Policia

Assassinato de Rodrigo Neto faz 4 anos e liberdade de imprensa fica mais restrita

IPATINGA – Nesta quarta-feira (8) celebram-se 4 anos do assassinato do jornalista Rodrigo Neto. Combativo na profissão de repórter investigativo e na defesa dos direitos humanos, Rodrigo Neto denunciava uma série de crimes e execuções cometidos por integrantes das forças de segurança. Quando estava próximo de desvendar alguns dos assassinatos que denunciou, o jornalista e radialista foi covardemente morto na noite de 8 de março de 2013, no churrasquinho do Baiano, no bairro Canaã, local que costumava frequentar após a jornada de trabalho.
Ele foi alvejado por três disparos letais: na cabeça, lado esquerdo do peito e outro nas costas. O radialista chegou a ser socorrido por amigos, mas deu entrada no Hospital Municipal de Ipatinga sem vida. A arma usada no crime foi um revólver calibre 38. Ao todo, cinco projéteis foram recolhidos pela PC para serem periciados. O carro e o computador de Rodrigo também foram apreendidos.

PRISÕES
A morte de Rodrigo Neto foi investigada por uma força-tarefa da Delegacia de Homicídios de Belo Horizonte. As investigações resultaram na prisão de várias pessoas, entre policiais civis e militares, envolvidos em crimes e assassinatos (a maioria já em liberdade ou absolvidos de alguns crimes). Também foram apontados como autores da morte de Rodrigo Neto, o falso policial Alessandro Neves Augusto e o ex-detetive da Polícia Civil de Ipatinga, Lúcio Lírio Leal. Eles foram os únicos condenados pela morte de Rodrigo Neto. No dia 28 de agosto de 2014, Lúcio foi condenado a 12 anos de prisão pela participação no assassinato. Conforme as investigações da PC, ele traçou a rota de fuga para o assassino de Rodrigo, o falso policial “Pitote”.
Quase um ano depois, Alessandro Neves, o ‘Pitote’ foi condenado a 12 anos pela morte do jornalista e mais quatro anos e quatro meses por uma tentativa de homicídio contra um amigo do repórter que estava com ele no dia do crime. Para a polícia e promotoria, o acusado estava na garupa de uma moto, pilotada por uma pessoa que não foi identificada, e ao ver o jornalista efetuou disparos à queima-roupa. Em agosto do ano passado, “Pitote”, também acusado pela morte do fotógrafo Walgney Carvalho, acabou sendo condenado a 14 anos e três meses de prisão.

REPERCUSSÃO
A morte de Rodrigo Neto causou grande repercussão nacional e internacional. Organizações não governamentais ligadas à defesa dos direitos humanos e proteção aos jornalistas se mobilizaram. A então ministra de Direitos Humanos Maria do Rosário esteve em Ipatinga para discutir a violência policial e o assassinato do jornalista e então governador Antonio Anastasia recebeu uma comitiva de jornalistas para pedir que as apurações e punições do caso fossem levadas a termo o mais rapidamente possível.
Passados os 4 anos do assassinato de Rodrigo Neto, permanece a violência contra jornalistas e defensores de direitos humanos. Outra constatação é que a reportagem investigativa em nível regional ficou mais pobre; e a pior de todas as questões é que a impunidade ainda é uma grande e ameaçadora sombra que paira sobre os profissionais de imprensa, que vem sua liberdade cerceada e o direito da sociedade à informação cada vez mais restrito.

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