Cidades

Ex-funcionários do Sindipa denunciam perseguição

Para o advogado demitido José da Silva Sobrinho (esq), “o Sindipa está nas mãos de paulistas”.  Luciano Ribeiro, técnico em Informática: postura dos diretores do sindicato não condiz com a de dirigentes de classe trabalhadora

DA REDAÇÃO – Após denúncias de que trabalhadores do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa) estavam sofrendo assédio moral e perseguição de diretores da entidade, o DIÁRIO POPULAR apurou que 11 funcionários do sindicato já foram demitidos após a troca de comando da entidade, em setembro de 2013.

Funcionários procurados pela redação do jornal não quiseram se pronunciar, com medo de retaliações. Entre os demitidos o clima é de indignação, pois eles acreditam que têm estabilidade devido a um acordo coletivo firmado entre o Sindipa e o Sintesemg (Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Sindicais no Estado de Minas Gerais) que vigoraria até o dia 30 de setembro de 2014.

Segundo a ex-assistente administrativo Ilma Cristina, a “Piba”, que trabalhou na entidade por mais de 26 anos, o clima após a posse da atual diretoria ficou insuportável. “Eles não enxergam os funcionários como profissionais. Não cumprimentam, nos isolam, e não nos deixam exercer nenhuma atividade. Nada pior do que nos sentir inúteis”, disse, indignada.

Ilma conta que foi demitida, em 15 de abril deste ano pelo atual presidente do Sindipa, Hélio Madaleno e o secretário de finanças, Geraldo Magela, que no momento alegaram redução do quadro, acrescentando ainda que pagariam o que fosse de direito e, caso contrário, se ela se sentisse lesada deveria procurar os seus direitos na justiça.

A ex-funcionária relata não ter recebido nenhum valor referente às verbas rescisórias. “Para demonstrar o tamanho despreparo desta atual diretoria, eles entraram na Justiça do Trabalho com uma reclamatória trabalhista contra mim ajuizando uma ação de consignação em pagamento por eu não ter aceitado a homologação do acerto proposto”, observou.

De acordo com a cópia da Ata de Audiência de Julgamento apresentada por Ilma, a juíza que apreciou a ação a julgou improcedente, porque a diretoria do Sindipa não havia depositado a indenização devida referente ao período de estabilidade. Além disso, aplicou uma multa no valor de R$ 2.200,00 por litigância de má-fé contra o sindicato, em favor da ex-funcionária.

Para o ex-advogado do Sindipa, José da Silva Sobrinho, além de perseguir os funcionários, o Sindipa, que era um dos grandes atores sociais de Ipatinga, perdeu completamente os laços com a cidade. “Fui demitido em 30 de junho e este é um grupo totalmente diferente da diretoria anterior. Os atuais administradores do Sindipa são ligados a grupos sindicais de São Paulo que não têm nenhum vínculo com Ipatinga. O maior sindicato do Vale do Aço hoje está nas mãos de paulistas, sob a máscara de diretores sem pulso”, lamentou Sobrinho.

Outro caso é o do técnico em Informática, Luciano Ribeiro, que por oito meses teve que se virar com pequenos serviços para tentar manter a esposa, dois filhos, pagar aluguel e cumprir com todos os seus compromissos de pai de família, após ser demitido do sindicato.

“Trabalhei lá um ano e nove meses e me dispensaram alegando redução de custos. Para receber meu acerto tive que entrar na Justiça. Minha Carteira de Trabalho só foi devolvida diante do juiz. Para pagar funcionário eles não têm dinheiro, mas para gastar com tinta e pintor pra deixar o prédio todo vermelho eles têm”, desabafa.

Para a auxiliar de serviços gerais, Iracilda da Silva e Souza, que trabalhou na entidade sindical por mais de 12 anos, a alegação da dispensa também foi para redução do quadro de funcionários. No entanto, ela acredita que outras coisas podem estar envolvidas em sua demissão. “Uma funcionária esteve no local de trabalho usando uma camisa da cor de um partido político e simplesmente me cumprimentou. Um dia depois me mandaram embora. Eu nunca faltei um dia de serviço e nunca deixei de cumprir rigorosamente meu serviço. Isso foi perseguição”.

Arrimo da casa, vivendo com o esposo afastado por acidente de trabalho e com três filhos para cuidar, Iracilda diz se sentir humilhada. “Atualmente tenho feito faxinas para nos manter e passo por dificuldades financeiras, porque só me pagaram o tempo trabalhado e não houve homologação no Ministério do Trabalho e Emprego. É assim que eles defendem trabalhador?”, indaga.


Ex-funcionárias do Sindipa, Rosilene, “Piba” e Iracilda, no prédio do
Ministério do Trabalho:  acordos não homologados

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