Cidades

Ipatinga amplia campanha de doação de órgãos e tecidos

IPATINGA – “Hoje não posso mais ver a minha companheira. Mas sinto como se parte dela estivesse viva. Conforta saber que os olhos dela ajudaram outras pessoas a voltar a enxergar”. A reflexão é do aposentado Ilson Francisco Machado, de 82 anos. Há pouco mais de cinco de meses, a esposa Olga Fidelis Machado, 71 anos, faleceu em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Olga já havia manifestado à família o desejo de doar seus órgãos, vontade que foi respeitada pelo marido e filhos.

A retirada das córneas para transplantes é realizada por equipe multiprofissional especializada. Antes disso, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) do Hospital Municipal de Ipatinga faz a notificação de potenciais doadores e sensibilização das famílias. O procedimento só é feito após a confirmação do óbito por equipe médica (morte encefálica ou coração parado) e mediante autorização documentada da família do doador. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA-24 Horas) de Ipatinga também está apta a realizar esse trabalho.

PROCEDIMENTOS
As córneas captadas pelo sistema municipal de Saúde de Ipatinga são encaminhadas para o MG Transplante, responsável por coordenar a política de transplantes de órgãos e tecidos no Estado. Cada par de córnea beneficia duas pessoas, permitindo que pacientes com ceratocone (uma doença hereditária), ou com infecções e traumas que causam cegueira, voltem a enxergar. No caso das córneas, o procedimento pode ser feito até seis horas após a confirmação do óbito nas dependências do Hospital Municipal ou na UPA.

No Vale do Aço, a identificação de potenciais doadores e a captação de órgãos para transplantes também podem ser realizadas pelos hospitais Vital Brazil (Timóteo), São Camilo (Coronel Fabriciano) e Márcio Cunha, sendo que este último funciona como centro transplantador renal do Leste de Minas. A Organização Procuradora de Órgãos (OPO) Vale do Aço, vinculada ao MG Transplante, coordena toda a logística que envolve a doação de órgãos e tecidos na região.

CONSCIENTIZAÇÃO
Desde setembro, a Prefeitura de Ipatinga intensifica a divulgação do serviço e a conscientização da população sobre a doação de órgãos e tecidos. Enfermeira da PMI e membro da OPO Vale do Aço, Simeia Saraiva Alvernaz afirma que muitas famílias deixam de autorizar a doação por falta de informação, mitos e também por desconhecer a vontade do falecido. “É importante se informar e comunicar a decisão aos familiares. O momento de luto é muito mais delicado para abordar esse assunto que é de suma importância para salvar vidas”, sensibiliza.

A retirada dos órgãos é feita numa cirurgia, sem causar qualquer deformidade ao corpo do doador. Depois de constatada a morte cerebral, é possível aproveitar os dois rins, os dois pulmões, o fígado, o pâncreas e o coração, além de tecidos como as córneas, peles e ossos, sempre mediante a autorização dos familiares. Ou seja, uma pessoa doadora pode ajudar pelo menos outras sete que necessitam dos transplantes.
“Outra possibilidade é a doação em vida de um dos rins, parte do fígado, medula óssea e pulmão, desde que não prejudique a saúde do doador. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores nesses casos; não parentes, só com autorização judicial”, orienta a enfermeira.

BALANÇO

Conforme dados da OPO Vale do Aço, em 2014 foram captados 16 pares de córneas e nove doadores múltiplos. De janeiro a outubro deste ano, foram mais 42 pares de córneas e seis múltiplos. Apenas no Hospital Municipal e na UPA, que se tornaram aptos a realizar o procedimento desde 2014, familiares de 12 pacientes foram sensibilizados para a doação de córneas nos últimos dois anos. Na região, foram feitos 10 transplantes deste órgão no Hospital dos Olhos, credenciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mais informações, disque MG Transplantes: 0800 283 7183.


Retirada das córneas é feita por equipe multiprofissional só após confirmação do óbito

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