Cidades

Incêndios destroem meio ambiente na zona rural de Ipatinga e Paraíso

(DA REDAÇÃO) – Os incêndios provocados por queimadas estão deixando um rastro de destruição ambiental na zona rural de Ipatinga e Santana do Paraíso. Normalmente um cenário de rara beleza nesta época do ano – quando a primavera e o vento tornam mais agradável o clima na região serrana que abrange a área rural dos dois municípios –, o que se vê nos últimos dias é um ambiente de desolação. O cheiro de terra calcinada, acompanhado de grandes e incontroláveis labaredas ou colunas de fumaça é a parte mais visível do estrago provocado pela estiagem prolongada, pelo descuido dos pequenos proprietários e sitiantes, pela falta de ações de prevenção e pela insistência em realizar queimadas nesta época de seca, que acaba se alastrando para além dos limites previstos. Na área pertencente a Ipatinga, os estragos podem ser visto nas regiões de Barra Alegre, Limoeiro, Tribuna, Ipanemão e Ipaneminha; em Santana do Paraíso, o fogo queimou grande da região da Serra da Viúva, Achado e avança em direção ao Cocais.

Os incêndios florestais causam um prejuízo incalculável para a flora e a fauna destas regiões, povoada por espécies nativas de mata atlântica, além da ameaça às grandes florestas de eucalipto da Cenibra os pequenos plantios em parceria com produtores rurais também correm risco.

Quem sofre também são os criadores de gado e outros animais que necessitam de pastagens. O fogo consumiu boa parte dos pastos, já secos pela estiagem prolongada, o que facilita o alastramento dos incêndios. A alternativa que resta para o trato do gado leiteiro é a silagem (mistura de capim, milho e outros compostos orgânicos), cujo preço da saca subiu de R$ 12,90 para R$ 16,90 e até R$ 18,00 em menos de duas semanas. A consequência é a elevação de preços em toda a cadeia produtiva do leite e derivados para os produtores destas regiões.

NATUREZA

Além das questões econômicas, entre as quais o turismo rural, o meio ambiente vive uma situação trágica. Exemplares da fauna silvestres como maritacas, mutuns, pequenos pássaros; e inúmeros mamíferos (pacas, tatus, cutias) perecem nos incêndios, que aniquilam ainda espécies vegetais como o palmito Indaiá, protegido por lei, e outras espécies nativas como o ipê amarelo, as quaresmeiras, aroeiras e diversas outras árvores endêmicas desta região de serra. Estas espécies tem grande importância no equilíbrio ecológico, pois entram na cadeia alimentar e reprodutiva do ecossistema da Serra do Cocais, região onde se localiza grande parte das áreas atingidas por incêndios, seja em Ipatinga ou Paraíso.

NASCENTES

Outro sério agravante dos incêndios nestas áreas são as nascentes, olhos d’água, córregos e ribeirões. A maioria das nascentes que abastece a Bacia Hidrográfica do Ribeirão Ipanema, em Ipatinga, e Taquaruçu, em Paraíso, nasce na serra. Já debilitados pela seca, estes recursos naturais estão seriamente ameaçados, já que os incêndios atingem as nascentes – como é o caso do córrego Tribuna, afluente do ribeirão Ipanema –, ou as matas ciliares às margens de córregos e ribeirões, prejudicando seu desenvolvimento e reduzindo sua vazão, em alguns casos ao ponto de esgotamento.

SEM AÇÃO

As causas e conseqüências dos incêndios florestais na região, enfrentam um problema maior do que a grande estiagem e a falta de consciência: a completa desarticulação de ações em níveis municipal e estadual e entre os agentes interessados (empresas, comunidades, pequenos produtores, etc), além das autoridades constituídas para a tomada de medidas efetivas de combate ao fogo. A constituição de brigadas em cada uma das comunidades e formas de prepará-las e estimulá-las no combate ao incêndio; a realização de ações preventivas, como os aceiros e campanhas de esclarecimento, são alguns exemplos do que pode ser feito na prática para evitar um problema recorrente e que todo ano causa enorme prejuízo econômico, social e ambiental.

Você também pode gostar

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com