IPATINGA – Pelo menos 30 pessoas se manifestaram na porta do Ceresp de Ipatinga no início da noite desta quinta-feira (9). São esposas, mães e irmãos de presos contrários à greve dos agentes penitenciários prometida para este sábado.
Com cartazes e palavras de ordem, os manifestantes pediram pelo cumprimento dos direitos dos presos de receber visitas. Isto porque com a greve, a visitação na unidade prisional, assim como em todo Estado, ficará suspensa por tempo indeterminado.
A reportagem do DIÁRIO POPULAR conversou com a esposa de um detento. Ela pediu para não ter o nome divulgado temendo retaliação a ela e ao marido. A mulher disse entender a situação dos agentes, mas é contrária a suspensão das visitas. “Do mesmo jeito que eles reivindicam as coisas, nós também queremos reivindicar, porque nós somos muito mal tratadas por alguns agentes. Não são todos, mas alguns perseguem”, disse.
CONSTRANGIMENTO
A mulher contou que assim que os familiares ficaram sabendo da proposta de greve decidiram ir para a porta da unidade a fim de que consigam reverter o quadro. “Durante o dia eu liguei para cá e ainda disseram que haveria visita, mas já foi falado que não terá. É muito descaso com os parentes. Passamos por muitas situações constrangedoras”, disse.
Entre as situações, a esposa contou que no último fim de semana, várias pessoas não conseguiram entrar na unidade por causa de peças íntimas. “As nossas peças não podem ser vermelhas ou pretas. Eles falam que essas cores representam a SUAPI e por isso não podemos entrar com elas. A gente não vem mostrar roupa íntima no pátio. Tem coisas que não têm explicação. Mas infelizmente temos que obedecer, se não é pior”, reclamou, acrescentando que a proibição das visitas é um dos maiores abusos do direito dos presos e dos familiares.
“A gente não tem culpa do que está acontecendo com eles. Tem familiar que vem de outra cidade e dorme na porta. Muito constrangedor isso. Não queríamos essa manifestação, mas somos minoria e não temos onde recorrer”, finalizou.
A GREVE
Os agentes penitenciários de todo o Estado prometeram para este sábado o início de uma greve por tempo indeterminado. Os servidores reivindicam a aprovação da lei orgânica do sistema prisional, o abono fardamento, e ainda reclamam do atraso do cronograma do curso de formação de 2013, entre outras reivindicações.
Os agentes também denunciam a superlotação do sistema, e más condições do encarceramento dos presos e trabalho dos agentes.
