Policia

Força-tarefa de BH conclui casos envolvendo policiais

IPATINGA – A Polícia Civil realiza nesta terça-feira (23) um balanço dos trabalhos realizados pelo Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) de Belo Horizonte em Ipatinga. Serão apresentados os resultados de apurações de casos onde os principais suspeitos são policiais civis ou militares. São crimes como a chacina de Revés do Belém, o desaparecimento de quatro menores de Santana do Paraíso, além da morte do jornalista Rodrigo Neto, executado a tiros em 8 de março deste ano.

O DIHPP montou uma força tarefa no Vale do Aço logo após o repórter ser morto, assumindo imediatamente as investigações sobre o caso. Após um mês da morte de Rodrigo, o chefe da Polícia Civil mineira, Cylton Brandão da Matta, anunciou em Ipatinga que o Departamento iria reabrir as investigações de outros 14 crimes ocorridos no Vale do Aço, cujas suspeitais de envolvimento recaíam sobre agentes de segurança. O anúncio foi feito dias antes da morte do repórter fotográfico Walgney Carvalho, assassinado a tiros em um pesque e pague de Coronel Fabriciano, em 14 de abril. A apuração deste crime também ficou a cargo da PC da capital mineira, que poderá esclarecê-lo também nesta terça.

Após cerca de 100 dias de investigações, a equipe do DIHPP conseguiu concluir cinco inquéritos e prender 10 policiais, sete civis e três militares. O caso mais antigo é o duplo homicídio ocorrido em 8 de fevereiro de 2007 na avenida Macapá, no Veneza, quando dois homens foram mortos a tiros no momento em que estavam em uma tradicional padaria do bairro.

Na ocasião, o mecânico Diunismar Vital Ferreira, o “Juninho”, de 41 anos, e o instalador de máquinas José Maria, 58 anos, foram assassinados por uma dupla que estava em sobre uma motocicleta. As investigações apontaram motivação passional para o crime, uma vez que a companheira de Diunismar vinha mantendo um relacionamento com o mandante do crime, um policial militar.

O capitão da PM Charles Clemencius Diniz Teixeira foi indiciado como autor intelectual do assassinato, juntamente com a ex-companheira de Diunismar e atual esposa do militar, também denunciada. Charles foi preso na última sexta-feira (19) em Belo Horizonte, enquanto a mulher irá responder em liberdade. As investigações, porém, não levaram a nenhum executor do crime.

Também foram concluídas as investigações da morte de um morador de rua ocorrida em 2009. O corpo de Célio Nunes foi encontrado em avançado estado de decomposição no dia 4 de abril do mesmo ano, em uma plantação de eucaliptos em Santana do Paraíso. O principal suspeito deste homicídio também é policial militar. O sargento Michel Luiz da Silva foi preso em junho deste ano pelo DIHPP, em Caratinga, onde era lotado. Além dele, também foi denunciado pelo Ministério Público um cabo da PM.

CIVIS

Policiais civis também foram apontados pela força tarefa de Belo Horizonte como autores de graves crimes contra a vida no Vale do Aço. No início deste mês, três investigadores foram indicados por um duplo homicídio ocorrido no distrito de Ipabinha, em Santana do Paraíso, em 2010. O lavador de carros Marcos Vinícius Lopes de Oliveira, 18 anos, e Glauco Antônio Lourenço, de 22 anos, tiveram seus corpos descobertos em julho, mas apenas agora o caso foi desvendado.

Os detetives Ronaldo de Oliveira Andrade, 40 anos, Fabrício de Oliveira Quenupe, 30 anos, e o também vereador Elton Pereira Costa, 46 anos, foram denunciados pelo MP como os principais responsáveis pelas mortes. Eles foram detidos e tiveram suas prisões temporárias convertidas em preventivas pela Justiça.

Também permanece preso desde 25 de abril, o cabo da Polícia Militar Victor Emmanuel Miranda de Andrade. Ele foi indiciado pela PC e acusado pelo Ministério Público pela morte de Cleidson Mendes do Nascimento, o “Cabeça”, de 26 anos. O rapaz era a principal testemunha de um outro assassinato ocorrido na cidade em 2007, cujo o principal suspeito era Victor Emmanuel. Ele foi assassinado a tiros por um homem em uma motocicleta no bairro Canaãzinho, em setembro de 2011. Por este crime, Victor teve sua prisão preventiva decretada e está à disposição da justiça. Victor ainda aparece como principal suspeito de pelo menos outros dois inquéritos investigados pelo DIHPP, que estão em andamento.

