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Ex-diretores divergem sobre propina para caso Pasadena

(Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)

BRASÍLIA – A acareação dos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró foi realizada ontem, na comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção na petroleira. O primeiro assunto colocado pelos parlamentares para esclarecimento entre os dois foi o pagamento de propina no contrato da compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Na condição de diretor responsável, à época, pela compra da refinaria, Cerveró negou que tenha havido pagamento de propina nos contratos referentes a essa transação e em outros da Petrobras. “Eu desconhecia. Pelo fato de desconhecer, para mim, não havia [pagamento de propina]”, voltou a afirmar Cerveró hoje. Em seguida, questionado sobre uma carta escrita por ele que propiciou a compra da refinaria, ele disse que não recebeu propina por isso. “Eu não recebi nada, eu fiz um procedimento normal. Eu não recebi nada por essa carta”, reiterou.

PROPINA

Sobre o assunto, Paulo Roberto Costa se limitou a dizer que reitera o que já disse ao juiz Sérgio Moro, nos depoimentos que prestou em Curitiba. Em setembro, o Jornal Nacional, da TV Globo, informou que Costa havia admitido para o juiz ter recebido, ele próprio, R$ 1,5 milhão de propina pelo contrato da Refinaria de Pasadena.

No início da acareação, Costa foi o primeiro a falar e começou dizendo que tudo o que já disse nos depoimentos da delação premiada tem comprovação. “Não tem nada da delação que eu falei que eu não confirme. Porque a delação é um instrumento extremamente sério, não podem ser usados artifícios, não pode haver mentira, nem coisas que não se possa confirmar depois”, afirmou. “Falei de fatos, falei de dados, falei de pessoas. Na época oportuna, essas pessoas serão conhecidas”, enfatizou.

Paulo Roberto é apontado pela Polícia Federal como uma das pessoas no topo de uma organização que intermediava o pagamento de propina de empreiteiras a partidos políticos e agentes públicos para conseguir contratos com a Petrobras.

INDICAÇÃO
No início do depoimento de ontem na CPMI, ele se disse arrependido do que fez e até mesmo de ter aceitado uma indicação política para chegar ao cargo de diretor da Petrobras. Segundo ele, foi essa indicação que o levou à condição de réu atualmente. “Mas, em todos os governos, desde o governo Sarney, o governo Collor, o governo Itamar, o governo Fernando Henrique, o governo Lula e o governo Dilma, em todos os governos, só se chega ao cargo de diretor da Petrobras se tiver uma indicação política. E eu aceitei essa indicação, da qual me arrependo amargamente, porque agora estou aqui”, disse. De acordo com ele, o mesmo esquema que ocorre com obras da Petrobras repete-se em todos os contratos públicos feitos no país, incluindo ferrovias, portos e aeroportos.

DEFESA PAGA

Logo em seguida, Cerveró disse que sua defesa está sendo paga pela Petrobras por meio de um seguro que é feito pela companhia para custear a defesa de seus funcionários em processos que estejam relacionados à gestão. “Esse seguro só cobre a defesa. No caso de condenação ou dolo comprovado, o seguro tem que ser ressarcido pelo responsável”, esclareceu em seguida.

Nestor Cerveró começou a acareação comunicando aos parlamentares que não iria responder a perguntas formuladas com base em vazamento de informações do processo à imprensa. “Não vou responder a perguntas que sejam extraídas de possíveis vazamentos ou ilações da mídia. Não vou responder a perguntas que eu desconheço e que os senhores também desconhecem”, disse.

Ex-diretor se diz enojado e confirma delação sobre corrupção na Petrobras
BRASÍLIA –
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que pode confirmar tudo o que disse à Justiça sobre esquema de corrupção na Petrobras. “Não tem nada da delação que eu falei que eu não confirme. Falei de fatos, falei de dados, falei de pessoas. Na época oportuna, essas pessoas serão conhecidas”, disse.

Ele participou de acareação na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, que investiga denúncias de corrupção na petroleira. O ex-diretor disse que se sente “enojado” com o esquema de corrupção do qual fazia parte. Apesar disso, Costa negou que tenha levado o problema ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à ministra de Minas e Energia na época, Dilma Rousseff.

PASADENA

Costa e o também ex-diretor Nestor Cerveró responsabilizaram o Conselho de Administração da Petrobras pela compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, por um preço acima mercado.

“A responsabilidade pela compra de ativos da Petrobras, no Brasil e no exterior, cabe ao Conselho de Administração. Isso é uma questão estatutária”, disse Nestor Cerveró. A afirmativa dele foi reforçada por Costa. “A responsabilidade pelo estatuto da Petrobras, a responsabilidade final por aprovar a compra de um ativo como Pasadena é 100% do conselho”, disse.

Paulo Roberto Costa assinou acordo de delação premiada com a Justiça e disse ter detalhado como funcionava o esquema de corrupção e o pagamento de propinas por empreiteiras sobre contratos com a Petrobras. Em outro depoimento à Justiça, dessa vez sem o sigilo da delação premiada, Costa admitiu que ele mesmo era o responsável por recolher o dinheiro da propina paga aos partidos políticos PT, PP e PMDB.

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