Policia

Brasil foi o país das Américas com mais mortes de jornalistas

DA REDAÇÃO – Com cinco casos registrados no ano passado, o Brasil foi o país com o maior número de mortes de jornalistas entre todas as Américas, de acordo com relatório divulgado na última quarta-feira (12) pela ONG francesa Repórteres Sem Fronteiras. Os atentados contra o jornalista Rodrigo Neto e o fotógrafo Walgney Carvalho, ocorridos respectivamente, em Ipatinga e Coronel Fabriciano, ajudaram a elevar a estatística.
Segundo o relatório, o país ultrapassou o México, considerado pela ONG “um país muito mais perigoso (do que o Brasil)”. Naquele país, dois jornalistas foram assassinados em 2013.

Além das mortes, a organização calculou ainda que 114 profissionais da imprensa foram feridos desde o mês de junho na onda de protestos que se espalhou pelo país. A ONG atribuiu mais de dois terços das agressões à ação policial.
“A dura repressão policial que ocorreu no Brasil em 2013 também atingiu os profissionais da informação. Essa primavera brasileira provoca um forte questionamento em relação ao modelo midiático dominante e coloca em evidência os sinistros hábitos mantidos pela polícia militar desde a ditadura”, afirma o relatório.

Os dados divulgados esta semana são referentes ao ano de 2013 e não contabilizaram, por exemplo, o assassinato do cinegrafista Santiago Andrade, que morreu na última segunda-feira (10) após ser atingido por um rojão durante uma manifestação no Rio de Janeiro.

RANKING
O anuário da RSF também apresenta um ranking da liberdade de imprensa no mundo. O Brasil caiu duas posições em relação à classificação anterior e passou a ocupar o 111° lugar em uma lista de 180 países.
“O domínio do crime organizado em certas regiões do Brasil torna arriscado o tratamento de temas como corrupção, drogas e tráfico de matérias-primas”, diz parte do relatório, que ainda afirma que, no Brasil, os jornalistas são intimidados por “máfias” e também por autoridades, através do uso de processos judiciais.

A Finlândia manteve, pelo quarto ano consecutivo, o primeiro lugar no ranking de liberdade de imprensa da RSF e, no final da lista, aparecem os países chamados pela ONG de “trio infernal”: Turcomenistão, Coreia do Norte e Eritreia, onde a liberdade de imprensa seria “inexistente”. A Síria também está entre as últimas posições, ocupando o 177° lugar.

Os Estados Unidos foram um dos países que mais caíram no ranking: 13 posições em relação ao ano de 2012, passando a ocupar o 46° lugar na lista. Ainda assim, o relatório da ONG aconselha: “os Estados Unidos e o Brasil deveriam dar à liberdade de informação uma posição mais elevada, em termos de norma jurídica e de valores. A realidade, infelizmente, está longe disso”.

Jornalistas mortos no Brasil em 2013

Cláudio Moleiro de Souza (12/10/2013)

Assassinado com um tiro no pescoço na rádio onde trabalhava, em Rondônia. A polícia descartou a possibilidade de roubo como motivo do crime e afirmou que Souza foi vítima de um atentado.

José Roberto Ornelas de Lemos (11/06/2013)
Foi executado com 44 tiros em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, enquanto fazia compras em uma padaria. Um carro com quatro pessoas estacionou na frente do local e começou a atirar em sua direção. Segundo sua família, Lemos já havia recebido ameaças de morte em razão da linha editorial do jornal, bastante crítica em relação à polícia e às autoridades locais.

Walgney Carvalho (14/04/2013)
O fotógrafo foi assassinado com um tiro nas costas em um pesque-pague de Coronel Fabriciano. O principal suspeito do crime é Alessandro Neves Augusto, apontado também com assassino de Rodrigo Neto. Sua morte seria uma queima de arquivo, já que Carvalho teria afirmado que sabia quem havia matado o jornalista.

Rodrigo Neto (08/03/2013)
Morto a tiros por dois homens em uma moto na avenida Selim José de Sales, bairro Canaã. O jornalista era conhecido por denunciar o envolvimento de policiais em crimes de execução. Investigações apontaram que Rodrigo foi morto por Alessandro Neves e o policial civil Lúcio Lírio Leal. Os dois se encontram atualmente presos.

Mafaldo Bezerra Goes (22/02/2013)

Morto a tiros por dois motoqueiros em Jaguaribe, no Ceará. Goes denunciava em seus programas nomes de suspeitos de crimes e teria sido assassinado por ordem de um traficante preso
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