Internacionais

Lideranças mundiais repudiam o golpe parlamentar no Brasil

A presidenta Dilma Rousseff e Raul Castro, presidente de Cuba

BRASÍLIA – Diversos países manifestaram oficialmente que não consideram que a abertura de processo de impeachment contra Dilma Rousseff tenha legitimidade, assim como o governo do presidente interino Michel Temer (PMDB). El Salvador, Uruguai, Chile, Venezuela, Bolívia, Cuba e Equador manifestaram preocupação com o afastamento da presidente Dilma e os impactos sobre a estabilidade política e econômica no continente. Partidos políticos de esquerda e organizações internacionais também repudiaram oficialmente o golpe em curso no Brasil.

EL SALVADOR

O presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, anunciou que não reconhecerá Michel Temer como presidente do Brasil e chamou a embaixadora salvadorenha, Diana Vanegas, de volta ao país.
Sánchez Cerén disse que seu governo “respeita a democracia e a vontade popular”, que a ampla movimentação do governo interino significa que já condenaram antecipadamente a presidenta eleita, Dilma Rousseff, e que se trata de “uma manipulação política”.
Ele comparou o julgamento de Dilma com os golpes de Estados perpetrados por militares, que foram lugar comum nos países latinoamericanos nas últimas décadas do século XX, mas com a diferença que este se deu via Parlamento.

VENEZUELA
A Venezuela rejeitou categoricamente o golpe de Estado parlamentar que está em curso no Brasil. Em comunicado, o governo venezuelano acusou as cúpulas oligárquicas e forças imperiais de orquestrar o golpe contra a presidente mediante farsas jurídicas. “A presidenta legítima, Dilma Rousseff, primeira mulher eleita como chefe de Estado no Brasil, enfrenta uma ofensiva motivada por vingança daqueles que perderam as eleições e são incapazes de chegar ao poder político por outra via que não à força”, afirma o comunicado.
No texto, a Venezuela expressou sua preocupação pela pretensão da direita de derrubar Dilma Rousseff, eleita por mais de 50 milhões de brasileiros, o que põe em risco a constituição e a democracia.

EQUADOR

O governo do Equador reiterou em um comunicado seu apoio ao povo brasileiro e à presidenta Dilma Roussef, “legítima depositária do mandato popular expressado nas últimas eleições democráticas”. O texto, publicado pela embaixada equatoriana, indica que contra Rousseff não pesa até o momento, nenhuma imputação que a vincule a qualquer delito”. Equador também expressou seu desejo de que as atuais circunstâncias sejam superadas pelo “Estado de Direito e estrito respeito às instituições democráticas do Brasil”.

URUGUAI
O ministro das Relações Exteriores e chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, se posicionou contra o impeachment e garantiu que o governo uruguaio não tem intenções de reconhecer Temer. “Com certeza estamos muito preocupados com esta situação e esperamos que tudo ocorra dentro dos parâmetros constitucionais e institucionais”, disse Nin Novoa em entrevista a jornalistas na última quinta (12).

Respondendo a pergunta sobre um possível contato com o gabinete do presidente em exercício, Novoa disse: “Não. Já dissemos o que deveríamos ter dito, de maneira que não temos mais nada a acrescentar.”
O senador e ex-presidente José Mujica também se manifestou contra o golpe e alertou: “o sistema político no Brasil está doente“.

CUBA
O governo de Cuba também criticou o afastamento da presidenta Dilma. Em nota divulgada na quinta-feira (12), o governo chamou a saída de “golpe de estado parlamentar e judicial, disfarçado de legalidade” e um “artifício” organizado por setores da oligarquia brasileira. “Trata-se, na realidade, de um artifício armado por setores da oligarquia desse País, apoiada pela grande imprensa reacionária e pelo imperialismo, com o propósito de reverter o projeto político do Partido dos Trabalhadores (PT), derrubar o governo legítimo e usurpar o poder que não ganhou com o voto”, disse o documento.

Para as autoridades de Havana, o impeachment da presidenta “legitimamente eleita” é parte de uma “contraofensiva reacionária do imperialismo e da oligarquia contra os governos revolucionários e progressistas da América Latina e do Caribe”, o que ameaça a paz e a estabilidade das nações, contrariando o espírito e a letra da Declaração de Zona de Paz na região, assinada em janeiro de 2014 na capital cubana.

CHILE
De acordo com o portal da TeleSur, o governo do Chile também manifestou sua preocupação com as circunstâncias em que Dilma foi afastada. “O governo do Chile expressa sua preocupação pelos acontecimentos dos últimos tempos nessa nação irmã, que tem gerado incerteza em nível internacional”, afirmaram institucionalmente em comunicado da embaixada.
O embaixador chileno Ministro Muñoz afirmou: “Estamos preocupados com a situação recente no Brasil, dada a importância desse país e a grande amizade que temos”.

UNASUR
A União de Nações Sulamericanas (Unasur), organização intergovernamental composta pelos doze estados da América do Sul, destacou que o que aconteceu no Brasil é uma afronta de uma maioria política parlamentária à cidadania que elegeu democraticamente a presidenta da nação, com mais de 50% dos votos.
O secretário geral da organização Ernesto Samper acredita que na Câmara de Deputados não se votou com consciência nem se respeitaram as normas do Estado de Direito. “As motivações que se expressaram tinham a ver com outro tipo de reclamações, de caráter político. Mas não tinham cabimento nas disposições que regulamentam o juízo político”.

PARLAMENTO EUROPEU
O afastamento da presidenta eleita Dilma Rousseff é “um passo para um golpe de Estado” imposto pela direita, declarou o Grupo da Esquerda Unitária (GUE) do Parlamento Europeu, em comunicado divulgado nesta sexta-feira (13). Os membros do Parlamento Europeu lembraram que os argumentos usados para a saída de Dilma “não resultam de qualquer processo penal e que o processo é liderado por membros com um histórico conhecido de irregularidades e atividades ilegais, que estão sendo investigadas judicialmente”.
Além disso, o tratamento do golpe na imprensa internacional foi de surpresa e críticas, com preocupação com os riscos à democracia.

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