Policia

CIA está longe de ser implantado

Segundo Jeferson Botelho, não existe data definitiva para a implantação do CIA provisório

IPATINGA – A criminalidade crescente entre os adolescentes tem provocado comportamentos extremos por parte dos pais. O uso excessivo de drogas atrelado ao tráfico de entorpecentes quase sempre vem seguido de outros crimes violentos como os assaltos à mão armada e os homicídios. As consequências no seio familiar são danosas e muitas vezes irreparáveis.
Diante do quadro caótico, mães estão desesperadas em busca de solução para os filhos dependentes de drogas e à mercê da criminalidade. Na semana passada, três adolescentes foram apreendidos em um único dia em intervalos de poucos minutos. Enquanto a reportagem do “DIÁRIO POPULAR” colhia as informações na 152ª Cia. da PM, uma mãe que acompanhava o filho acusado de tráfico de drogas chorava desesperadamente após vê-lo ser novamente apreendido.
Essa mãe procurou pela equipe de reportagem no dia e desabafou. Disse que o filho, um adolescente de 14 anos, há três anos não faz outra coisa na vida a não ser vender drogas. “Ele dorme fora de casa, chega 5h da manhã, fica só na rua vendendo droga. Não quer trabalhar, fazer nada. A vida dele é só vender essas porcarias”, disse.
A mulher disse estar desesperada com a situação do filho e por causa disso já chamou várias vezes o Conselho Tutelar para pedir ajuda, indo até mesmo à Vara da Infância e Juventude implorar pela internação do menor em um Centro de Medidas Socioeducativas. “Disseram que tenho que aguardar. Dizem que são muito adolescentes à espera de vagas. Já corri atrás para internar meu filho. Não fico de braços cruzados. Ele é muito agressivo. A gente não pode nem olhar para ele, que ele já se irrita e briga”, relata.
Antes mesmo de o menor ter sido conduzido à delegacia para ser ouvido, a mãe dele já sabia o fim da história. “Vai ficar naquela mesma história de sempre, entendeu? Nada resolvido. Queria que as autoridades fizessem alguma coisa. Quem dera se alguém me ajudasse a internar meu filho”, desabafou, sem muita esperança.

GARRUCHA
No mesmo dia, um menino de 13 anos foi apreendido com um revólver calibre 32, no bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano. Ele já foi apreendido 11 vezes por diversas ocorrências, como furto, roubo à mão armada e arrombamento. A arma encontrada com o garoto estava sem munição, mas, para o sargento Martins, que efetuou a apreensão do garoto, mesmo descarregado o revólver pode oferecer graves ameaças à uma vítima de assalto.
Ao ser apreendido o menor confessou friamente que mantinha a arma guardada em casa e justificou: “É para minha segurança. Tem umas pessoas me ameaçando. Lá no bairro ninguém gosta de mim”, afirma. Ao lado do menor, estava a mãe dele. Muito nervosa por mais uma vez ter que buscar o filho, afirma que não aguenta mais a situação. “Ele chega em casa só de manhã, está usando muita droga, furtando demais. Já pedi à justiça a internação do meu filho antes que eu o veja morto”, disse, desolada.

SOLUÇÃO
A solução imediata para o problema seria a implantação de um Centro de Internação Provisória para os menores infratores. A unidade foi prometida em junho deste ano pelo governo do Estado para ser inaugurada em meados do mês de outubro.
A data está próxima, e pelo visto nada de concreto está perto de ocorrer. Isto porque o local – onde seria implantado o centro provisório – precisa ser desocupado pela Comunidade Rios de Água Viva, que atende pessoas em tratamento de dependência química.
O presidente da instituição, Fernando Januário, já deixou claro que só deixará o espaço – que é cedido pelo governo do Estado – caso tenha outro local para construir a nova sede da instituição. Até o momento, não existe nenhum terreno a ser doado para a associação. O impasse está na justiça, pois o Estado quer reaver o terreno.

SEM PREVISÃO

Em sua passagem recente pelo Vale do Aço, o novo Superintendente de Investigações da Polícia Civil Jeferson Botelho demonstrou preocupação quanto ao problema dos menores e disse que o governo do Estado, por meio do secretário de Defesa Social, Rômulo Ferraz, tem se esforçado para resolver o problema dos menores infratores do Vale do Aço.
Em sua opinião, o encarceramento dos menores seria a última medida. “Hoje não se enfrenta a criminalidade do menor com internação. Nós temos que trabalhar os jovens no esporte, na educação e lazer, na inclusão social, para depois recorrer à polícia”, afirma.
Botelho reafirmou que existe, sim, um interesse do governo em implantar o CIA provisório no Vale do Aço. Mas, ao ser questionado sobre a data, o superintendente disse que não há previsão. “Não tem ainda uma data definitiva para a implantação do CIA provisório”, disse.

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