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Em 15M, só se justifica ir às ruas contra Bolsonaro

(*) Fernando Benedito Jr.

As convocatórias para o ato fascista de 15M feitas pelo governo e pelos apoiadores do presidente da República insistem no discurso de resgatar o Brasil pela via do patriotismo, no juntos somos fortes e na defesa do governo, do golpismo, do fim da democracia. É uma pauta estranha, para dizer o mínimo. O presidente ganhou as eleições, definiu seu ministério e suas políticas, vai tocando seu barco como pode, revelando toda a incompetência do mundo para gerir a coisa pública. Não bateu um prego em nenhuma obra pública relevante, está vendendo todo o patrimônio nacional, sucateia a educação, não abriu uma vaga em hospital (e nem nas prisões que tanto defende), a fila das aposentadorias aumenta, assim como a pobreza, a economia segue apresentando péssimos indicadores. Esses mesmos governantes tem o despautério de convocar um ato em apoio a isso tudo, com o beneplácito de uma parcela significativa de empresários e seguidores idiotizados pelo temor da volta da comunismo, um fantasma inexistente que nem durante a guerra fria amedrontava tanto.

Vai lá a legião dos ignorantes a defender o fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal, o apoio a este governo que os fustiga com medidas impopulares, que os coloca na miséria, que lhes tira direitos e liberdades. Um governo que não abre um hospital, uma escola, uma universidade, que vilipendia o saber, a cultura, a tecnologia. Em um ano, o governo não abriu uma estrada, não construiu uma ponte, não fez um parque eólico, não construiu um navio, um avião, enfim, não fez nada. Limita-se a factoides idiotas, a inocular o ódio e proferir bravatas que são repetidas por seguidores que se comportam como autômatos e robôs, incapazes de pensar além da bolha, da curva que os leva à beira do abismo.

Ao longo do primeiro ano do governo, o que se viu foram manobras diversionistas para tentar ocultar da opinião pública o envolvimento com milícias, assassinatos, contravenções, esquemas de corrupção (caso Queiroz, do Laranjal do PSL, rachadinhas na ALERJ, privilégios e uso indevido da verba pública). Desnecessário dizer de quem era o culpado pelo fracasso do governo de milicianos.

– E a corrupção ? e o PT ? – questiona o séquito, toda vez que o debate esquenta, tentando justificar seus ataques fascistas, como se o PT fosse o pai e a mãe da corrupção, dos males e das impurezas da democracia, como se todo mundo fosse do PT e como se o PT fosse um monstro a ser combatido até a eternidade. Com o passado se aprende. Na verdade, tem-se aí, nesse arremedo de discurso, só mais um componente do fascismo bolsonarista, que é o ódio de classe.

O que importa é o que está acontecendo agora, é o ataque à democracia, o achincalhe das instituições, é a escalada da violência policial sob proteção do governo do ódio, é a normalização dos assassinatos, dos linchamentos, da censura, da violação dos direitos humanos, do desmatamento desenfreado, do desrespeito às mulheres, negros, índios e à liberdade de manifestação e expressão.

É contra essa bandalheira toda que é preciso se manifestar. É preciso ir às ruas contra o golpismo e o atentado à democracia e às instituições que a sustentam. No mais, é o governo tentando demonstrar força e atribuir a outrem a responsabilidade pela incompetência e incapacidade de dar resposta aos verdadeiros problemas que a sociedade enfrenta, entre eles, o coronavírus. Vá às ruas em 8 de março, 14 de março, 15 de março e 16 de março, contra Bolsonaro!

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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