Policia

Crime na Boate Fênix envolvia dívida de drogas e vingança, diz delegado

CRÉDITOS: Circuito interno

IPATINGA – A Polícia Civil concluiu nesta terça-feira (23) o inquérito de um duplo homicídio que vitimou Pedro Henrique Matos dos Santos, 18 anos, e Igor Leonardo de Oliveira Gonçalves, de 19 anos. O crime ocorreu no interior da Boate Fenix, no Residencial Ayrton Senna, em Ipatinga. No atentado ficaram feridos ainda Kelly Andrade Mendes da Silva, 16 anos, e Gustavo Rodrigues Amaro, de 19 anos. Três dias após o crime a Polícia prendeu Bruno Marcos Costa, o “Bruninho”, 19 anos.No último final de semana foi preso Jeilson Heleno de Jesus Costa, 21 anos, que estava escondido na casa de familiares em Virgolândia, no Vale do Rio Doce.

Ao ser preso, Jeilson confessou ter participado do crime junto com o “Bruninho”, que no ano passado teria sido alvo de duas tentativas de homicídios cujos suspeitos seriam Pedro e Igor. Em entrevista à reportagem no dia em que foi preso, Bruno disse que se sentia aliviado pelas mortes, mas que não tinha intenção de ferir outras pessoas, o que ficou comprovado nas apurações da PC.

TRAMA
Jeilson foi preso por meio de um mandado de prisão expedido pelo Poder Judiciário de Ipatinga. O cerco foi montado com equipes das polícias Militar e Civil do Vale do Aço e de Virgolância. Após ser preso, o rapaz confessou o envolvimento no crime e explicou por que ele e Bruno resolveram arquitetar as mortes.

O preso disse que tinha desavenças com Pedro Henrique e ainda uma dívida de R$ 500 com Bruno, referente a drogas. Em entrevista coletiva, o delegado Gilmaro Alves, responsável pela conclusão do inquérito, explicou que Jeilson e Bruno resolveram se aliar para fazerem os acertos de contas.

“E, como Bruno Marcos também estava sendo ameaçado por Pedro Henrique e Igor, Jeilson acabou aceitando a proposta de Bruninho em participar no crime, e assim, além de se ver livre de Pedro Henrique, iria ver quitada sua dívida de droga com Bruno”, esclareceu o delegado, acrescentando que Bruno e Jeilson tiveram ajuda de uma terceira pessoa para levá-los à boate. “Este comparsa ficou aguardando no mesmo local, tendo permanecido no interior do automóvel, esperando para dar fuga aos mesmos”. O cúmplice da dupla ainda não foi preso.

IMAGENS
Câmeras do circuito interno de segurança mostram o momento em que os dois acusados entram no estabelecimento com armas em punhos e rendem os seguranças. O proprietário da boate também foi ouvido pela polícia. No depoimento ele disse que “estava monitorando as câmaras no momento em que dois indivíduos entraram no local com revólveres e efetuaram os disparos contra as vítimas (…), tanto Bruninho como Jeilson eram indivíduos envolvidos com vários crimes, e que constantemente frequentavam a boate, mesmo quando eram menores de idade”, disse o proprietário.

PARTICIPAÇÕES
No depoimento, Jeilson disse que foi o responsável pelos disparos que mataram Pedro Henrique, enquanto Bruno foi quem atirou em Igor de Oliveira. Ainda de acordo com o acusado, após os assassinatos, ele e o comparsa fugiram do local, sendo deixados no bairro Vale do Sol.

Jeilson contou que ficou escondido em um matagal nas proximidades de uma caixa d’água, e ao amanhecer chamou um mototáxi que o levou até a saída de Ipatinga, sentido à cidade de Governador Valadares, onde embarcou em um ônibus para GV, seguindo para Virgolândia.

Sobre as armas, Jeilson disse que durante a fuga passou os revólveres para Bruno Marcos, e como se separaram após a fuga, não soube dar informações sobre a localização das armas. A prisão temporária de Jeilson já foi convertida em preventiva segundo o delegado Gilmaro. “O acusado é contumaz na prática delitiva. Trata-se de um crime bárbaro, cruel e hediondo. Os autores não deram qualquer possibilidade de defesa às vítimas, além do contexto da emissão de disparos no interior de uma boate, sem qualquer preocupação em relação ao número de vítimas”, justificou o delegado sobre o pedido da preventiva.


Vítimas foram surpreendidas de costas pelos atiradores

Boate já foi palco de outros crimes

A Boate Fênix, localizada no bairro Canaã, próximo ao Residencial Ayrton Sena, carrega um legado de tiroteio, apreensões de armas, drogas, menores, tentativas de homicídios e agora assassinato. Sobre esta situação o delegado disse que a casa de shows ainda funciona porque possui documentação regular junto à prefeitura e Corpo de Bombeiros.

Ainda de acordo com Gilmaro, a preocupação é com a entrada de menores de idade no estabelecimento, que foi constatada nas imagens captadas no último crime. O delegado disse que providências estão sendo tomadas sobre este assunto, mas ainda não podem ser reveladas.

O proprietário do estabelecimento alegou em seu depoimento que a entrada de menores “é uma situação muito difícil de controlar, no entanto diz que em relação ao total de pessoas que entraram, a quantidade de menores é mínima e, no caso, em questão, pode afirmar que cerca de dez pessoas eram menores, inclusive a vítima Pedro Henrique.”

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