Cidades

Dividido entre Cecília e Lene, PT decide candidatura quinta-feira

IPATINGA – O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de Ipatinga realizou nesta terça-feira (1º de Maio) um encontro para discutir a candidatura na eleição de 3 de junho. A vaga é disputa pela vereadora Lene Teixeira e pela ex-prefeita Cecília Ferramenta. Em função do curto prazo para a eleição, o partido não realizará prévias. Foi aberto um prazo para inscrição de chapas, que se encerra nesta quinta-feira (3) e, então, o diretório do partido procederá a escolha da candidatura. Durante o encontro foi apresentada um documento do partido rechaçando qualquer aliança com setores ligados ao golpe de 2016 que depôs a ex-presidente Dilma Rousseff (ver abaixo a íntegra da Resolução). O documento cita explicitamente o deputado federal Leonardo Quintão; e seu pai, o ex-prefeito Sebastião Quintão, portanto, descartando-se qualquer aliança com o candidato Nardyello Rocha.
“O Partido que atualmente governa o Município representa os interesses de quem esteve no centro da articulação do golpe recente contra a democracia brasileira. O Deputado Federal, Leonardo Quintão, filho do agora Ex Prefeito Sebastião Quintão, foi um dos entusiastas do impedimento da Presidente Dilma na Câmara dos Deputados”, diz a Resolução.
Ainda conforme o documento, “qualquer proposta de governo que represente a continuidade dessa verdadeira pilhagem do governo local não será compactuada com o PT. Nossa política de alianças significa rompimento com o golpismo no âmbito nacional e com o oportunismo local, neste sentido, não há como estabelecer alianças com quem representa este segmento da política na eleição municipal.

RESOLUÇÃO POLÍTICA APROVADA DIA 1º DE MAIO DE 2018, PELO DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DE IPATINGA SOBRE A ELEIÇÃO EXTEMPORÂNEA CONVOCADA PELA JUSTIÇA ELEITORAL

1º de maio de 2018

FORTALECER A UNIDADE DO CAMPO DEMOCRÁTICO POPULAR, RETOMAR E APROFUNDAR A PARTICIPAÇÃO POPULAR NAS POLÍTICAS E RECUPERAR A CIDADE COM DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL COM SUSTENTABILIDADE!

Embora o PT e os demais partidos que disputaram as eleições de 2016 no Município de Ipatinga, em decorrência da ilegitimidade da candidatura de Sebastião Quintão, denunciada pelo nosso partido na campanha eleitoral e também junto ao Poder Judiciário, já esperassem por uma decisão que culminasse na convocação de novas eleições municipais, o desfecho ocorre num momento em que as liberdades democráticas no Brasil vêm sofrendo reveses perigosos associados a um sucateamento sem precedentes no programa social previsto na Constituição de 1988 e que vinha sendo implantado com maior ou menor velocidade e volume por um ou por outros governos, e que, a partir do ano de 2003, no primeiro Governo do Ex Presidente Lula ganhou ares de política de governo e teve sua implementação traduzida em inúmeros projetos de resgate social do imenso fosso existente entre os que detém o poder econômico e os despossuídos de mínimos direitos, e de geração de emprego e renda e de participação dos cidadãos no processo de elaboração e definição nas políticas públicas, que o professor Leonardo Avritzer e outros têm denominado de Democracia Participativa.
Assim como em Ipatinga, o PT, os movimentos sociais, o sindicalismo e os partidos de esquerda cresceram no Brasil e ocuparam lugar de destaque no cenário político mundial. Isto, como era de se esperar, provocou reações naqueles representantes do capital e da visão conservadora em nosso país. Arquitetaram mais uma vez um golpe contra a democracia, agora articulado e encaminhado por representantes do mercado, da comunicação e de políticos oportunistas. Se Magalhães Pinto, Ex Governador de Minas teve destaque nas articulações para o golpe militar em 1964, em 2015, outro mineiro, embora viva a maior parte do tempo entre Brasília e Rio de janeiro, Presidente do partido que governou o Brasil por 8 anos antes do PT, liderou, em conluio com o Vice Presidente e a parcela mais corrupta do MDB, novo golpe agora processado no âmbito do Congresso Nacional.
Se isto não bastasse, os setores da elite da comunicação vêm pautando o Poder Judiciário e os órgãos de controle no país no sentido da criminalização e exposição seletiva de políticos, membros do campo da esquerda, ensejando e incentivando demonstrações do reacionarismo violento de grupos conservadores e fascistas, até então sem expressão significativa no país. O discurso do ódio ao PT e às esquerdas, construído sobre um moralismo atroz e alucinado, que embora absurdo, tem conseguido por meio até de técnicas psicanalíticas de comunicação social, persuadir parcela significativa da juventude e de outros cidadãos de que a responsabilidade exclusiva pelas mazelas econômicas, políticas, sociais e éticas, é do PT, este, sinônimo de esquerdismo, comunismo, socialismo que é associada à suposta corrupção, depravação, e tudo isto representando ameaça à estabilidade do país, como se ela existisse. Temos visto que tal política hoje utilizando muito dos novos potenciais tecnológicos de comunicação, tem resultado em rebaixamento da capacidade de diálogo, eliminando a possibilidade de debate entre pessoas, inclusive integrantes de famílias ou grupos de colegas, amigos e causando desavenças e violência.
Jessé de Souza em livro recente afirma que elite econômica, verdadeira detentora do poder, utiliza a classe média moralista e em boa parte protofacista, para manter a exploração e criminalização dos excluídos ou dos antigos escravos, agora pretos e pardos, desempregados ou subempregados e discriminados, que ele resume, numa dura expressão de “a ralé brasileira”.
Essa energia conjuntural negativa é o ambiente ideal para um recrudescimento das instituições no sentido das correlações de forças internas potencializarem a atuação de setores mais conservadoras que se expressam em decisões antidemocráticos, contra o direito e, mais, suscitadoras de violência, como a que ocorreu com a Vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, assassinada em 14 de março de 2018, ou, nos inúmeros assassinatos ou atos de violência no campo e na cidade, culminando com a prisão arbitrária do Ex Presidente Lula.
Tudo enseja, mais do que nunca, ações, manifestações e posicionamentos no sentido da unidade do campo democrático popular. Não há como ter ilusão, o ódio se espalha e agride todas as pessoas que lutam por um mundo melhor. Não há alternativa senão a unidade das esquerdas para o enfrentamento nas ruas e nas instituições contra o recrudescimento estatal e mercadológico no Brasil. A interpretação desta unidade necessária foi explicitada e transformada em ato simbólico, quando da missa em memória de Marisa Leticia, antes de ser preso, Lula apresentar como também candidatos à Presidência da República, Manuela D’avila, do PCdoB e Guilherme Boulos do PSOL.

