Cidades

Loba-guará avança em processo de condicionamento

IPATINGA – Em abril de 2018, compartilhamos a curiosa imagem de um jovem no recinto da fêmea de lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), a Lobinha, lendo para o animal. A cena faz parte do projeto “Condicionamento operante de uma fêmea de lobo-guará em cativeiro como subsídios para o aprimoramento do manejo”, promovido a partir de uma parceria entre o Centro de Biodiversidade da Usipa (Cebus) e o Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste).

Durante o ano de 2018, o animal recebeu as visitas dos estudantes de Ciências Biológicas, Wellerson Martins Souza, e de Medicina Veterinária, Henrique Schuchter. Inicialmente, eles apenas entravam no recinto e liam para animal. Aos poucos, à medida que ganhavam a confiança dela, começaram a ensiná-la alguns comandos como “vem” para o animal se aproximar, “fica” para o animal aguardar o próximo comando e “entra” para o animal entrar na contenção.

Agora, em 2019, Lobinha se encontra numa fase mais avançada do condicionamento operante com o estudante Henrique (Wellerson concluiu o curso de Ciências Biológicas). Ela já atende ao comando de entrar na gaiola de contenção, instalada no próprio recinto, e é recompensada por isso com um petisco. A gaiola é utilizada para conter o animal e garantir a segurança dele e a do veterinário em consultas, exames e medicação.

EVOLUÇÕES DA LOBINHA

O lobo-guará é um animal muito sensível e de hábitos solitários. Era raro ver a Lobinha caminhando pelo recinto durante o dia e a presença do tratador no recinto, ou dos visitantes do lado de fora, causava extremo estresse no animal.

“Após quase um ano de condicionamento operante, o resultado com a Lobinha é muito positivo. Ela aceita a presença do tratador no recinto com mais serenidade, perdeu um pouco do medo dos visitantes e passeia perto da grade. Hoje, medicá-la com algum comprimido escondido no petisco é bastante tranquilo. Também aprendemos muito com o comportamento dela durante o projeto e, estudamos, agora, uma forma de realizar o condicionamento operante com outros animais”, avalia a bióloga do Cebus, Cláudia Diniz.

Para o responsável técnico pelo Cebus, o médico-veterinário Lélio Costa e Silva, o acompanhamento dos estudantes trouxe muita tranquilidade para a equipe. “A Lobinha é um animal idoso, nascido em cativeiro e cercado de cuidados. Ficamos muito satisfeitos em saber que um animal, após passar pelo condicionamento operante, teve o estresse reduzido. Isso nos permite realizar qualquer manejo de forma menos traumática como aplicar medicamentos, exames clínicos e outros procedimentos”, detalha Lélio.

 

FASES DO PROJETO

O projeto de Condicionamento Operante tem duas fases: a primeira, composta pela leitura e pelos comandos recompensados com petiscos, e a segunda, com a redução das recompensas para obedecer aos comandos. A primeira fase tem previsão de encerramento no final do primeiro semestre de 2019.

“Assim como os seres humanos precisam de várias atividades para evitar o estresse e a depressão, os animais na natureza também adotam várias ações para se manterem bem. Quando o animal silvestre não tem condições de voltar à natureza e vive em cativeiro, está mais sujeito a esse tipo de estresse. Por isso, o condicionamento operante, associado ao enriquecimento sensorial, físico, cognitivo, alimentar e social, é fundamental para a manutenção da vida saudável deles”, explica o estudante Henrique Schuchter.

 

HISTÓRIA DA LOBINHA

Lobinha nasceu em 17 de agosto de 2008, no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) da Universidade Federal de Viçosa (MG). Em Viçosa, ela passou por um período de condicionamento e era premiada com petiscos, a recompensa favorita dela. Após mudanças na designação do Cetas, Lobinha foi transferida para o Cebus, onde recebe cuidados e atenção.

 

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