O mais emblemático dos casos desvendados pela força tarefa da capital mineira é o da chacina de Revés do Belém, onde, em 30 de outubro de 2011, os corpos de quatro adolescentes foram encontrados nus e com perfurações de arma de fogo na nuca, no distrito da Caratinga. John Enison da Silva, de 15 anos; Nilson Nascimento Campos, de 17 anos; Felipe Andrade, de 15 anos, e Eduardo Dias Gomes, de 16 anos, eram moradores do bairro Caravelas, em Ipatinga, e antes de desaparecerem foram vistos pela última vez na delegacia da cidade, onde chegaram a apedrejar uma viatura da PC.

Por este crime, foram presos e posteriormente indiciados quatro investigadores da PC: Leonardo Alves Correa, José Cassiano Ferreira Guarda, Jimmy Casseano Andrade e Ronaldo de Oliveira Andrade, que se encontram na casa de Custódia da instituição, no bairro Horto, em Belo Horizonte.


Leonardo Alves, José Cassiano, Jimmy Casseano…

 


…Ronaldo Oliveira, Elton Pereira, Fabrício Quenupe e…

 


...Lúcio Lírio Leal: policiais civis presos pela força tarefa do DIHPP

 

Execuções de repórteres poderão ser esclarecidas
Investigações sobre os dois crimes ainda não foram concluídas, mas acredita-se que casos estejam relacionados

Ipatinga – Além dos cinco casos concluídos, o DIHPP deverá fazer um balanço parcial dos crimes que ainda não foram totalmente esclarecidos. Nessa categoria, enquadram-se os assassinatos do jornalista Rodrigo Neto e do repórter fotográfico Walgney Carvalho.

Os dois crimes ainda não foram totalmente solucionados, mas acredita-se que possuam relação entre si. Rodrigo e Carvalho estavam trabalhando juntos no jornal Vale do Aço e foram executados em circunstâncias semelhantes, com um espaço de tempo de pouco mais de um mês. Entretanto, nos dois casos, as investigações vêm correndo em sigilo.

A execução de Rodrigo Neto já possui pelo menos dois envolvidos diretos presos: o investigador da Polícia Civil Lúcio Lírio Leal e Alessandro Neves, o Pitote, que é apontado como o executor do jornalista. O mandante e a motivação, contudo, ainda não estão claros e a expectativa é de que sejam revelados hoje.

Até o momento, foram presos pela força tarefa do DIHPP sete policiais civis e três militares, além de outros três que não pertencem a nenhuma das duas instituições. O balanço dos casos serão repassados à imprensa durante uma entrevista coletiva, na sede do 12º Departamento de Polícia Civil de Ipatinga.

TABELA

Casos reabertos pelo DIHPP que permanecem sob investigação
:

Caso Luizinho
Luís Alfredo Martins, o ‘Luisinho’, de 14 anos, foi morto e decapitado em março de 2008. O corpo nunca foi encontrado, mas a cabeça foi jogada na casa de um então capitão da PM de Ipatinga. O menor possuía diversas passagens pela polícia por furtos, arrombamentos e porte de drogas, além de um histórico de violências sexuais sofridas. O garoto também era testemunha em um inquérito que investigava uma rede de pedofilia em Ipatinga. O assassinato chegou a ser investigado por uma força-tarefa de Belo Horizonte, que na época não chegou a nenhum autor.

Japão

O traficante Maxwel de Oliveira Silva, de 30 anos, conhecido como Japão, foi morto no Centro de Ipatinga no dia 28 de junho de 2011 após sair da 1° Delegacia Regional da cidade. Japão havia reconhecido um cabo da Polícia Militar como sendo o autor dos disparos que o atingiram no dia 9 de junho do mesmo ano, em uma tentativa de homicídio. Na ocasião, ele chegou a entrar em luta corporal com acusado. As investigações seguem em andamento pelo DIHPP.

