Cidades

Feridos em protesto se reúnem na OAB

As pessoas feridas durante o protesto estiveram ontem com os representantes da OAB para tratar sobre os encaminhamentos de apuração do ocorrido

IPATINGA – As quatro pessoas feridas durante a intervenção policial no ato público da última sexta-feira (3) se reuniram com o presidente da subseção da OAB de Ipatinga, Eduardo Figueiredo, e o advogado José Barbosa Andrade, presidente da comissão de Direitos Humanos. O intuíto do encontro foi ouvir a versão das vítimas e discutir os encaminhamentos a serem tomados para averiguar se houve excesso por parte dos policiais militares que participaram da ação.
Wiliam Pacheco, Elcione Silva e Lenice Almeida tiveram lesões causadas por um cão policial (pastor alemão) usado pela PM durante o protesto. Os três manifestantes foram até a Polícia Civil e fizeram uma representação formal por lesão corporal.
Em função da mordida, ainda tiveram que tomar vacina antirrábica e antitetânica. Os três serão submetidos a exames de corpo de delito, que também serão juntados para compor a representação contra as autoridades policiais.
“Não havia necessidade da presença de cães no protesto pois 90% dos presentes eram mulheres e crianças e ainda portadores de necessidades especiais. Era um movimento pacifico”, ponderou Wiliam.
Sobre a informação de que alguém teria chutado o cão policial, ele também argumentou que os vídeos gravados por uma equipe contratada pelos organizadores revelaram que em nenhum momento o animal for incitado.
“A grande verdade é que os militares falaram que as fotos não serviriam para provar nada contra eles. O policial que estava com o cão não poderia estar naquele local com multidão. As coisas não podiam acabar bem mesmo”, lamentou.

INCITAÇÃO AO CRIME
Outro questionamento levado ao conhecimento da comissão de Direitos Humanos da OAB foi a acusação contra Elias Ferreira, preso pela PM durante o protesto, de incitação ao crime. “Não agredi ninguém, diferente do que alegaram os policiais militares. Ao contrário, apanhei deles e o único jeito que tive para me defender foi desvencilhar deles. Fui injustiçado e vou procurar meus direitos junto às autoridades competentes”, declarou o agente cultural.

ENCAMINHAMENTOS
Segundo Eduardo Figueiredo, a OAB vai encaminhar ao Ministério Público um pedido de averiguação se houve excesso de força policial. Após protocolar a representação, a entidade vai solicitar dos coordenadores do ato público as provas que fundamentem a denúncia a ser encaminhada para a justiça.
“Nosso papel é intervir junto à promotoria de justiça e ao comando da Polícia Militar. Tenho uma reunião com o comandante e já discutirei com ele o que pode ser feito nesse sentido. Vai se apurar tudo que aconteceu, se houve excesso por parte da autoridade policial e dos manifestantes”, garantiu.

COMISSÃO
Os trabalhas de acompanhamento da comissão de Direitos Humanos da OAB começaram depois que Elias Ferreira foi detido. Por argumentação de José Barbosa, o delegado que atuou no caso não aceitou uma prisão em flagrante do agente cultural como incitação ao crime, e fez apenas um Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) contra Elias, por resistência à prisão.
“Vamos solicitar o conjunto probatório para as denúncias que recebemos. Já digo que a presença do cão policial foi um excesso visível da Policia Militar. Outro importante detalhe que precisamos atentar é que afirmaram que os manifestantes trancaram as portas de acesso da Prefeitura. Mas a fechadura das portas é pela parte de dentro, e até onde sabemos nenhum manifestante tinha chaves em seu poder”, apontou.

Comandante fala sobre ação policial
IPATINGA – O comandante do 14° Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Francisco Assis, disse na noite de ontem, após encontro com o prefeito Robson Gomes (PPS), que o trabalho dos militares foi correto. “A intenção era criar um canal de comunicação entre as lideranças do movimento e a Prefeitura. A presença policial era para garantir que a manifestação transcorresse com harmonia”, disse.
Assis revelou que na sexta-feira vários servidores ligaram para o 190 relatando que os manifestantes estavam impedindo acesso ao prédio, inviabilizando assim o expediente de trabalho. “A manifestação é legitima e democrática desde que não fira o direito do outro de ir e vir e do trabalho. Em nenhuma imagem ou depoimento mostra que os policiais usaram cassetete ou gás lacrimogêneo, o que demonstra ação pacificadora”, ponderou.
Sobre a reação do animal, o comandante voltou a afirmar que o cão policial foi machucado, por isso algumas pessoas foram feridas. Um médico veterinário examinou o cachorro e constatou a lesão na região genital.
“O cão é treinado, mas em virtude de ter sangrado, sua agressividade pode ter aumentado. Em nenhum momento ele foi atiçado pelo policial que o conduzia ou solto. Quem não chegou perto do policial com o animal não foi mordido. Agora quem afrontou os policiais acabou sofrendo lesões leves”, explicou.

MAIS FERIDOS
A autoridade policial também tomou conhecimento de manifestantes que usaram pedras durante o tumulto. “Algumas pessoas se armaram com pedras. Tanto que tivemos notícias de outros manifestantes que foram feridos por esse objeto. Quanto ao documento da OAB, tenho a dizer que vamos receber e determinar que se faça uma apuração detalhada dos fatos. É importante ressaltar que as pessoas podem se manifestar, dentro da legalidade”, falou.

DIÁLOGO
A pauta do encontro de ontem entre o tenente-coronel Assis e o prefeito Robson Gomes (PPS) foi para oferecer à Prefeitura a intermediação, por parte da Polícia Militar, de um encontro com os movimento sociais.
“Falamos para o chefe do Executivo qual o nosso papel dentro dessas circunstâncias. Nos colocamos à disposição para trabalhar em prol de uma solução. Vou procurar os coordenadores dos movimentos sociais e expor a eles também a mesma intenção”, afirmou.
Sobre as próximas manifestações públicas, o comandante pediu que as lideranças agendem previamente encontros com a autoridade policial, para que seja garantida a ordem e o direito da livre manifestação.


O comandante disse que vai abrir
procedimento investigativo

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