Cultura

Exposição celebra cinco décadas da Usiminas

As fotografias dialogam com o meio ambiente a partir do registro de imagens que sugerem uma sequência: do minério aos produtos       (Crédito: Rodrigo Zeferino)

IPATINGA – A fotografia e a palavra se unem em uma viagem que instiga a reflexão sobre a ação do homem na natureza. Essa é a proposta da exposição “Natureza e Transformação”, realizada pelo Instituto Cultural Usiminas em comemoração aos 50 anos da Usiminas e aos 10 anos do Teatro do Centro Cultural Usiminas. Com curadoria do artista plástico e designer Gringo Cardia, a mostra entra em cartaz na Galeria Hideo Kobayashi, no Centro Cultural, no dia 19 de outubro.
A mostra apresenta fotografias do ipatinguense Rodrigo Zeferino, do também mineiro Henry Yu, do carioca Cláudio Edinger, da catarinense Priscila Prade e do japonês Kei Takashima. As fotografias dialogam com o meio ambiente a partir do registro de imagens que sugerem uma sequência: o minério, o aço bruto, o aço transformado em produtos, a grandiosa arquitetura em aço e a natureza. Os sets fotográficos foram em Ipatinga e na região de Itatiaiuçu/MG, onde a empresa produz minério. Os outros sets foram em Niteroi-RJ, onde o universo modernista de Oscar Niemeyer dialoga com a proposta; e Tóquio, no Japão, com sua arquitetura contemporânea. Para a produção, a Usiminas doou peças em aço. Animais do Centro de Biodiversidade da Usiminas (Cebus) também foram fotografados.
“A exposição quer despertar em cada visitante a ideia de futuros desejáveis, possíveis e positivos neste universo atual das grandes questões que o mundo enfrenta de convivência e respeito ao ambiente e continuidade ao desenvolvimento. Mostrar que o homem é um animal inquieto e criativo que quer sempre descobrir e inventar mais coisas, porém agora com um novo pensamento baseado na ética do bem estar comum de todos juntos no planeta”, resume o curador Gringo Cardia.
A exposição está dividida em cinco salas, onde a imagem se une à palavra e à reflexão, por meio do trabalho dos cinco fotógrafos e, também, de cinco pensadores: Olgária Mattos, Carlos Antônio Brandão, Sérgio Alcides, Eduardo Jardim e o arquiteto Gustavo Penna. Os textos foram coordenados pela professora Heloísa Starling. Antes de cada sala, o público atravessa um espaço visual e cenográfico que corresponde ao tema a ser visto a seguir, com interação entre tecnologia, projeção e trilha sonora, visando uma espécie de “mergulho sensorial”. Resultado de um trabalho de mais de um ano de duração, “Natureza e Transformação” contou ainda com uma equipe de arquitetos, cenógrafos, designers gráficos, estilistas, maquiadores, além de inúmeros profissionais em cada ensaio. Em média, cada set contou com a participação de 70 pessoas.
No Palácio das Artes, onde ficou em cartaz entre os dias 3 de agosto e 2 de setembro, a exposição foi visitada por mais de 20 mil pessoas.

AS SALAS
– Terra In Natura, por Priscila Prade (fotos) e Olgária Mattos (texto): leva o espectador às paisagens das entranhas da Terra multicolorida, que representam o lugar original, onde o homem e os elementos essenciais se misturam ligados pela natureza e pelo planeta como um único ser: Gaia. Seres primordiais que tinham uma ligação total e visceral com o ambiente que nasceram, todos da mesma poeira que constituiu o nosso planeta – a poeira das estrelas do cosmos. Um tempo mitológico de seres perfeitos. Todos os atores foram pintados com as cores da terra onde foi feita a locação. A maquiadora trabalhou nos pigmentos extraídos a partir desta terra. A locação foi feita em Itatiaiuçu/MG.

