Cidades

Cultura bolsonarista: turismo sexual, censura e fim da filosofia

(*) Fernando Benedito Jr.

A última semana, como todas as outras que a antecederam, foi marcada por mais polêmicas que a política do conservadorismo varejista do atual governo insiste em propagar. Durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse que o Brasil “não pode ser o país do turismo gay”.  O mandatário disse para sua infelicidade que, se alguém “quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. “O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias”, acrescentou.  A declaração foi dada quando Bolsonaro comentava a decisão do Museu Americano de História Natural de Nova York de não sediar uma homenagem a ele. Na ocasião, o prefeito da cidade, Bill de Blasio, chegou a chamar o presidente de “racista e homofóbico”.  

A declaração idiota e sexista do presidente, que repete em nível mais baixo a publicação do tweet sobre o “golden shower” durante o carnaval, coloca a mulher como prostituta ao sugerir que turismo gay não pode, mas turismo sexual com mulher pode. Esquece-se de que as mulheres também tem famílias, são a origem da família. Ou não tem mãe, o mandatário?

Campanha do governo do Maranhão, após a declaração do presidente

A burrice do presidente acabou provocando a reação e a ira dos destinos turísticos brasileiros e também nas redes sociais. Às vésperas dos festejos de São João, o governo maranhense não perdeu a deixa e divulgou a campanha publicitária dizendo que “O estado do Maranhão está à disposição do turista, a mulher maranhense, não”. “São João chegando e o Maranhão já está de portas abertas a todos os turistas, sem distinção. Mas as portas estão fechadas para a exploração da mulher, que merece respeito sempre, nos 4 cantos do país”, complementa o material turístico do governo maranhense.

O governo do Rio Grande do Norte, seguiu o exemplo:  “O estado do RN está a disposição do turista, a mulher potiguar, não”. E pelo País afora, diversas outras manifestações reafirmaram que a campanha # Ele Não é mais atual do que nunca.

Como se fosse pouco, Bolsonaro aproveitou o dia para vetar a divulgação de uma campanha publicitária do Banco do Brasil que defendia a diversidade. A peça era estrelada, entre outros, por jovens negros, tatuados e transexuais.

No sábado, acompanhado da primeira-dama, Michelle, o presidente Jair Bolsonaro visitou a família da menina Yasmin Alves, 8 anos, na Cidade da Estrutural. Bolsonaro explicou que a visita tinha o objetivo de desfazer um mal-entendido. Yasmin é a garotinha que apareceu em um vídeo no qual aparentava se recusar a cumprimentar o presidente, durante visita de estudantes ao Palácio do Planalto nesta semana. Desfeito o mal entendido, a economia nacional continua do mesmo jeito, o PIB per capita diminui, a inflação corrói, o desemprego aumenta…

Para finalizar, ainda no varejo, o cínico capitão aproveitou para reafirmar a ignorância presidencial decretando, mais uma vez no tweeter, porque aí não precisa escrever muito, que o ministro da Educação Abraham Weintrab “estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina”.

Mais uma pérola da inteligência governamental que demonstra o nível do atraso político, cultural e intelectual em que o Brasil se meteu, com a colaboração asinina de um enorme séquito que ainda hoje continua a aplaudir estas “medidas” míticas de seu principal ídolo.

Mas a semana só está começando, vejamos o que a inteligência bolsonarista nos reserva no decorrer dos próximos dias. As do 1º de Maio, não contam…

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do Diário Popular.

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