ELEIÇÃO EM IPATINGA, PRIMEIRO PASSO DA UNIDADE E DA RECUPERAÇÃO DA CIDADE E DA PARTICIPAÇÃO POPULAR
Neste ambiente político, o primeiro processo eleitoral em que a população irá se manifestar pelo voto, ainda no primeiro semestre, é a Eleição Extemporânea de Ipatinga. É uma oportunidade para a esquerda democrática de, num processo eleitoral concreto, demonstrar que a unidade não é só retórica e se traduz na prática. E que, respeitadas as diferenças entre as várias correntes de pensamento, se apresenta de forma unida e forte para o povo, convocando a todos para associar essa campanha ao processo político geral do país, evidenciar nossa indignação e disputar o voto democrático dos cidadãos ipatinguenses.
Ipatinga não é uma ilha, a crise econômica geral afeta frontalmente nossa cidade. A debilidade econômica atual aqui é maior porque nossa região foi tomada por um mercado rentista cuja prática tem sido a de predar regiões, sugando as potencialidades econômicas até então existentes, que são resultado da infraestrutura implantada pelo Estado brasileiro, até o momento que os governos Collor e FHC resolveram entregar esse patrimônio ao interesse privado.
As políticas neoliberais de privatização nos tiraram milhares de empregos diretos na Usiminas, Acesita e outras. A crise econômica atual, fato cíclico inerente ao sistema capitalista, associada à diminuição dos investimentos necessários por parte dos grupos econômicos que adquiriram as ações da Usiminas, Acesita, Cenibra e outros, tem contribuído para as dificuldades dos complexos industriais da região em disputar o mercado nacional e internacional do aço, o que resulta em redução da oferta de emprego e da renda local e regional.
Os políticos que vem ocupando a Prefeitura de Ipatinga neste mandato se caracterizam pela incompetência e falta de articulação política para administrar a cidade ou, tendo em vista que seus mandatos geralmente são de curto prazo, dadas as cassações que ilustram nosso cenário político, atuam no sentido de saquear a cidade e não resolver os problemas urbanos, sociais e econômicos.
O Partido que atualmente governa o Município representa os interesses de quem esteve no centro da articulação do golpe recente contra a democracia brasileira. O Deputado Federal, Leonardo Quintão, filho do agora Ex Prefeito Sebastião Quintão, foi um dos entusiastas do impedimento da Presidente Dilma na Câmara dos Deputados.
Qualquer proposta de governo que represente a continuidade dessa verdadeira pilhagem do governo local não será compactuada com o PT. Nossa política de alianças significa rompimento com o golpismo no âmbito nacional e com o oportunismo local, neste sentido, não há como estabelecer alianças com quem representa este segmento da política na eleição municipal.

ALIANÇA COM A CIDADANIA, OS MOVIMENTOS SOCIAIS, O SINDICALISMO DE LUTA E OS PARTIDOS DO CAMPO DEMOCRÁTICO E POPULAR
O PT de Ipatinga respeita a política de alianças experimentada nas eleições e no Governo do Estado de Minas Gerais. Comprometemo-nos ao engajamento total no sentido da reeleição do governador Fernando Pimentel e de eleição de uma ampla bancada federal e estadual, da Companheira Dilma Rousseff ao Senado Federal, e também do candidato do campo democrático popular à Presidência da República, que esperamos seja o Ex Presidente Lula, porém, não nos furtamos de, no nível local, determinarmos os limites das alianças que entendemos correta a fazer no Município e na região.
O momento é de buscar a recuperação e de elaboração de um projeto de cidade para Ipatinga que se caracterize pela sustentabilidade, empreendedorismo, que busque soluções a partir de seus potenciais de Capital Regional da Região Metropolitana da Vale do Aço, especialmente quanto à mão de obra qualificada disponível na cidade. O projeto de cidade deve ser de médio prazo e com a participação de todos os setores sem exceção, com vistas à construção do futuro melhor para nós cidadãos e nossos filhos e netos.
O Projeto de participação popular de Ipatinga já foi referenciado internacionalmente. O PT participará da campanha eleitoral conclamando os representantes dos movimentos sociais e os dirigentes dos sindicatos de luta dos trabalhadores para a disputa eleitoral, com vistas a empreender um governo cujas decisões sejam objeto de debate nos amplos fóruns de participação que pretende implantar.
Um projeto para a cidade não se deve fazer e não se faz sozinho. O PT exorta os seus aliados históricos e os integrantes do campo democrático popular, preocupados com a cidade, para elaboração de um plano conjunto e participativo para Ipatinga e Região do Vale do Aço.

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