Cidades

Médicos pedem demissão do SAMU e reclamam de condições de trabalho

Atendimento do SAMU pode ser comprometido por ausência de médicos; PMI diz que fará reposição para não haver prejuízos

IPATINGA – O serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Ipatinga sofreu uma baixa de pelo menos três médicos desde o início do mês de fevereiro de 2013. Os motivos apontados pelos profissionais são diversos, mas todos possuem uma reclamação em comum: difíceis condições de trabalho.

Segundo o cardiologista Douglas Lourenço Dias, sua saída foi motivada principalmente pelo aumento da carga horária de trabalho para 24 horas semanais, sem que houvesse um reajuste nos vencimentos. Outro fator levantado pelo profissional foi a organização da escala de trabalho, que muitas vezes o colocava como o único médico trabalhando nos finais de semana.

Para funcionar de maneira correta, o SAMU necessita de, no mínimo, dois médicos de plantão: um para realizar a regulação dos atendimentos telefônicos e outro para conduzir os trabalhos dentro da Unidade de Suporte Avançado (USA), espécie de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) móvel, que realiza atendimentos médicos no local onde for registrada a ocorrência.

No entanto, segundo os médicos, em alguns finais de semana o serviço tem ficado com apenas um profissional, o que compromete o salvamento de vítimas. “Eu estava trabalhando sozinho”, contou Douglas. “O SAMU é um serviço de urgência e emergência. Tem que ser bem estruturado”, completou o médico, que trabalhou por menos de um ano no SAMU de Ipatinga.
Além de Douglas, há um outro médico que também se afastou do SAMU na semana passada e um terceiro que atualmente está cumprindo aviso prévio.

“ROTINA”
A Prefeitura de Ipatinga, responsável pela administração do SAMU na cidade, confirmou os pedidos de demissão e afirmou, por meio de nota, que a rotatividade dos profissionais no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência é considerada rotineira e não provoca qualquer mudança na prestação dos serviços à população.

Ainda de acordo com a Administração, há um quarto caso de saída de profissional, envolvendo um médico do SAMU que se encontra em licença matrimonial. O médico informou à reportagem que após o seu retorno irá solicitar uma mudança no local de trabalho.

A Prefeitura também se comprometeu a realizar a substituição de todos os profissionais em tempo hábil, sem comprometimento da qualidade dos serviços, não acarretando prejuízos à comunidade.
Segundo alguns profissionais de dentro do SAMU, ainda não houve nenhuma contratação de médicos substitutos para o Serviço. A Prefeitura salientou que, caso seja necessário, profissionais da rede municipal serão convocados para eventuais substituições, sendo assegurado aos mesmos o pagamento de horas extraordinárias.

DENÚNCIAS NA INTERNET
Um grupo ligado ao Serviço vem disseminando na internet diversas denúncias contra a situação instalada na instituição. Na semana passada, foi anunciada inclusive uma ameaça de paralisação das atividades a partir do dia 1º de março, como forma de protesto.

No entanto, na última sexta-feira (22), o secretário municipal de saúde, Eduardo Penna, minimizou a situação e afirmou que as ameaças eram “apenas boatos”. Ele ainda disse que a situação do SAMU em Ipatinga irá se resolver em breve. Entre outras coisas, ele prometeu que o Serviço irá ganhar uma nova unidade, no bairro Bom Retiro.

Eduardo destacou os esforços que a Prefeitura vem fazendo para readequar o serviço, sucateado durante o mandato do ex-prefeito Robson Gomes (PPS). Na época, foram diversas denúncias e até paralisações feitas pelos profissionais, que reclamavam do abandono, da falta de equipamentos, médicos e enfermeiros, além da questão de contratos de trabalho irregulares.

Até o momento, segundo médicos ouvidos pela reportagem, a situação pouco se alterou. A carga horária de trabalho foi aumentada para 24 horas semanais desde o início do governo Cecília Ferramenta (PT), o que teria desagradado os profissionais.

Além disso, há reclamações de funcionários sem férias há vários anos e também de que equipamentos adquiridos com a finalidade de modernizar os atendimentos estariam inutilizados nos cômodos da sede do Serviço, que fica no bairro Cidade Nobre.

No início deste mês, a Prefeitura abriu um processo seletivo para a contratação de oito médicos para trabalharem pelo município. Porém, a previsão do edital era de que os contratados seriam escalados para o Programa Saúde da Família (PSF), o que gerou a insatisfação dos profissionais do SAMU. Nesta terça-feira (26), a Prefeitura publicou o resultado final do processo, mas não informou quando os médios serão convocados para trabalhar. Segundo a Administração Municipal, a convocação para a contratação será feita de acordo com a necessidade da Secretaria Municipal de Saúde

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