realidade nossa sociedade é caracterizada pela desigualdade, injustiça, a cultura de esperteza, etc. Formamos uma sociedade de não-sócios. Como seres históricos, o que menos fazemos é a nossa história. Diariamente somos conduzidos e levados à pratica que mantêm a desigualdade. Liberdade! “A liberdade concreta se manifesta na produção, criação e transformação tanto das coisas como de idéias”.

Por muito tempo a fragmentação foi o método mais fácil para conceituar o ser humano. Ora, somos regidos pelos sentimentos, pela fé… Em outros tempos pela razão, pela ciência… E até hoje, em nenhum momento, pela complexidade, onde os sentimentos e a racionalidade caminhem unidas justificando e representando os atos humanos.

A vida é muito mais do que um conceito, o ser humano é muito mais do que palavras. Está sendo preciso incentivar, motivar e despertar a essência complexa do ser humano. Somos seres integrais, portanto movidos pela sublime arte de criar e recriar. Só nos resta descobrir que somos capazes! Se você tem dúvidas, tente, e não irá se arrepender!

(*) Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.

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