Panorâmica do trajeto da estrada na ligação com o bairro Canaã
Fernando Benedito Jr.
IPATINGA – Maanaim, segundo os relatos bíblicos, seria o lugar onde Jacó teve seu primeiro contato com Deus e, em hebraico, significa dois campos. No caso da estrada que leva esse nome, em Ipatinga, às margens do ribeirão Ipanema, é uma via que não leva a lugar nenhum e que corre o sério risco de tornar-se um “elefante branco”, onde milhares de reais foram investidos à toa. Entre todas as “heranças maléficas” e os déficits político-administrativos recebidos pelo atual governo, este é um dos que exigia uma reposta imediata e, agora, passado mais de um ano, ainda não foi devidamente solucionado.
VIA ALTERNATIVA
A avenida Maanaim, que representaria uma alternativa ao já caótico sistema viário de Ipatinga, foi iniciada no governo Quintão e anunciada como um projeto que seria marca de governo; ganhou grande impulso no governo do ex-prefeito Robson Gomes. Hoje, a obra está parada.
A obra, com contrapartida da Prefeitura, foi estimada num valor de mais de R$ 25 milhões em recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de outros milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata) – no valor de R$ 19 milhões que acabou não se concretizando.
O projeto já consumiu milhões e sequer chegou em seu ponto mais crítico, que exige a desapropriação de diversos imóveis e a retirada de dezenas de famílias da Vila da Paz.
OBRA
Atualmente o projeto da avenida Maanaim está parado na altura da ponte do bairro Iguaçu, onde faria a ligação com o bairro Cidade Nobre. Uma das pontes previstas está inacabada e já se tornou um “elefante branco”. Trata-se de uma ponte de concreto armado de 26 metros de comprimento, com pista de 10,50 metros de largura, sobre o ribeirão Ipanema.
Um trecho de cerca de 760 metros já está asfaltado na ligação entre o Parque Ipanema até a ponte do bairro Iguaçu. A avenida já permite o tráfego na saída das ruas Cristal, Jaspe e Ouro, sentido ao Parque Ipanema, ajudando a desafogar o tráfego da rua Pedras Preciosas e avenida Brasil, para quem está no bairro Iguaçu e precisa ir em direção ao Parque Ipanema, Centro e estádio Ipatingão.
O trajeto da estrada começaria no Parque Ipanema e seguiria às margens do ribeirão, distribuindo o tráfego pelos bairros Cidade Nobre, Canaã, Vila Celeste, Bethânia e outros pontos da cidade. Numa versão mais ousada, poderia até mesmo fazer a ligação com outro trecho da estrada já existente no bairro Limoeiro. A via representaria um grande passo num projeto mais amplo de escoamento do trânsito da cidade.
INVESTIMENTOS
Em 25 de maio de 2009, o ex-prefeito Robson Gomes anunciou um aporte de recursos da ordem de R$ 10.382.594,33 que seriam destinados à urbanização da Vila da Paz, (Urbanização de Áreas de Interesse Social – AEIS), distribuídos da seguinte forma: projetos executivos (R$ 652.992,00), construção do prédio H – 11 unidades com 176 apartamentos – (R$ 8.875.950,83), infraestrutura (R$ 939.223,08), creche (R$ 566.720,42). Se os recursos realmente chegaram, foram investidos em outros “projetos”, porque nenhuma das obras previstas foi executada.
Nesta mesma etapa, foi anunciado ainda o edital com mais R$ 5.149,777,10, destinados à urbanização da rua Amazonita, com a construção do prédio H com 5 unidades e 80 apartamentos (R$ 4.422.424,69) e obras de infraestrutura (R$ 727.352,41); além de R$ 13.619.167,38 para a 1ª etapa da Ligação Canaã – Parque Ipanema.
Finalmente, o edital previa a 2ª etapa da ligação Canaã/Parque Ipanema, onde seriam investidos R$ 9.891.9243,74; na ligação Cidade Nobre/Vila Celeste (continuação da rua Albert Einstein), R$ 728.553,95; e na ligação Cidade Nobre/Vila Celeste (rua Pelicano) R$ 2.390.575,12.
MISTÉRIO
Se os recursos realmente aportaram em Ipatinga, ainda é um mistério, não só porque não foram investidos no projeto viário, mas também pelo silêncio sepulcral que o atual governo mantém em torno do assunto, quando esperava-se, no mínimo, que eventuais irregularidades fossem denunciadas ao Ministério Público, Polícia Federal ou a quem de direito.
Outro mistério que permanece, um ano após a atual administração ter assumido a “herança” de Robson Gomes, é se a obra vai continuar ou não. Esta é uma das respostas que a população de Ipatinga espera ansiosamente…
(Sentido horário) Trecho concluído no Iguaçu que desvia o trânsito de algumas ruas; Trecho onde a obra foi paralisada para sua ligação com o Cidade Nobre; A ponte que se transformou num “elefante branco”; A Vila da Paz, trecho “crítico”, onde a obra sequer chegou
