Policia

Corresponde bancário é assaltado duas vezes em janeiro

Depois de ser assaltado duas vezes, proprietário decidiu fechar o ponto      (Fotos: Gizelle Ferreira)

IPATINGA – A ousadia dos ladrões parece mesmo não ter fim. Quarta-feira (23) pela manhã, bandidos assaltaram um correspondente bancário da Caixa Econômica Federal na avenida Getúlio Vargas, no bairro Caravelas. Esta é a segunda vez em apenas dezesseis dias que o estabelecimento é assaltado. Indignado, o proprietário decidiu fechar o ponto.

Por volta de 10h, um indivíduo chegou armado e, com um capacete na cabeça, anunciou o roubo. A mulher que estava no caixa, sem esboçar reação, deu todo o dinheiro que ele pediu. Segundo as vítimas, o ladrão ficou insatisfeito com a quantia e os ameaçou de morte caso não lhe dessem mais dinheiro. Depois de conseguir moedas, ele correu e entrou em um Gol, onde estavam os comparsas.

PERSEGUIÇÃO
Revoltado com a ação, o proprietário do correspondente bancário, Marcone Malaquias, de 35 anos, tomou uma atitude impensada. De moto, ele seguiu os bandidos até a BR-381, onde avistou uma viatura da Polícia Militar Rodoviária, que saiu no encalço dos bandidos. Dois suspeitos foram presos na Estrada das Lavadeiras (que dá acesso ao bairro Bom Jardim) e um ainda continua sendo procurado pela polícia.

Marcone disse que resolveu perseguir os ladrões porque já estava revoltado com o primeiro assalto, no qual os autores ficaram impunes. “Na verdade eu jamais iria lutar contra ele, mas eu os acompanhei de longe até avistar uma viatura e passar as informações e os bandidos pudessem ser presos”, disse, acrescentando que se não tivesse dado a sorte de encontrar uma viatura policial, iria persegui-los até o fim. “Eu ia segui-los até onde eles fossem, e quando chegasse lá logicamente eu ia chamar a viatura”, afirma.

SEGUNDA VEZ
Em dezesseis dias esta é a segunda vez que o correspondente bancário é assaltado. A primeira ação ocorreu no dia 7 de janeiro, quando três homens – que também estavam em um Gol – invadiram o local e anunciaram o roubo. Dois deles estavam armados. O trio rendeu um cliente e se dirigiu ao caixa, de onde levaram uma quantia aproximada de R$ 26 mil. Na ocasião, os suspeitos (menores) foram apreendidos e depois liberados. Da quantia levada, foram recuperados cerca de R$ 13 mil.

Marcone conta que por causa deste primeiro assalto tomou algumas providências para reforçar a segurança do estabelecimento, mas nem isso adiantou. “Está muito complicado. A polícia prende, mas aí o sistema Judiciário solta porque a lei dá cobertura para um bandido ficar em liberdade porque ele é menor”, diz revoltado.

O proprietário vai fechar o ponto que atende a toda a população dos bairros Caravelas, Veneza, Jardim Panorama e Canaãzinho. O correspondente bancário funcionava para pagamento de contas, empréstimos, saques, além de uma imobiliária. “Já está fechado e não vai ter o caixa para prestar esses serviços para a comunidade”, lamenta.


Polícia recuperou parte do dinheiro roubado e apreendeu a arma utilizada no crime

CARA DE PAU
Durante a perseguição, dois suspeitos foram presos. Um deles, identificado como R.R.S., 27 anos, teve que ser levado ao Pronto Socorro Municipal porque se feriu ao correr da polícia. O outro, Valteir da Silva, 25 anos, foi detido e confessou a ação criminosa. O acusado é do Estado do Mato Grosso, e atualmente é foragido da Comarca de Inhapim, onde cumpria pena por homicídio e associação ao tráfico de drogas. Há quatros meses, quando obteve o benefício da saída temporária, não retornou à cadeia.

Valteir contou à reportagem que foi ele quem entrou no estabelecimento, apontou a arma e roubou o dinheiro, enquanto seus comparsas o aguardavam em um carro. “A idéia foi minha mesmo porque eu precisava ir embora para o Mato Grosso aí acabei que me envolvi nessa porqueira aí. Infelizmente, para o crime, arma, carro e comparsas, é rápido de arranjar”, diz.

O acusado alega que nunca tinha se envolvido em assalto. Em certos momentos, demonstrou certo arrependimento quando se lembrou da filha. Mas depois mandou um recado atrevido para a população do Caravelas, que ficou sem o correspondente bancário: “Vai em outro né?”.
Do dinheiro roubado, pouco mais de R$ 2 mil, a polícia recuperou R$ 1.269, além do revólver calibre 38 usado no assalto, o veículo Gol, um capuz e três celulares.

IMPUNIDADE
As constantes ocorrências de assaltos, furtos e homicídios no Caravelas fizeram com que a PM reforçasse a segurança no bairro. Na noite de anteontem (22), a reportagem constatou a ronda de várias viaturas, além da Base Comunitária Móvel, bem em frente ao correspondente bancário assaltado ontem.

Para o sargento Lucas, que participou da ocorrência desta quarta-feira (23), para que o trabalho da polícia tenha o resultado esperado pela população, é preciso que haja punição aos criminosos. “A PM tem trabalhado no sentido de dificultar as ações dos autores, contudo, muitas vezes, as ocorrências constantes ocorrem por falta de punição”, considera.

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