Policia

Julgamento de soldado Victor é adiado em BH

Promotoria de Justiça quer que mãe de Cleidson (detalhe) deponha contra o militar  (Fotos: Arquivo DP)

IPATINGA
– O julgamento do soldado Victor Emmanuel Miranda de Andrade marcado para esta terça-feira (5) no 1º Tribunal do Júri no Fórum de Belo Horizonte foi suspenso. A informação foi confirmada pelo próprio advogado de defesa do réu, Obregon Gonçalves.

O PM seria julgado pelo assassinato de Cleidson Mendes Nascimento, o “Cabeça”, de 26 anos. O rapaz foi morto a tiros em 2011 no bairro Canaãzinho. Ele era testemunha de um inquérito policial que investigou a morte do comerciante Ricardo de Souza Garito, assassinado a tiros em 2007 no mesmo bairro, no qual Victor também estaria envolvido.

TESTEMUNHA
O advogado criminalista disse que o pedido de adiamento, com prazo ainda a ser definido, foi feito pela própria Promotoria de Justiça que atuaria no julgamento. O Ministério Público (MP) quer ouvir como testemunha de acusação a mãe de Cleidson, que está no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita) desde 2013.

“Se de fato a promotoria quer a presença da testemunha, isso será possível. A mãe da vítima vem escoltada pela polícia e pelo programa. Acredito até que exista uma casa do Provita em Belo Horizonte onde essas pessoas que fazem parte do programa podem ficar”, explicou o advogado.

Por meio da assessoria de comunicação do Ministério Público, a reportagem tentou entrar em contato com o promotor ou promotora do caso, mas até o encerramento desta edição o departamento não havia conseguido falar com o representante do MP.

AMEAÇAS
As ameaças contra a família de Cleidson teriam começado antes da primeira audiência judicial de seu assassinato e, por isso, a sessão chegou a ser cancelada. À época, a mãe do rapaz chegou a afirmar para aqueles que estavam presentes no Fórum de Ipatinga, que eles (policiais militares) iriam matar o outro filho, conhecido pelo apelido de “Profeta”. Ele testemunharia contra o soldado Victor.

No dia, a mulher fez uma representação junto ao Ministério Público (MP) informando que havia sofrido ameaças. Após o episódio, a mãe e o irmão de Cleidson foram incluídos no programa de proteção, mas “Profeta” recusou a ajuda. Em maio de 2014, ele acabou sendo assassinado. Até hoje a Polícia Civil ainda não desvendou o mistério em torno do assassinato.

HABEAS CORPUS

Ainda sobre o crime, no fim do mês passado a 4ª Câmara Criminal do TJ negou o pedido de Habeas corpus para Victor Emmanuel. Na justificativa, a defesa solicitou o relaxamento de prisão alegando injusto constrangimento ao cliente e excesso de prazo.

O relator do HC, o desembargador Corrêa Camargo opinou pelo alvará de soltura, mas foi voto vencido por outros dois desembargadores que integram a turma julgadora. Eles consideraram “razoável” esperar pelo julgamento que ocorreria ontem, mas que acabou suspenso.


Outro desaforamento

Mais um dos casos em que o soldado Victor Emmanuel Miranda de Andrade é acusado de assassinato foi desaforado para a comarca de Belo Horizonte. O processo tramitava na 2ª Vara Criminal de Ipatinga, e quem pediu a mudança territorial foi a 10ª Promotoria, que também tem a função de Controle Externo da Atividade Policial. Nesta terça-feira (5) o juiz do 1º Tribunal do Júri de BH deu prosseguimento ao andamento.

No mesmo processo, ainda aparece outro réu, Joaquim Pereira de Moura, que pela acusação seria o comparsa de Victor no homicídio ocorrido em 2007. Este é o segundo caso de desaforamento de processos no qual o soldado aparece como suspeito de homicídio.

Entenda
Segundo a acusação do MP, Victor e Joaquim Pereira de Moura, conhecido como “Coiote”, tramaram a execução do comerciante Eduardo Luiz da Costa”, 40 anos. Ele foi morto em 2007, no bairro Jardim Panorama. A denúncia diz que o crime foi cometido por um homem que pilotava uma moto verde, e que passou pela via efetuando disparos contra o comerciante.

O crime foi investigado na época, mas não se chegou a nenhuma conclusão. O caso só foi reaberto em 2013 após o assassinato do jornalista investigativo Rodrigo Neto. Ele apurava as ações cometidas pelo “homem da moto verde” e tentava mostrar para a polícia a existência de um grupo de extermínio em Ipatinga.

Coiote
O inquérito sobre a morte de Eduardo concluiu que ele devia cerca de R$ 12 mil para Joaquim, que facilitava a entrada ilegal de pessoas aos Estados Unidos. Ainda conforme as investigações, Eduardo foi para a América, mas dois meses depois acabou sendo deportado para o Brasil, e como não conseguiu pagar a dívida ao coiote acabou sendo assassinado por Victor a mando de Joaquim.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, a vítima mantinha um relacionamento amoroso com a ex-companheira do cabo da PM Amarildo Pereira de Moura, irmão de Joaquim, e que também teria participado da trama do assassinato. Os dois irmãos teriam um vínculo de amizade com Victor Emmanuel e uniram forças para matar Eduardo. Amarildo foi assassinado a tiros em fevereiro de 2013, um mês antes do repórter policial Rodrigo Neto ser morto.

Victor Emmanuel se encontra acautelado em um Batalhão da PM de Belo Horizonte há quase três anos. Joaquim Pereira de Moura está foragido da polícia. Além da morte de Eduardo, Victor responde a cinco processos na comarca de Ipatinga por crimes semelhantes.


Victor Emmanuel e Joaquim Pereira são acusados
de assassinato, mas apenas o primeiro está preso

 

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