Cidades

Indústria de Ipatinga registra saldo negativo na geração de empregos

Indústria e comércio foram os maiores vilãos da história, com redução de 620 e 413 vagas, respectivamente


IPATINGA
– A indústria ipatinguense foi responsável pela perda de 620 postos de trabalho entre os meses de janeiro a outubro deste ano, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Comércio, serviços industriais de utilidade pública e extração mineral também tiveram queda na geração de empregos e, juntos, totalizaram menos 425 vagas.

O número só não foi pior porque os setores da construção civil, de serviços e agropecuária tiveram bons resultados no levantamento, acumulando saldos positivos de 242, 218 e 117 vagas, respectivamente. Mesmo assim, não conseguiram tirar Ipatinga do vermelho, e a cidade registrou perda de 467 postos de trabalho.

A cidade teve o pior número se comparada aos outros três municípios do Vale do Aço: Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso, e também ficou em penúltimo lugar no saldo de empregos do mês de outubro entre as 100 cidades do Estado com mais de 30 mil habitantes, perdendo somente para Três Pontas.

No setor industrial, a profissão de montador de estruturas metálicas foi a que registrou maior número de desligamentos nos 10 primeiros meses do ano: 841. A mesma categoria profissional, no entanto, registrou 850 contratações até outubro, fechando o período com um saldo positivo de nove postos de trabalho.

Já os soldadores não tiveram o mesmo resultado: foram 426 admissões e 475 desligamentos, resultando em um saldo negativo de 49 vagas. A ocupação que teve o pior saldo na indústria em Ipatinga foi a de eletricista de manutenção eletrotécnica, que contratou somente 121 pessoas e demitiu 362, gerando um resultado de menos 241 vagas ocupadas.

Eletricistas, mecânicos de manutenção, operador de máquinas e operador de ponte rolante são outras profissões da indústria que registraram índices negativos em Ipatinga no período.
Um dos motivos que podem ser apontados para a queda dos empregos na indústria são demissões na Usiminas e também em suas empreiteiras terceirizadas. Apesar de a empresa não confirmar nenhum número oficialmente, funcionários da empresa relatam a redução no quadro de pessoal nos últimos meses.

Conforme levantamento feito pela reportagem do DIÁRIO POPULAR entre funcionários da empresa, os critérios que têm sido levados em consideração na hora das demissões variam entre pouco tempo de casa, produtividade, e atingem também aqueles que estão prestes a se aposentar.

As empreiteiras prestadoras de serviços para a Usiminas também estariam efetuando uma série de desligamentos com a intenção de reduzir 30% do pessoal. Um exemplo é a Convaço, empresa de engenharia de montagem e manutenção industrial que tem sede em Ipatinga e escritório na capital do Estado, e que é terceirizada pela Usiminas.

De acordo com informações de funcionários da empresa, 50 pessoas já teriam deixado os trabalhos na siderúrgica somente em outubro. Porém, o próprio funcionário disse que o número não é alarmante e que nesta época as demissões são comuns. Oficialmente, a direção da empresa não confirma os dados.

O Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa) chegou a se manifestar divulgando uma nota de repúdio aos cortes na empresa e Luiz Carlos Miranda, que preside a entidade, afirmou que pretende ir à justiça caso as demissões sejam confirmadas.

COMÉRCIO
O segundo setor que mais registrou queda no emprego em Ipatinga foi o comércio, com redução de 413 postos de trabalho, também o pior índice do Vale do Aço.

Os dados do Caged apontam que até outubro haviam sido demitidos mais de dois mil vendedores, sendo que a contratação dos mesmos ficou na casa dos 1900, totalizando um saldo negativo de 133 postos. Mesmo com o grande número de demissões e o resultado baixo, o cargo foi também o que mais gerou empregos no setor do comércio local, situação que deve se manter nos próximos levantamentos do Ministério do Trabalho, devido às contratações de final de ano.

Auxiliar de escritório, repositor de mercadorias e almoxarife foram outras profissões que geraram vagas no 10 meses na cidade, chegando inclusive a registrar saldos positivos no levantamento.
Gustavo de Souza, presidente da Associação Comercial de Ipatinga (Aciapi), ficou surpreso com o resultado na cidade, mas confirmou que vem havendo nos últimos meses uma desaceleração do crescimento das vendas. Segundo ele, um motivo que pode ser apontado é o adiamento de projetos para importantes para a categoria, entre eles a construção de dois grandes supermercados na cidade, que deve ser concluída no ano que vem. Gustavo disse que esses dois empreendimentos devem fazer o setor e também a cidade retornarem ao crescimento comercial de outrora.


Gustavo de Souza confirmou que vem
havendo nos últimos meses uma
desaceleração do crescimento das vendas

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