Chacina de Belo Oriente

Três pessoas de uma mesma família foram mortas durante a madrugada do dia 14 de fevereiro de 2006. Eles eram mãe, irmão e cunhado do montador de andaimes Juliano Batista Ferreira, que em 2005 assassinou um policial civil em Belo Oriente. Após isso, a família passou a sofrer retaliações de formas diversas. A chacina também chegou a ser apurada por uma equipe da capital mineira, mas foi arquivada por insuficiência de provas. O inquérito está sendo investigado pelo DIHPP, mas os autos permanecem na comarca de Açucena, que responde por Belo Oriente.

Daniel Silva Araújo
No dia 9 de abril de 2010, Daniel Silva Araújo, de 48 anos, foi executado com oito tiros nas costas enquanto estava debruçado sobre balcão de um bar na avenida José Antônio, localidade de Pedra Branca, zona rural de Ipatinga. O assassino chegou ao estabelecimento com um capacete de viseira escura na cabeça e fugiu sozinho em uma motocicleta Honda Titan prata. Daniel era principal testemunha do caso da missionária Anelise Teixeira, cujo corpo foi encontrado boiando na Lagoa Silvana em janeiro de 2007. Foi Daniel quem relacionou um cabo da PM com a morte de Anelise. O militar lotado em Ipatinga foi investigado, mas a única punição que sofreu foi uma transferência para a cidade de Belo Horizonte.

O pai de Daniel
O aposentado Sebastião Ludovino Siqueira, 66 anos, foi assassinado a tiros no dia 22 de fevereiro deste ano. Ele era pai de Daniel Wattson Costa, um dos envolvidos na morte do policial militar Amarildo Pereira de Moura e que na ocasião estava foragido. Dois dias depois da morte do pai, Daniel foi preso pela PM. O caso está em vias de ser concluído e dois homens foram presos por envolvimento na morte do idoso.

Irmãos
O pintor Ademir Almeida Pereira foi assassinado na noite de 21 de maio de 2009, na Avenida José Assis de Vasconcelos, no Bairro Bethânia. Ele foi alvejado com quatro disparos de um revólver calibre 38. Ademir era irmão de Admar de Almeida Pereira, o “Diná”, morto em 2005, aos 20 anos. Nos dois casos, o principal suspeito é o Policial Militar Victor Emmanuel Miranda de Andrade. Pelo homicídio de Diná, o policial chegou a ser levado a julgamento, mas foi absolvido. Pelo crime contra Ademir foi denunciado e se encontra preso em Belo Horizonte.

Coiotes
O vendedor Eduardo Luiz da Costa, de 40 anos, o ‘Dai’, foi executado com seis tiros por volta das 21h30 de 16 de agosto de 2007, na Rua Serra Negra, no bairro Jardim Panorama. Ele foi morto por um homem que estava sobre uma motocicleta de cor verde. O crime pode estar relacionado com um esquema de agenciamento de viagens para os Estados Unidos. A vítima havia retornado recentemente da América. Os suspeitos deste homicídio também aparecem como autores de outros crimes investigados pelo DIHPP.

Adolescentes do paraíso

No dia 29 de fevereiro de 2012, quatro jovens, com idades entre 13 e 19 anos, foram vistos pela última vez, no bairro Cidade Nova, em Santana do Paraíso, e nunca mais encontrados: nem vivos, nem mortos. Os quatro menores estavam em uma casa fazendo uso de drogas quando, segundo testemunhas, uma viatura da Polícia Civil realizou uma abordagem e levou os garotos, que até hoje não tiveram seus corpos localizados. Neste caso, a participação de investigadores da PC é fortemente cogitada, mas as investigações também correm sob segredo.

Caso Rafaela

Principal testemunha do desaparecimento dos quatro jovens de Santana do Paraíso, Rafaela Miranda de Jesus, 19 anos, foi morta em maio de 2012. Ela estava em uma motocicleta junto de seu companheiro quando dois homens em outra moto emparelharam com o veículo e então o carona sacou uma arma e disparou contra a jovem. Rafaela foi ferida no pescoço e cabeça e morreu quando era socorrida.

 

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