Cidades

Conselho de Saúde faz extraordinária e decide que contratos devem ser revistos

Os conselheiros aprovaram a revisão de todos os convênios da Prefeitura e o cancelamento das consultorias

 

IPATINGA – Durante reunião extraordinária do Conselho Municipal de Saúde, realizada na noite de quinta-feira (19), no 7° andar da Prefeitura de Ipatinga, os conselheiros debateram a situação da saúde pública no município.
No início do encontro, foram apresentados os relatórios das atividades de vários departamentos da pasta. Mas os recentes problemas do Hospital Municipal Eliane Martins tiveram maior destaque.
Antes do presidente do conselho, José Lameira, passar a palavra ao diretor da unidade hospitalar, Eclair Fensk, para falar sobre a situação dos funcionários, atendimentos e pacientes internados, foi apresentado por uma funcionária da Secretaria Municipal de Saúde um programa de prevenção ao câncer de colo de útero.

HPV
De autoria do secretário da pasta, Wagner Barbalho, que mesmo não estando presente ao encontro encaminhou a proposta para análise, o projeto de vacinação contra HPV foi orçado em aproximadamente R$ 14 milhões.
Nos últimos 10 anos, foram registrados 127 óbitos no município em função da doença. Mas, por ser uma vacina não fornecida pelo SUS, o governo teria que buscar ajuda financeira junto ao estado e União para viabilizar o projeto.
Na primeira fase, seriam distribuídas três doses da vacina a um público de 9.700 mulheres, que a um preço unitário sairia por R$ 130. Já na segunda fase, a vacinação abrangeria 26 mil pacientes também em três fases.
Contudo, a proposta do secretário foi rejeitada por unanimidade pelos conselheiros sob a alegação que há políticas públicas mais emergenciais na saúde municipal. Um dos membros chegou a dizer que o projeto seria viável se a gestão na saúde do município tivesse estruturada.
Outra decisão tomada pelo Conselho diz respeito ao corte de consultorias e à revisão dos contratos e convênios realizados pela Secretaria de Saúde, haja vista que a gestão atual contribuiu para a falta de recursos em áreas essenciais. Como se trata de órgão deliberativo, a decisão constou em ata e será encaminhada ao titular da pasta para seu cumprimento.

HOSPITAL
O diretor do Hospital Municipal destacou que, de janeiro a 30 de junho deste ano, a unidade atendeu diretamente 90.522 pacientes, com um volume diário acima de 500 consultas.
Segundo o gestor, parte dessa demanda poderia ser resolvida pelas equipes de Programa de Saúde da Família (PSF), nas unidades de saúde, pois são pacientes de demanda ambulatorial. “Nossa comunidade precisa criar o hábito de ir ao posto. Nos últimos seis meses, vivemos um problema de estagnação, que se agravou com o corte de horas-extras”, falou.

ORGANIZAÇÃO
Eclair apontou vários erros de gestão encontrados no hospital, tais como a falta de cargos de diretoria necessários para a estruturação do serviço. Ele exemplificou que, no hospital, havia funcionários recebendo horas extras como forma de justificar um cargo de coordenação, como era o caso do diretor clínico.
“Havia o pagamento de 500 horas/mês por conta dos cargos de diretoria. Para consertar essa situação, encaminhei à Procuradoria um projeto para modificar o organograma da unidade”, explicou.
O diretor declarou que todas as funções do hospital possuem déficit, mas especialmente nos casos de auxiliares de serviços gerais, técnicos de enfermagem e funcionários administrativos.

INTERNADOS
Na semana passada, havia 180 pacientes internados na unidade no momento mais crítico – desse total, 60 receberam alta e atualmente há 120 doentes. Para atender a essa demanda, foi feito um remanejamento nas escalas do hospital e o atendimento foi restrito aos pacientes graves e de emergência.
“Trouxemos vários funcionários que estavam em desvio de função para dar um mínimo de estrutura para a manutenção desses atendimentos. Alguns serviços estão sendo sacrificados para suprir a necessidade técnica”, declarou.
Mesmo com as readequações promovidas pelo diretor, ainda há déficit de cargos, tais como motorista para dirigir ambulância em um dia da semana.

OFENSAS
Pouco depois de explanar sobre as medidas tomadas dentro do Hospital, o diretor Eclair ironizou a reportagem do DIÁRIO POPULAR, publicada no dia 11 deste mês, em que foi noticiado o corte de horas extras dos servidores. O gestor afirmou que as declarações publicadas ‘eram de cunho eleitoreiro’, e que o conselheiro de saúde entrevistado na matéria procurou o jornal para ‘fazer palanque político.
Diante das afirmações infundadas, as reportagens da Rádio Itatiaia e do DIÁRIO POPULAR, que acompanhavam a reunião do Conselho Municipal de Saúde, optaram por se retirar do prédio da Prefeitura.

Denúncia de assédio dentro do Hospital
Ipatinga
Além do excesso de jornada de trabalho a que são submetidos, os servidores do Hospital Municipal Elaine Martins também convivem com a pressão psicológica exercida pela direção da unidade.
Os rumores de assédio moral cometido contra funcionários pela gerência já foram relatados pelo Sindicato dos Servidores Públicos de Ipatinga (Sintserpi) em informativos da categoria.
O caso mais recente de abuso de poder foi cometido contra o motorista Everaldo Fernandes que, após denunciar irregularidades na frota de carros do Hospital, acabou transferido pela direção, e posteriormente demitido.
“No meu contrato de serviço, constava que minha atribuição era efetuar o controle da documentação do veículo e providenciar sua atualização. Só que ao tentar fazer isso, fui perseguido”, relatou.
O servidor aprovado em processo seletivo deste ano se recusou a dirigir o carro porque a documentação estava vencida. Após isso, ao denunciar o caso ao sindicato, o motorista começou a ser perseguido.
“Fui perseguido pela direção do hospital. Isso é abuso de poder, pois quando questionei a situação do veículo, estava apenas cumprindo com a minha obrigação”, denunciou.
Por se sentir injustiçado ao ser colocado à disposição pela direção, Everaldo protocolou no Ministério Público uma representação contra a Prefeitura de Ipatinga e a direção do HMI.


Everaldo Fernandes acabou afastado de suas
funções pela direção do HMI após denunciar
irregularidades na documentação dos carros da unidade

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