Cidades

Investimento em pesquisa é raiz cultural da siderurgia japonesa

BH – “A pesquisa realizada pela empresa é de ponta e está na vanguarda da inovação”, afirma a pesquisadora Gisele Márcia de Souza, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica, Materiais e de Minas da Universidade Federal de Minas Gerais (PPGEM-UFMG). Em viagem por 13 dias ao Japão, ela e mais quatro alunos, junto com o professor-instrutor Leandro Rocha Lemos, visitaram as maiores usinas siderúrgicas e um dos centros de pesquisa da Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation (NSSMC), multinacional do aço e acionista controladora da Usiminas.

DE UMA PONTA A OUTRA

A viagem faz parte do programa anual “De uma ponta a outra”, que está em sua 2ª edição e tem como objetivo o intercâmbio tecnológico entre Brasil e Japão. A opinião da pesquisadora encontra respaldo com os demais colegas. “Durante visita ao Centro de Pesquisa de Futtsu foi possível ver equipamentos para teste e análise de material que nunca havia tido contato antes, nem mesmo em ambiente universitário. Um dos destaques foi a máquina para ensaio de tração com capacidade de carga de 8000 toneladas. Ficou clara a importância dada à pesquisa”, afirma o Engenheiro Metalurgista, Fabiano Maia.

O Templo do Pavilhão Dourado em Kyoto, o Kinkaku-ji, é todo coberto por folhas de ouro

CENTROS DE PESQUISA

São três grandes centros de Pesquisa & Desenvolvimento da NSSMC no país asiático, que contam com uma equipe de 800 pessoas e orçamento anual de US$ 600 milhões. São 70 mil patentes de produtos espalhadas em 21 países. “Como pesquisadora, fiquei encantada com os instrumentos disponíveis para ensaios, como a Tomografia de Sonda Atômica, e com o foco em desenvolvimento de produtos em parceria com o cliente” conta Jéssica Dornellas.

Além das usinas, os estudantes também visitaram a fábrica e o Museu Comemorativo da Indústria e Tecnologia, ambos da Toyota, na cidade de Nagoya, localizada a 350 quilômetros de Tóquio. Para Rodrigo Madrona, funcionário da Usiminas há aproximadamente dez anos, as linhas de soldagem e montagem da fábrica se destacaram pelo alto nível de automatização e organização. “Outro fato que surpreende na fábrica é a filosofia de melhoria contínua. Eles possuem um programa de premiação de ideias de melhoria de produto que pode premiar o empregado em até 200.000 ienes” (o equivalente a R$ 6.800, aproximadamente). Boas ideias, bons produtos – diz o slogan do programa.

TROCAS BILATERAIS

Durante o intercâmbio o professor-instrutor da UFMG, Leandro Rocha Lemos, também teve a oportunidade de apresentar aos técnicos japoneses as pesquisas que tem desenvolvido no Brasil. “Realizo pesquisas sobre processos metalúrgicos nas áreas de Redução e Aciaria, e utilização de biocombustíveis na siderurgia. A oportunidade de ter apresentado o meu trabalho sobre produção de biocoque para utilização em altos-fornos para os executivos e pesquisadores da NSSMC foi uma troca de experiências de grande valia”.

O Chefe do Escritório da NSSMC em Belo Horizonte, Osamu Nakagawa, espera a continuidade do programa para o próximo ano devido aos bons resultados. “Brasileiros e japoneses têm muito o que aprender uns com os outros no processo de manufatura e pesquisa tecnológica. A UFMG tem profissionais qualificados e esperamos poder contribuir para ampliar a formação dos alunos selecionados”.

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