Cultura

Bracher expõe em Ipatinga mostra Pintura e Permanência

A exposição de Bracher reúne 60 obras em uma retrospectiva da carreira do artista, incluindo pinturas, desenhos, livros, catálogos, fotos, objetos pessoais e poemas

IPATINGA – Após reunir mais de 500 mil visitantes em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília a exposição “Bracher – Pintura e Permanência” será aberta nesta sexta-feira ao público do Vale do Aço. A mostra, que ficará em cartaz no Centro Cultural Usiminas de 16 de outubro a 12 de dezembro, é comemorativa aos 53 anos da Usiminas e aos 58 anos de carreira do artista mineiro Carlos Bracher, tendo sido escolhida pela Associação Brasileira dos Críticos de Arte (ABCA) com o Prêmio Destaque – Melhor Exposição de 2014.

São cerca de 60 obras em uma retrospectiva da carreira do artista, incluindo pinturas, desenhos, livros, catálogos, fotos, objetos pessoais e poemas de sua autoria, além dos espaços multimídias e cenografia. “Bracher – Pintura e Permanência” é uma realização do Ministério da Cultura e conta com o patrocínio da Usiminas, co-patrocínio da CBMM, BDMG, e BRASILCAP, via Lei Federal de Incentivo à Cultura; apoio Centro Cultural Banco do Brasil. A curadoria é de Olívio Tavares de Araújo, em parceria com o próprio pintor.

OURO E AÇO
Mineiro nascido em Juiz de Fora, Carlos Bracher, de 74 anos, escolheu a cidade histórica de Outro Preto para morar e montar o seu ateliê. A mostra apresenta retratos (e autorretratos) – uma de suas marcas registradas – e as séries
“Naturezas-Mortas e Marinhas”, “Paisagens Mineiras”, “Van Gogh”, “Siderúrgicas” e “Brasília”, fruto da estreita relação do artista com a Capital Federal desde sua fundação, além de outras obras que representam todas as fases da carreira do artista.

As paisagens e a tradição da siderurgia, tão fortes em Minas Gerais, sempre inspiraram as obras de Bracher. Na série “Siderúrgicas”, Bracher retratou a Usiminas e a antiga Belgo Mineira, grandes empresas nascidas em solo mineiro. “Essa relação se conclui nesta grandiosa mostra, entre todas a mais importante da minha vida, novamente com a cálida parceria da Usiminas, a levar Minas ao Brasil, os solos e as vertentes do que somos nós, esses seres demarcados por ouro e aço, arte e liberdade”, afirma o artista.

PERFORMANCE AO VIVO
Na abertura do evento para convidados, em 15 de outubro, haverá uma performance ao vivo do artista. Carlos Bracher fará um retrato do bispo-emérito da Diocese de Itabira e Coronel Fabriciano, Dom Lélis Lara, personalidade ilustre do Vale do Aço que ajudou a escrever a história da região. Nascido em Divinópolis, em 1925, desde muito cedo Dom Lélis decidiu seguir a vida religiosa. Aos 12 anos ingressou no seminário, e ao término dos estudos foi ordenado Padre, em Juiz de Fora. Ainda jovem viveu em Roma, onde se formou em Direito Canônico Espiritualidade e Música.

Sua presença na Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano está intimamente ligada à dos Missionários Redentoristas, que estão há mais de 50 anos na região. Entre suas ações está a criação de fundações voltadas para as necessidades comunitárias de evangelização e de educação. Uma de suas iniciativas mais marcantes foi ter retirado alguns menores da cadeia e ter iniciado com eles a Cidade do Menor. Outro ponto importante da biografia de Dom Lélis é que na época do governo militar passou por grandes dificuldades, pois teve muitas pregações censuradas por seu posicionamento social baseado no Evangelho, principalmente nos anos de 1969 e 1971. Apesar de aposentado da vida religiosa, ainda se mantém ativo na comunidade e com forte atuação junto à Igreja Católica em todo o país.

