Cidades

Nardyello pede que médicos do HMC recuem da decisão de paralisação

IPATINGA – O prefeito de Ipatinga Nardyello Rocha se reuniu no Hospital Municipal Eliane Martins com os representantes da Fundação São Francisco Xavier (FSFX) para discutir os impactos da paralisação do corpo clínico do Hospital Márcio Cunha (HMC). A decisão foi tomada na última segunda-feira (30), e os atendimentos eletivos do SUS como cirurgias, internações, consultas e exames estão suspensos por tempo indeterminado.

Durante a reunião foi apresentada ao gestor municipal a justificativa para a interrupção dos serviços prestados. O motivo seria a falta do repasse de R$ 32 milhões de reais pelo governo do Estado. Atualmente o governo estadual deve ao município de Ipatinga um montante de R$ 70,5 milhões na área da saúde. Deste total, acumulado desde 2013, 45% é destinado ao HMC para atendimento ao SUS.

SOBRECARGA

O prefeito Nardyello Rocha disse entender a posição do Hospital Márcio Cunha diante da falta de repasse dos recursos, mas considera a situação preocupante, sobretudo, no que diz respeito à demanda da Unidade de pronto-atendimento. “Estamos preocupados, pois sabemos que a demanda vai desembocar na UPA de Ipatinga, já que a partir do momento que não é possível fazer transferências do Hospital Municipal para o HMC, é quase impossível evitar a superlotação na UPA que recebe pacientes não só de Ipatinga, mas da região”, pontua o prefeito.

SEM AVISO

Nardyello ainda lamentou que a decisão do corpo clínico do Hospital Márcio Cunha tenha sido tomada repentinamente sem um aviso prévio de paralisação. “A decisão foi tomada da noite para o dia e nos tirou qualquer possibilidade de tentarmos fazer um diálogo político. Eu pedi aos representantes do HMC que peçam ao corpo clínico para que suspendam a paralisação por até 15 dias para que nós, prefeitos da região, possamos fazer uma força-tarefa a fim de chegarmos a um denominador comum. Ainda que o Estado não pague, mas pelo menos que crie um cronograma de pagamento. Estamos aguardando a posição do corpo clínico do HMC para darmos uma posição à nossa população”, finaliza.

PREJUÍZOS

O comunicado sobre a paralisação do HMC chegou por volta de 17h desta terça-feira (31) ao Hospital Municipal Eliane Martins, e logo após o anúncio da paralisação do corpo clínico do Hospital Márcio Cunha, os impactos já foram sentidos tanto na UPA quanto no Hospital Municipal. De acordo com a secretária de saúde Érica Dias já, existem 25 pacientes internados na UPA que precisam ser transferidos para o HMI.

“Sem a transferência dos pacientes do Hospital Municipal para o HMC, não há leito disponível para os pacientes que estão na UPA esperando uma vaga. Nós estamos com seis crianças aguardando transferência, e inclusive em todo esse contexto de 25 pacientes na UPA nós estamos com um caso de apendicite que foi negada a vaga pelo Hospital Márcio Cunha”, relata Érica.

Ainda de acordo com a secretária, as cirurgias eletivas foram suspensas a partir desta quarta-feira. “Para Ipatinga estão sendo feitas em média 25 cirurgias. Se somarmos isso no decorrer da semana serão quase 100 cirurgias canceladas. Além disso, também estão suspensos procedimentos de cateterismo e outros exames eletivos”, detalha a secretária.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Sobre a informação enviada aos meios de comunicação pelo Estado de Minas Gerais, nesta terça-feira (31), dando conta de que:

1 – O município de Ipatinga seria gestor pleno do SUS no seu território, cabendo-lhe a responsabilidade de contratar e pagar os seus prestadores de serviços;

2 – A maior parcela dos recursos para o financiamento das ações e serviços do SUS realizados pelos prestadores, no município, seria oriunda do Governo Federal e repassada diretamente do Fundo Nacional ao Fundo Municipal de Saúde, sem a intermediação da SES-MG;

3 – Esses recursos estariam sendo repassados mensalmente, estando sem nenhum atraso.

A Prefeitura de Ipatinga, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, julga importante esclarecer à população o seguinte:

– Existem dois tipos de repasses referentes ao Sistema Único de Saúde (SUS). O primeiro deles se dá via Fundo Federal, com transferência direta ao Fundo Municipal, e de fato ele vem sendo cumprido sem atraso;

– Os valores derivados desta receita têm sido utilizados regularmente pela Secretaria Municipal de Saúde, cumprindo-se assim as obrigações do município junto aos prestadores de serviço, como o Hospital Márcio Cunha;

– O segundo tipo de repasse é realizado pelo Fundo Federal ao município, via Fundo Estadual. São esses os valores que estão atrasados, ultrapassando a casa dos R$ 70 milhões.

– A Prefeitura Municipal reforça que, neste Fundo específico, o Estado é o receptor dos valores enviados pelo Governo Federal e deveria repassá-los ao município para cumprimento de inúmeras obrigações, mas isso, desde 2013, não está ocorrendo. O Governo estadual está usando esse dinheiro de forma inapropriada, gerando situação de caos na saúde pública de Ipatinga.

 

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