Policia

‘Ele nasceu morto’, diz mãe que jogou bebê na lixeira de faculdade

IPATINGA – Já se encontra em liberdade a estudante de fisioterapia Alicia Lalau Souza, 19 anos, acusada pela polícia de matar um recém-nascido e depois jogá-lo no lixo em novembro do ano passado. A jovem foi solta na última terça-feira (19) durante uma audiência de instrução, quando ainda ficou definida a data do Júri Popular. Até o julgamento, marcado para 23 de setembro próximo, Alicia irá responder ao processo em liberdade.

A princípio, o Ministério Público (MP) denunciou a jovem no homicídio qualificado por motivo fútil. No entanto, nas alegações finais o MP pediu a retirada da qualificadora. Durante o depoimento em juízo, a acusada disse que o neném nasceu morto e que resolveu jogar o feto no lixo porque a família (muito religiosa) não podia saber da notícia da gravidez.

DEPOIMENTO

Consta nos autos do processo que Alicia teria engravidado durante uma relação sexual dentro de um carro com um homem em festa na Usipa. No depoimento, a jovem disse que nunca mais procurou pelo pai da criança, e que ao descobrir que estava grávida, guardou o segredo. “Ninguém desconfiou da gravidez, nem minha família, nem amigos íntimos e ninguém na faculdade. Mantive tudo em segredo até o nascimento. O bebê não chorou. Ele nasceu morto, disso eu tenho certeza”, disse Alicia.

A acusada revelou ainda que assim que soube da gravidez tomou vários medicamentos na tentativa de prejudicar a vida dela e a do bebê. Alicia relatou que no dia do parto sentiu dores durante a madrugada e foi ao banheiro de sua casa onde teve o bebê sem ajuda de nenhum instrumento. “Depois disso, eu o coloquei em uma bolsa e o deixei do lado do guarda-roupa por dois dias, pensando onde poderia deixá-lo. Não queria que minha mãe e irmã soubessem porque elas são muito católicas. Quando soube que um vizinho iria para Ipatinga, eu peguei carona e fui à faculdade porque tinha que fazer umas cópias. Lá eu tive a ideia de deixar o neném na lixeira do banheiro”.

A alegação de que o bebê nasceu morto não convenceu a promotoria, mas considerou que não é fútil ela ter ocultado a maternidade, já que ela tinha medo de como a família reagiria à notícia. Alicia será julgada por homicídio simples com uma agravante, já que o assassinato teria sido praticado contra um menor de 14 anos.

DESTINO
De acordo com o advogado de defesa Rodrigo Carmo, após dar à luz o filho morto, Alicia queria dar um destino para o feto e não sabia o que fazer. “Em momento algum ela disse que matou a criança. Confessou que jogou o filho na lixeira. Ela nem mesmo ficou com medo de ser descoberta, até porque minha cliente sabia que na faculdade havia câmeras que pudessem identificá-la. Ela só queria dar um destino para o filho que nasceu morto e não soube fazer isso da melhor forma”, disse o advogado Rodrigo Carmo.

CRIME E CUSTOS
A morte do recém-nascido, ocorrida em novembro do ano passado, teve grande repercussão à época, principalmente porque ele foi encontrado jogado na lixeira do banheiro de uma faculdade em Ipatinga. Alicia confessou à polícia que jogara o filho no lixo, após ter dado à luz sozinha em casa, no Naque.
O feto, já com nove meses, estava dentro de uma sacola de supermercado amarrada. Uma funcionária da instituição entrou no banheiro para limpar e encontrou o saco plástico com mau cheiro. Ao abrir a sacola, viu que era um feto, já sem vida. Ainda no depoimento de Alicia, ela disse que não estava preparada para ser mãe porque a criança daria “trabalho”, além de atrapalhar os estudos dela.

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