Outros artistas e figuras importantes do cenário nacional também foram retratados pelo artista. Em Belo Horizonte, o músico Lô Borges; em São Paulo, o maestro Julio Medaglia; no Rio de Janeiro, João Cândido Portinari, filho de Cândido Portinari e, em Brasília, o cineasta Vladimir Carvalho. Estes dois últimos estarão expostos na montagem em Ipatinga.

Visitas Guiadas

O Instituto Cultural Usiminas, por meio da sua área de Ação Educativa, desenvolve o projeto “Visitas Guiadas às Exposições de Arte” com o objetivo de facilitar a compreensão e promover a interação entre o público e a exposição que está sendo apresentada na Galeria Hideo Kobayashi, do Centro Cultural Usiminas. As visitas são guiadas pelos mediadores da Ação Educativa que buscam, através do diálogo, relacionar os temas das exposições com a experiência de vida dos participantes. Os visitantes são convidados a participar de uma atividade prática logo após a visita à exposição.

Para a exposição, a equipe da Ação Educativa do Instituto Cultural Usiminas trabalhará com os visitantes uma atividade de “autorretrato”. A proposta é que os visitantes tenham a oportunidade de, através de um espelho, pintarem “auto-retratos” e, a partir daí, refletirem um pouco mais sobre a técnicas de Bracher e suas inspirações. “A nossa proposta é evitar “releituras” das obras. Nosso objetivo é promover sugestões poéticas com reflexões individuais”, explica a coordenadora dos Espaços Culturais Usiminas, Penélope Portugal.
As visitas guiadas à exposição são direcionadas a escolas, grupos e interessados em geral. O agendamento é gratuito pelo telefone da Ação Educativa – 31.3824.3731 (terça a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 17h).


A visita guiada e espaços interativos são novidades em “Bracher – Pintura e Permanência”

Espaços interativos

A Sala Interativa “Experiência Bracher” foi idealizada com intuito de levar o público a vivenciar a experiência de pintar como o artista. Criado especialmente para a exposição, um programa de computador capta os movimentos do público e, em seguida, os reproduz em um telão branco em forma de pinceladas, que foram elaboradas a partir de vetorização de gestos e cores do próprio Bracher e gravadas previamente. O som da própria voz do artista, com textos de sua autoria, contribui para a imersão do visitante em seu universo de pintura e poesia.

De acordo a idealizadora e coordenadora da exposição, Larissa Bracher, é com enorme prazer que a exposição encerre sua temporada em Ipatinga. “O público da cidade terá acesso a um grande acervo do artista e ainda poderá interagir com as suas obras. A exposição já retrata muito bem o universo artístico do meu pai, trazendo réplicas do ateliê e da casa onde ele cresceu e se inspirou, tocando as músicas que ele ouve enquanto pinta, mostrando os textos que ele escreve, entre outros elementos”, destaca Larissa Bracher.

A Sala Interativa foi escolhida como um dos três melhores projetos que serão apresentados durante a 11ª Bienal Brasileira de Design Gráfico, a ser realizada ainda neste ano no Rio de Janeiro. Uma reprodução da sala será montada dentro da Bienal para visitação.

“Bracher – Pintura e Permanência” também revela um pouco da intimidade do artista em ambientes interativos que permitem a entrada dos visitantes: a reprodução do ateliê de Ouro Preto e do Castelinho dos Bracher, em Juiz de Fora, onde o artista passou a infância e a juventude. Os dois espaços são compostos por diversos objetos originais: móveis, desenhos, livros, fotos, discos, tintas, pincéis, cavalete, além de louças pintadas a mão produzidas pela Louçarte, extinta fábrica da família Bracher em Minas. “É uma representação fiel, que leva os visitantes ao meu olhar, vivenciando este ambiente que me levou ao mundo das artes”, comenta o artista sobre a réplica da sala de estar do Castelinho.

A responsável pelo áudio e vídeos da mostra é a jornalista e também filha, Blima Bracher, que há sete anos se dedica à pesquisa de textos e imagens, tendo assinado já dois documentários sobre Bracher: “Âncoras aos Céus”, de 2007, e “Das Letras às Estrelas: JK, de Sonhos ao Sonho de Brasília”, de 2014.

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