Esportes

Corridas que valem como lições de vida

Pai orgulhoso de uma menina de 14 anos e com uma carreira bem consolidada na engenharia – reconhecida tanto na Usiminas, onde trabalha há 26 anos, quanto em instituições de ensino em que leciona e realiza palestras –, Antonio Augusto Genelhu Machado, de 45 anos, poderia se sentir plenamente realizado. Porém, foi ao decidir proporcionar o prazer da corrida, uma de suas grandes paixões, a pessoas com deficiência que a vida de Antonio ganhou ainda mais sentido.

Engenheiro da área de Energia e Utilidades na usina de Ipatinga, Antonio faz parte de uma família que sempre entendeu o valor do voluntariado e do trabalho, aproveitando as oportunidades oferecidas pela Usiminas, onde estão empregados três dos quatro irmãos. Por alguns anos, atuou em instituições como a Missão Resgate, onde participou de projetos como o Capacitar, que oferecia a crianças moradoras de áreas de risco aulas de reforço escolar, inglês e natação, entre outras atividades.

A descoberta da corrida, há 10 anos, abriu um novo caminho para que Antonio pudesse desafiar os seus limites e aprender a ajudar pessoas de uma forma pouco convencional. Fã de esportes, o engenheiro da Usiminas foi incentivado pelo professor de sua academia a participar de corridas de rua. Começou com provas de 10 km, logo passou para 18 km e, empolgado, se lançou ao desafio de completar uma maratona de 42 km. “Foi uma experiência chocante. Caí no meio da prova, algumas pessoas tiveram que ajudar porque fiquei muito desidratado. Entendi que não sabia nada e tinha que me preparar.”

Com empenho, Antonio chegou ao patamar profissional e hoje é ultra-maratonista, com participações frequentes em provas extenuantes como corridas acima dos 50 km, com duração de 24 horas ou sob temperaturas negativas. Em dezembro do ano passado, bateu seu recorde ao participar de sete maratonas de 42 km em sete dias. Além disso, tem treinado para participar de provas de ironman, uma modalidade do triatlo que exige bastante força e resistência.
Assistir a um vídeo de um pai de Curitiba levando o filho em uma cadeira de rodas durante uma prova de triatlo comoveu Antonio ao ponto de querer replicar a ideia.

“Junto com o colega Fabiano de Oliveira Soares, que treina comigo, decidi mobilizar amigos para participarmos de corridas acompanhando pessoas com deficiência”, explica o engenheiro. As cadeiras especiais, propícias para as corridas, foram emprestadas pela Casa da Esperança, fundada por Maria Lúcia Valadão, a Tia Lúcia. Aos cadeirantes, juntaram-se também irmãos com síndrome de Down, que já participaram de duas edições do Circuito Adidas Vale do Aço de Corrida de Rua 2016, em provas de 5 km.

A iniciativa se provou um sucesso e diversas pessoas interessaram em participar, mas, por enquanto, o grupo só conta com 10 cadeiras adaptadas. Para Antonio, a experiência tem sido transformadora. “Eu vejo sentido na corrida quando estou com eles. Eu achava que era uma pessoa resistente, mas aí comecei a correr com uma criança com dificuldades para se locomover, que se divertia mesmo chegando em último lugar e sem esperar nenhum aplauso. Aprendo muito mais do que posso ensinar.”

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