Cultura

Em defesa da APA da Biquinha

Marinho Ramos Paco(*)

A criação da APA da Biquinha, iniciada em 2002 e concluída em 2006, se deu por uma grande vontade de seus criadores e pela vontade dos moradores da região, próxima à Biquinha, que incansavelmente colheram assinaturas de 5% do eleitorado fabricianense, para um abaixo-assinado, conforme determina a Lei Orgânica do Município, em apenas quatro meses. 

Vale ressaltar a participação em massa das igrejas católicas São Francisco, Santo Antônio e as escolas municipais e estaduais, como Alberto Giovanini e Polivalente.Com este documento em mãos e com a ajuda do Promotor de Justiça à época, o saudoso Herman Lott, foi elaborado um Projeto de Lei de iniciativa popular que foi votado e aprovado pela Câmara dos Vereadores, sob o aplauso da população e de diversos seguimentos da sociedade, principalmente o Rotary Club de Coronel Fabriciano Norte. 

A Lei criando a APA da Biquinha foi sancionada pelo então Sr. Prefeito Francisco Simões no seu segundo mandato, a quem os ambientalistas agradecem por ter enfrentado o poder econômico das multinacionais proprietárias da área.

Quando eu estava à frente do levantamento de assinaturas para o abaixo-assinado por diversas vezes me senti ameaçado por desconhecidos, certamente à mando de alguém que nunca teve a coragem de mostrar a cara. Tal atitude só fez aumentar a vontade e a garra em busca da criação da APA da Biquinha. 

Provavelmente, na revisão do Plano Diretor, eles agora vão agir da mesma forma, sorrateiramente. É preciso ser aguerrido e contar com o povo, só assim que se obtém êxito em prol do meio ambiente. 

Onde quer que eu tenha passado ao longo da minha vida, aqui e no exterior, eu nunca vi movimentos para acabar com árvores, parques ou reservas naturais, e sim, o contrário. É um contrassenso aniquilar ou destruir um bem que leva anos ou até séculos para crescer, principalmente, se esse bem faz bem ao ser humano. É preciso ser alguém com sede de vingança e insensível aos apelos da vida, seja ela da fauna, flora ou humana. A ganância financeira não justifica. Não é o bastante. Não compensa.

É preciso resistir. É preciso enfrentar. É preciso mostrar o caminho. Isto deve ser feito por quem sabe, junto ao povo. Se deixarem fazer o que querem, chegará o dia em que entrarão nos nossos jardins e depois nas nossas casas como se fossem donos.

Força Coronel Fabriciano. Cidade mãe, sempre ordeira e acolhedora, onde a solidariedade e o amor ao próximo predomina. Mesmo distante, em outras paragens, continuamos torcendo para que os benfeitores sejam lembrados e os malfeitores punidos pelo esquecimento.

“Viva a Biquinha! Abaixo os Depredadores!”

(*)Marinho Ramos Paco, ambientalista e rotariano, um dos fundadores da APA da Biquinha

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