Policia

Motocicleta vincula Pitote a assassinato de foto-jornalista

Alessandro Neves, Pitote, disse que estava em Pingo D’água no final de semana em que Walgney Carvalho foi morto, mas o álibi do acusado foi refutado pela polícia    (Foto: Arquivo Pessoal)

IPATINGA – Além de apresentar a trama sobre o assassinato do radialista e bacharel em Direito Rodrigo Neto de Faria, a Força-Tarefa da DIHPP também mostrou evidências que comprovam a participação direta de Alessandro Neves Augusto, vulgo Pitote, na execução de Walgney Carvalho no dia 14 de abril deste ano.

Os exames de balística feitos nos projéteis recolhidos nos corpos de Rodrigo e Walgney revelaram que os disparos partiram da mesma arma. Além dessa prova técnica, segundo o delegado Emerson Morais as características da motocicleta usada pelo executor do foto-jornalista são as mesmas que a moto emprestada por um amigo a Pitote dias antes do crime.

RASTRO
Os investigadores chegaram até o homem que emprestou a motocicleta depois de descobrir que durante o tempo em que Pitote ficou preso no Presídio de Coronel Fabriciano – de outubro a novembro em 2012, pela tentativa de um homicídio na Festa do Arroz, em Vargem Alegre –, Alessandro recebeu a visita de apenas duas pessoas: de seu pai e de um amigo, que a polícia acredita ser aquele que lhe emprestou a moto dias antes de Walgney ser executado.
Pitote pegou a motocicleta Tornado preta com o seu amigo no dia 12 de abril e a devolveu três dias depois. Em troca o homem ficou com a CB300 vermelha que era de propriedade do acusado.

Outra informação que chamou a atenção da PC é que a motocicleta usada por Pitote durante o final de semana da morte de Carvalho estava suja de terra. Antes de morrer o foto-jornalista esteve na Serra do Cocais para registrar imagens de um encontro de cavaleiros durante a tarde do dia 14 de abril. E postou esta informação seu Facebook – Pitote era amigo de Walgney Carvalho na rede social e, portanto, tinha informação privilegiada sobre seu paradeiro.

MANCHAS DE ÓLEO

Depois do evento, Walgney se dirigiu a um Pesque-Pague (ele também postou esta informação no Facebook) e permaneceu no local até ser executado. Os primeiros levantamentos feitos pela PC, ainda na noite do homicídio, revelaram que o assassino do foto-jornalista esteve no estabelecimento pelo menos três vezes à procura da vítima.

Em uma dessas idas a motocicleta usada por Pitote deixou uma mancha de óleo no local onde ficou estacionada O mesmo vazamento de óleo de motor também foi identificado pelos investigadores da DIHPP na garagem do proprietário da Tornado Preta.

O depoimento deste amigo e de outras quatro pessoas que presenciaram a entrega do veículo também serviram para comprovar a participação de Pitote na morte de Carvalho.

ÁLIBI
Durante depoimento sobre a execução de Carvalho, em sua defesa, Alessandro disse que esteve na cidade de Pingo D’água na casa de um amigo. Ele afirmou ainda que só voltou a Ipatinga na segunda-feira, dia 15 de abril, na parte da manhã, em um ônibus da “Viação São Dimas”.

A PC descobriu que o álibi do acusado era forjado. Não existe a tal viação e os valores da passagens alegadamente pagos por Pitote são bem abaixo dos valores normalmente cobrados. O amigo que Pitote diz ter ido visitar negou à equipe da DIHPP que o tivesse visto naquela data.

A prova técnica que também comprova que Alessandro estava em Ipatinga no dia no assassinato de Carvalho são as ligações feitas pelo telefone do acusado. Pitote declarou que só soube da morte do foto-jornalista por volta das 11h do dia 15 de abril. Mas a PC tem uma testemunha que afirma ter ligado para o acusado às 9h para falar sobre a execução de Walgney.

ATITUDES SUSPEITAS

No momento de sua prisão pela equipe do delegado Emerson Morais, no dia 11 de junho, os investigadores encontraram na carteira de Alessandro um bilhete contendo o nome, endereço e telefone da adolescente considerada testemunha-chave da investigação da Chacina de Revés do Belém.

Pitote não soube esclarecer que papel era aquele, nem o que fazia com ele em seu poder. No aparelho celular apreendido com o acusado também havia uma ligação feita para a Casa de Custódia da Polícia Civil em Belo Horizonte, local onde estão presos os quatro investigadores indiciados pela morte dos quatro adolescentes do bairro Caravelas.

Em função da ameaça apresentada, a menor e os seus familiares foram incluídos no Programa de Proteção a Testemunhas e retirados de Ipatinga.

QUEIMA-DE-ARQUIVO

Para a Polícia Civil não restam dúvidas de que Carvalho foi morto como queima de arquivo. Ele chegou a ser ouvido pela equipe da DIHPP por ter declarado a alguns amigos que sabia quem matou Rodrigo Neto.
Até mesmo um mandado de busca e apreensão foi expedido pelo Poder Judiciário na residência do foto-jornalista. Mas nada de suspeito chegou a ser localizado na época pelos investigadores.

Assim como Walgney tinha livre acesso às instalações da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Ipatinga por realizar as imagens que eram usadas pelo setor de perícia criminal, Pitote também vivia pelos corredores das delegacias de Ipatinga e Coronel Fabriciano se passando por “investigador”, violava cenas de crimes e se achava no direito de fazer justiça com as próprias mãos.

EXECUÇÃO
O repórter fotográfico Walgney Assis Carvalho, 43 anos, foi morto no dia 14 de abril em um pesque-pague no bairro São Vicente, exatos 37 dias após a execução do jornalista Rodrigo Neto.

Segundo informações de testemunhas, um homem teria entrado no estabelecimento e, aproveitando o momento de distração de Carvalho, atirado três vezes contra ele. Já a perícia constatou que foram dois tiros que mataram Carvalho: um na nuca, próximo à orelha direita, e outro no tórax.

Enquanto esteve na Serra do Cocais, área rural de Coronel Fabriciano, para fotografar um encontro de cavaleiros, a motocicleta do foto-jornalista ficou estacionada em frente ao Pesque e Pague, o que pode ter levado Pitote a estar por várias vezes no local para tocaiar a vítima.


A moto CB 300 que teria sido utilizada no assassinato de Rodrigo Neto foi trocada por outra com um amigo
para praticar a execução de Walgney Carvalho     (Foto: PC)


Pitote andava num Fiat Linea “clonado” que disse ter comprado por R$ 15 mil    (Foto: PC)

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