– A Transformação, por Rodrigo Zeferino (fotos) e Carlos Antônio Brandão (texto): reflete a busca do homem em mudar as coisas, experimentar, observar, aprender com elas e delas fazer suas alquimias. A mão do homem transforma e modela novos materiais. Começa a grande viagem da cultura humana. Aqui, figuras humanas ao lado de imensas estruturas de aço, doadas pela Usiminas, mostram a capacidade do homem de criar. Segundo Gringo, este foi um dos mais difíceis sets de serem produzidos, pois cada peça pesava toneladas e todas foram tratadas como esculturas de arte e assim precisamente colocadas no meio da paisagem com delicadeza. Foi necessário quase uma semana de pré-produção envolvendo caminhões, guindastes e maquinaria pesada para compor um ambiente em que mostra a diferença de escala do homem físico e de sua obra. Grande parte das fotos foi realizada a madrugada quase sem luz nenhuma.

– A Arte Imita a Natureza, por Claudio Edinger (fotos) e Sérgio Alcides (texto): aqui, a figura humana dialoga com coisas que construímos a partir dos materiais que criamos e inventamos, utilidades que nos fazem viver melhor. Em um mundo construído que mistura presente e futuro almejado, várias utilidades feitas e construídas pelo homem se juntam à paisagem futurista de Oscar Niemeyer, transformando o cotidiano em uma experiência vibrante de alegria e de estética por um mundo inteiramente novo e diferenciado. O homem quer se reinventar com as próprias mãos.

– Utopia, por Kei Takashima (fotos) e Gustavo Penna (texto): este momento mostra que o homem quis alcançar o céu com suas cidades e suas megaestruturas. As urbes hoje são feitas de metal e parecem apontar um dedo insolente para o espaço. Construções a cada dia mais complexas arranham o céu, como se disputassem para ver qual delas chega mais alto e mais longe. Muito aqui se inspira no mito da Torre de Babel com suas línguas e diferentes propostas convivendo em um mesmo lugar. O homem quase quer sair de seu planeta e atingir o cosmos, e para isso utiliza toda sua arte e ciência por meio de belas estruturas que convivem com grandes aglomerações urbanas de pessoas diferentes. Esta locação foi inteiramente feita em Tóquio e se compôs de vários sets diferentes escolhidos em grandes construções que mostraram a ideia de inovação e arrojo tanto no presente atualíssimo como no modernismo do passado.

– O Olho do Mundo, por Henri Yu (fotos) e Eduardo Jardim (texto): por fim, leva o espectador a decifrar as maravilhas da natureza, no encontro com o olhar de seres que trazem nas suas veias e no seu sangue sentimentos muito parecidos com os nossos sentimentos essenciais e a nossa ligação primordial com a terra que foi esquecida e está sendo questionada e recuperada nas grandes questões ambientais do século XXI. A ideia dessa instalação é colocar essas grandes questões na fala de crianças que questionam o futuro e o presente por meio do texto da pensadora e economista Lala Deheinzelin, que junto com Gringo Cardia procurou adaptar essas questões a uma linguagem simbólica e de fácil entendimento, que traz conceitos como ética e mobilização para reconquistar nossa ligação primordial com o mundo. O planeta é tratado como uma grande mãe e o diálogo é sugerido por meio da intermediação do olhar de outros filhos – os animais, nossos irmãos de ventre. O vídeo que conta essa história de futuros desejáveis mostra crianças que se transformam em robots, animais e seres imaginados a partir de efeitos digitais, e foram criados por Gringo junto com a produtora Brokolis e o videoartista Andre Amparo. Quando entrar nessa sala, o espectador passará por um ambiente formado por 20 mil espécies de plantas vivas, originárias do viveiro do Centro de Biodiversidade Usiminas, em Ipatinga, e que durante a exposição serão tratadas com cuidados de estufa por especialistas e depois devolvidas a seu habitat natural. Os animais clicados por Henri Yu também são do Cebus do Vale do Aço, que abriga atualmente mais de 600 espécies da fauna.

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