Cidades

Gleisi quer oposição total à reforma da Previdência: “só tira do povão”

Segundo deputada e presidente nacional do PT, municípios serão penalizados e alternativa da esquerda seria ser taxar os mais ricos

(DA REDAÇÃO) – A deputada federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, esteve no Vale do Aço nesta sexta-feira (29) para falar sobre o início das caravanas pela libertação do ex-presidente Lula e a oposição do partido à reforma da Previdência, que no seu entendimento deve ser uma oposição total e não apenas pontual .

Gleisi também comentou a fala de articulação do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados e apontou os malefícios que a reforma traz para a população brasileira, principalmente para os setores mais pobres da sociedade.

Gleisi Hoffmann durante breve encontro com a militância na Câmara Municipal de Ipatinga

Sobre as “caneladas” e o “bate-cabeça” do governo, já quase completando cem dias no Planalto, sem avançar em qualquer direção, Gleisi disse que pelo que se vem visto há uma falta de coordenação de sua base aliada, da relação com o Congresso. “Agora, o que me deixa mais espantada é que a maior parte do Congresso Nacional apoiou o presidente e o conhecia, porque ele foi deputado por 28 anos. Eles sabiam com quem estavam lidando, que ele tinha falta de relações políticas e mesmo assim apostaram nele. Agora, se dizem perplexos, que ele não tem capacidade para tocar e aprovar a reforma da Previdência. Aqueles que o apoiaram é que estão mais perplexos ainda”, comentou.

OPOSIÇÃO TOTAL

Segundo Gleisi, a questão da reforma da previdência é um problema para o País. “Para nós é importante que não seja aprovada, não para nós do PT, mas para o nós, o povo brasileiro, porque retira direitos, recai 70% em cima do Regime Geral da Previdência Social, em cima do abono salarial e em cima do Benefício da Prestação Continuada (BPC). Aumento a idade, o tempo de contribuição e reduz o Salário Mínimo. É a primeira vez desde 88 que vamos ter um dispositivo legal que permita que à pessoa ganhar menos de um salário. Em relação ao BPC, querem colocar um ganho inicial de R$ 400,00. O isso é um absurdo num País pobre como o Brasil em que 50% da população tem renda média de 2 salários. É você empobrecer mais.

IMPACTO NAS CIDADES

A deputada federal salienta que a redução dos benefícios da Previdência vai ter um impacto negativo nos municípios brasileiros, porque a renda da Previdência, da seguridade é uma renda importante para o desenvolvimento local, para o comércio e para a circulação de recursos. “Ao reduzir esses benefícios vai impactar quem já está aposentado também porque eles tiram da Constituição a obrigatoriedade de reajustar o benefício pela inflação, coisa que foi conquistada em 1988. Isso vai ter um impacto enorme na renda das pessoas. É muito ruim. Então a gente espera realmente que continue esta confusão e nós da oposição temos o desafio de falar para o povo o que está acontecendo, organizar a população para ir contra esta proposta”, defendeu.

TIRAR DOS RICOS

Questionado sobre os argumentos que defendem a reforma da Previdência como uma forma de manter o equilíbrio fiscal das contas públicas, Gleisi Hoffmann sustenta que a oposição à reforma deve ser total e que existem outros meios de buscar o equilíbrio fiscal. Gleisi defende uma ação tipo “Robin Hood”, que redistribua renda, tirando dos mais ricos.

“A gente faz oposição total. Se fôssemos governar, com o Haddad eleito, não seria esta a proposta. Não entraríamos no governo fazendo proposta para mudar a Previdência Social que é uma conquista de proteção da maioria do povo pobre do Brasil. A maioria não é rica, tem conta pra pagar, tem dificuldade, então nós vamos tirar direito desta população? Nós entraríamos, com certeza com uma reforma tributária. Para quê? Pra que rico comece a pagar imposto. Hoje o dividendo que é o lucro que o dono de uma empresa, de uma instituição financeira tem como remuneração não paga nada de imposto. Quem ganha muito não paga imposto, já o pobre que ganha pouco, ainda tem que pagar imposto”, justificou. 

QUAL A DIFERENÇA DOS MILITARES?

Hoffmann lembra que, quando no governo federal, o PT foi responsável por uma intervenção na Previdência Social: para mudar o regime próprio dos servidores e acabar com a história do servidor ganhar diferente do trabalhador celetista, do mercado. “Ou seja, quem entra no serviço público a partir de um determinado período para trás, não entra mais no sistema que era antigamente, entra no Regime Geral da Previdência ganhando certo e se quiser ganhar mais tem que pagar uma previdência complementar”.  

Ela criticou ainda o regime diferenciado para os militares. “Por que os militares tem que ter diferenciação como povo brasileiro?”, questionou.

A deputada criticou a ausência do ministro Paulo Guedes na audiência convocada pela Câmara dos Deputados. “Ele fugiu da última vez. Mas ele tem que explicar a reforma. Onde que ele vai combater os privilégios? Até agora ele não mostrou isso. Só o povão é que paga”.

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