Nacionais

Cortes na educação e pesquisa da pele de tilápia

(*) Fernando Benedito Jr.

Os ataques do governo Bolsonaro à educação no Brasil que começaram com o tal kit gay, a mamadeira de piroca, Escola sem Partido, passaram pelos disparates contra Paulo Freire, a nomeação de um completo imbecil para o Ministério da Educação (depois substituído por outro) e agora configurados nos cortes orçamentários das universidades e institutos federais, pesquisas, financiamento de bolsas, etc, é o mínimo que se pode esperar de um governo de estúpidos. Não tem lógica nenhum um governo que defende armas, defender educação. Não faz sentido algum governo conservador, defender avanços. Vai buscar é o retrocesso mesmo, a ignorância, as trevas. E isso estão fazendo com brilhantismo. Se tem uma coisa que os bolsonaristas estúpidos podem se orgulhar é do desmonte da educação no País. Aí tem competência. Além de brasileiros pobres, vamos ter mais brasileiros ignorantes, analfabetos e uma Nação atrasada, que vai continuar pagando caro pela tecnologia dos outros porque é incapaz de investir na inteligência dos seus. E de quebra ainda teremos mais eleitores de ignorantes, fáceis de manipular, encabrestados pela ideologia da “não ideologia”, da “não política”, da “não escola”, do “não emprego”. Na ordem inversa de tudo, eis que chegamos ao progresso e à modernidade, aos novos e sombrios tempos. É o paraíso.

E na última live, para mostrar que os cortes em educação não são por ruindade, o governo convida a participar os pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) envolvidos no estudo do uso da pele de tilápia para o tratamento de queimaduras e feridas. Nada contra a pesquisa com pele de tilápia, mas contra o uso político da pesquisa para mostrar o quão preocupado está o governo com ciência no País. Num momento em que detona o orçamento das universidades e entrega aos EUA a base de Alcântara, soa irônico e cínico. E aí, os pesquisadores da UFC ou são ingênuos ou tolinhos. Ou não.

Na mesma live o ministro da Educação Abraham Weintraub, “o detonador de universidades”, voltou a dizer que o país passa por um processo de estabilização da situação econômica e que é preciso segurar os gastos no momento, mas negou haver corte. Weintraub ressaltou que salários e moradia estudantis não foram afetados, como se isso fosse suficiente para garantir a formação dos quadros técnicos, da mão-de-obra e da inteligência que o Brasil precisa.

Seguindo a linha do governo de minimizar suas trapalhadas, Weintraub saiu-se com esta:

– O que a gente está fazendo com elas [universidades]? Geralmente, de orçamento, elas têm R$ 1 bilhão por ano. Algumas tem mais, algumas menos. Nesse momento, que todo mundo está apertando o cinto, a gente não está mandando ninguém embora. Todo mundo está recebendo em dia, professor, técnico, todo mundo. Toda ajuda de refeitório, moradia para os estudantes está preservada.

E para exemplificar que o corte é pequeno em relação ao orçamento total da pasta, Weintraub exibiu 100 chocolates dispostos sobre a mesa e disse que no segundo semestre o orçamento integral poderá ser recomposto. “A gente está pedindo três chocolatinhos e meio [mostrando os chocolates]. Não estamos cortando. Deixa pra comer depois de setembro. É só isso que a gente está pedindo. A gente está pedindo para segurar um pouco, 3,5% dos 100% [do orçamento]. Aí ficam espalhando que a gente está cortando tudo”, afirmou, coitadinho, desmentindo a oposição.

É isso. Esse é o ministro da Educação e esta é a matemática que teremos. Melhorou em relação a da daquela senhora que queria ensinar matemática conforme a Bíblia? Melhorou. Mas certamente ainda podemos avançar muito mais. E avançaremos. Esperem só quando chegarmos à pós-modernidade bolsonarista.

(*) Fernando Benedito Jr.

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