Cidades

Lula diz que pobre não gosta de beber barro e defende governos do PT

IPATINGA – O ex-presidente Lula começou por Ipatinga nesta segunda-feira, a fase mineira da Caravana Lula pelo Brasil. Além dele estiveram na cidade a ex-presidente Dilma Rousseff; a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman e o governador Fernando Pimentel, além de deputados estaduais, federais e senadores. Cerca de 10 mil pessoas participaram do evento realizado na Praça Três Poderes, em dia de ponto facultativo na Prefeitura Municipal.
Em seu discurso Lula lembrou que já esteve no Vale do Aço outras vezes e que já havia discursado na mesma praça em outras campanhas dos anos 80 e 90. O ex-presidente fez duras críticas ao governo golpista de Michel Temer e, principalmente, falou sobre as conquistas implantadas pelos governos petistas em diversas áreas.

CASA ARRUMADA
Segundo ele, o povo brasileiro não tinha perspectiva antes de seu governo e só a partir de 2003 quando assumiu é que se começou a ter alguma luz para a situação nacional, apesar dos economistas que diziam que o País não tinha jeito, porque estava quebrado. Eles me diziam: “por que você vai se candidatar, o Brasil já havia quebrado três vezes, não tinha dinheiro sequer para pagar as importações?”
– Acho que só ganhei as eleições porque todo mundo dizia que não ia dar certo e eu resolvi assumir, para mostrar que o Brasil era um país viável. A política tem uma coisa que tem uma palavra chave: credibilidade. A credibilidade acaba com a casa da gente. Se a gente contar muita mentira, a mulher da gente, os filhos da gente não vão acreditar mais e isso vale para a rua onde a gente mora, o país onde a gente mora. A palavra credibilidade tem uma importância muito grande na vida pública – disse Lula para exemplificar que uma eventual vitória sua nas eleições significava que ele não poderia errar.
– Eu tinha a confiança muito grande que este país ia dar certo. Porque eu não era o candidato do dinheiro. Só me tornei candidato e presidente quando o povo brasileiro resolveu eleger um igual a ele. No dia em que trabalhador deixou de ter preconceito contra trabalhador. Antes de 2002 falava-se assim: esse Lula é igual a mim, é um analfa igual a mim, não tem diploma de doutor, por que vou voltar nele? E assim eu perdi as eleições em 89, perdi em 94, perdi em 98; e todas as vezes que eu perdi eu falava com os meus companheiros que eu precisava me preparar um pouco melhor. Eu dizia que se me elegesse eu não poderia errar, porque se eu errasse nunca mais o trabalhador iria creditar em mim.

SOBERANIA
Lula também destacou a credibilidade do País no cenário internacional e a retomada da soberania nacional a partir do momento em que o Brasil começou a discutir de igual para igual com as grandes potências. Ele narrou seu primeiro encontro como ex-presidente dos EUA, George Bush, para ilustrar a nova realidade que os governos petistas começaram a construir em âmbito mundial.
– Fui conversar com os EUA em condições de igualdade. Era dezembro de 2002 e eu já estava eleito presidente da República. E o Bush começou a falar de terrorismo, do Bin Laden por causa do atentado às torres gêmeas. Ele me disse que precisava invadir o Iraque e acabar com o Saddam Hussein, porque o Saddam simbolizava o terrorismo e queria que o Brasil entrasse na guerra contra o Iraque. Aí eu falei: Bush, deixa eu lhe dizer uma coisa, eu não conheço o Iraque, o Iraque fica a 14 mil km do Brasil, não conheço o Saddam Hussein, ele nunca fez nada pra mim eu não tenho problema com o Saddam Hussein. A guerra que eu quero fazer é contra a fome no meu País e essa guerra eu vou vencer. A partir daí, nós ganhamos credibilidade no mundo, da Europa inteira, da Rússia, da Índia, da América Latina.

POBRE É A SOLUÇÃO

O ex-presidente cita ainda que foi a partir da credibilidade conquistada que se conseguiu retomar a economia e pagar a dívida externa. “Nunca se colocou tantos jovens da periferia nas universidades, nunca se fez tantas escolas técnicas no país como nos governos do PT, os pobres conquistaram seu espaço e passaram a ir ao shopping, antes só podiam ir aos shoppings populares, passaram a viajar de avião, fomos o país que mais cresceu no mundo. Entre 1950 e 1980 não havia distribuição de renda, os riscos ficavam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Então, resolvemos fazer um milagre nesse país. E diziam que o país não ia dar certo porque o pobre era o problema, e nos provamos ao mundo o contrário, que o pobre era a solução. Quando os mais pobres começaram a ter trabalho, a ter renda, a comprar, a economia cresceu e o país se desenvolveu. O trabalhador podia chegar na Pampulha pegar um avião e ir tomar banho de mar no nordeste ou no Espírito Santo. Trabalhador não nasceu para gostar de coisa de terceira, para morar mal, para gostar de beber barro. Quem falou que não gostamos de coisa boa, de calça boa, sapato bom, de vestido bom. É pra isso que nos trabalhamos e é pra isto que queremos que este país se desenvolva. A gente não quer que este país se desenvolva para o senhor Joesley ficar milionário.Queremos que se desenvolva para o trabalhador ser feliz, ter onde morar, estudar ter acesso ao lazer, o pequeno proprietário ter financiamento”.

VÍTIMA DO PRÓPRIO VENENO

Lula defendeu-se das acusações da Operação Lava Jato e disse que nunca encontraram dinheiro em sua casa, apesar de estar sendo investigado há cerca de 3 anos. Referindo-se ao senador Aécio Neves, mas sem citar nomes, disse que um ex-governador de Minas, um dos responsáveis pelo golpe parlamentar que depôs Dilma Rousseff e provocou o caos em que o País está vivendo está sendo vítima do próprio veneno.
“Este mesmo ex-governador foi contra a transposição do rio São Francisco e eu lhe disse que ao invés de ser contra, ele deveria trabalhar para despoluir o rio das Velhas e de todos os afluentes mineiros do São Francisco”.

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