Policia

Briga de vizinhos acaba em morte na rua Salmos

Ronan Barbosa alegou que matou o serralheiro senão iria morrer, já que Rubens jurou vingança após uma briga que tiveram no domingo

IPATINGA – Um desentendimento entre vizinhos é apontado como a principal causa para um homicídio ocorrido no início da manhã de ontem (12), na rua Salmos, 126, bairro Canaãzinho.
O ajudante Ronan Barbosa dos Santos, 24 anos, confessou ao DIÁRIO POPULAR ter atirado contra o serralheiro Rubens Pena, 45 anos. O único tiro que atingiu a vítima na região lombar foi letal.

A Polícia Militar chegou ao local do crime por volta das 7h40, depois de uma denúncia anônima. Os policiais se depararam com a porta da serralheria aberta e o corpo de Rubens estirado próximo à escada que dá acesso à residência dele.

Após constatar que a vítima estava morta, os militares acionaram a perícia da Polícia Civil e isolaram o local. Depois de coletar provas para a investigação, o corpo de Rubens foi liberado para o IML.
Segundo os vizinhos, um disparo de arma de fogo foi ouvido na rua Salmos, por volta das 6h30. Após o barulho, alguns curiosos chegaram a sair de casa para ver o que tinha acontecido, mas nada tinha chamado a atenção.

Apenas quando a viatura da PM chegou na entrada da serralheira é que o corpo de Rubens foi encontrado. No último domingo (10), Ronan e Rubens tiveram uma desavença, cujo motivo ainda não foi revelado.
Em função da briga, os dois homens entraram em luta corporal e chegaram a ser encaminhados pela PM ao Hospital Municipal de Ipatinga. Aos vizinhos, Rubens afirmou que se vingaria de Ronan, motivo que levou o autor confesso a adquirir uma arma de fogo. A vítima e autor moram na mesma rua há pelo menos 20 anos.

BALAS
“Ele mostrou 10 balas de revólver para minha filha de 4 anos e disse que me mataria. Assustada, ela correu para perto da mãe e contou o que o Rubens havia falado. Ele disse para várias pessoas que a rua Salmos ficaria pequena para nós dois”, contou o autor.

Ronan revelou à reportagem que pela manhã, ao sair de casa, encontrou-se por acaso com o serralheiro na entrada na rua, momento em que Rubens teria corrido para dentro de casa a fim de buscar uma arma de fogo.
“Quando percebi que ele ia correr para buscar uma arma, saquei o revólver e atirei sem rumo. Já estava armado porque sabia da intenção dele de me matar. Matei para não morrer”, alegou.

Após atirar contra Rubens, Ronan disse que desceu o morro a pé sentido a avenida Gerasa e foi até o bairro Vila Celeste para dispensar o revólver no ribeirão Ipanema. Ao se livrar da arma do crime, o jovem retornou para a rua Macabeus e seguiu para a casa de F.F.S.. “Entrei na casa do F. pois estava com sede e os policias chegaram quando bebia água no tanque. Então prenderam nós dois e disseram que ele também estava envolvido. Só que matei o Rubens sozinho”, confirmou.

Sobre a arma do crime, Ronan não quis revelar o preço e nem quanto pagou pelo revólver. Ele apenas fez questão de ressaltar que dispensou o objeto depois de alvejar o serralheiro. “Agora é menos um para dar dor de cabeça. Graças a Deus não morri, matei primeiro para minhas filhas não terem que chorar em volta do meu caixão. Depois que atirei nele (Rubens), andei sem rumo, não sabia para onde ir pois não tinha dinheiro para ir muito longe ou mesmo fugir. O F. não tem nada haver com isso”, insistiu.

DROGAS
Com a filha de apenas dois anos no colo, Anelise Domingas da Silva contou que o marido passou a noite de segunda-feira (11) se drogando pela rua, por isso não sabia de seu paradeiro. Nem mesmo ontem pela manhã ela chegou a ver o esposo.

“O Ronan é usuário, como todo mundo sabe. Só que ele teve uma discussão com o Rubens e por causa da briga meu marido foi para o hospital. Antes de o Ronan voltar para casa, ele me procurou e disse que comprou as balas para matá-lo. Falei que ele tava de cabeça quente, a esposa dele também me disse que nada ia acontecer”, lembrou.

A mulher confirmou a informação de que o serralheiro mostrou também as balas de revólver para a filha de apenas quatro anos. Rubens exibiu as munições a outro vizinho na rua Salmos.

“Não posso afirmar que foi o meu marido que matou o Rubens, mas ele foi ameaçado e muita gente ouviu. Agora vou ter que erguer minha cabeça e seguir minha vida para cuidar das duas meninas. Também não posso abandonar o pai das minhas filhas. Certo ou errado, ele é meu esposo”, alegou.

CO-AUTOR

Para a PM, F. teve participação no caso. Os militares abordaram F. quando ele subia pela rua Salmos até o local do crime. A suposição é de que ele foi até a serralheria para se certificar de que Rubens estava morto. Ele voltou para sua residência na rua Macabeus, no bairro Canaã, e foi seguido por policiais que tinham a pista de que Ronan estava escondido em sua casa.

F. estava em liberdade condicional e acabou conduzido à Delegacia Regional de Ipatinga como co-autor na morte do serralheiro.
Outra informação que ainda vai ser averiguada pela PM é se Ronan atirou em Rubens dentro da serralheria, ou se a vítima foi alvejada na rua e depois de baleada correu para dentro de casa.

 


O corpo de Rubens (detalhe) foi encontrado dentro de uma serralheria, próximo à escada que dá acesso à sua residência

Família tem histórico de drogas e violência
Ipatinga
– O ajudante Ronan Barbosa vem de uma família marcada pelo consumo excessivo de drogas e envolvimento com o tráfico. Ele mesmo já ficou preso por quase três anos no Ceresp de Ipatinga.
A mãe dele, Norma dos Santos, é usuária e adquire as pedras de crack diariamente com dinheiro dado por populares nas imediações do bairro Canaã. Ela chegou a sofrer uma tentativa de homicídio no Centro, em 2007.

Em outubro de 2011, o irmão de Ronan foi assassinado em Belo Horizonte dentro de uma cabine pornô na rua São Paulo. Wesley Anacleto Barbosa, vulgo ‘Pimpolho’, era um velho conhecido da PM por suas diversas passagens por furto, assalto à mão armada e tráfico de drogas.

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