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Áreas regeneradas do cerrado abrigam espécies raras de mamíferos

BH – Foi publicado no último mês de junho, na revista “Biotrópicos”, o artigo científico sobre áreas regeneradas de cerrado e mamíferos no Parque Estadual Veredas do Peruaçu, no Território Norte de Minas Gerais. A pesquisa é fruto de uma parceria entre o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e o Instituto Biotrópicos, e teve como objetivo avaliar a importância de áreas regeneradas de cerrado para a conservação de mamíferos de grande porte.
O estudo realizado na unidade de conservação, no município de Cônego Marinho, contou com a instalação de câmeras automáticas para o registro de animais em dois ambientes diferentes: na vegetação de cerrado regenerada após desmatamento e na vegetação de cerrado maduro, que não sofreu impactos significativos nas últimas quatro décadas. Durante a realização da pesquisa foram registradas 18 espécies de mamíferos de grande porte, incluindo espécies raras como o queixada e o cachorro-do-mato-vinagre.

HIPÓTESES

Guilherme Braga Ferreira, biólogo e doutorando afiliado a duas organizações britânicas, University College London e Zoological Society of London, além de pesquisador do Instituto Biotrópicos, ONG conservacionista de Minas Gerais, disse que “a escolha dessa área de conservação foi ideal para testar hipóteses sobre regeneração de cerrado e vegetação secundária, onde, quase um terço das áreas onde a vegetação de cerrado está situada era plantio de eucalipto, entretanto, a regeneração ocorreu naturalmente, após o abandono da área e a criação do Parque Estadual Veredas do Peruaçu”, disse.
O pesquisador frisa, ainda, que “apesar de estar bem estabelecido que áreas regeneradas de florestas desempenham um importante papel na conservação da biodiversidade, até então, não existiam estudos avaliando a importância de áreas regeneradas de cerrado para fauna de mamíferos”.
Ele avalia que o cerrado tem grande poder de regeneração e, dessa forma, as “áreas regeneradas de cerrado vão representar uma parte importante do bioma no futuro. Isso significa que é importante saber qual o papel que estas áreas podem desempenhar na conservação de espécies animais”.

PERUAÇU
O Parque Estadual Veredas do Peruaçu foi criado pelo Decreto nº 36.070, de 27 de setembro de 1994, com área de 30.702 hectares. A área abriga um complexo de veredas e lagoas, formando um ambiente de textura argilosa. Destaca-se a vereda do Peruaçu, que dá origem ao nome da unidade de conservação (significa ‘gruta grande’), com seus 37 quilômetros de comprimento, com palmeiras e buritis de até 20 metros de altura. Outras veredas de menor extensão também são encontradas no parque como a Comprida, dos Lopes, da Lagoa Azul, da Passagem, da Cruz entre outras. A unidade de conservação abriga, ainda, seis lagoas: Jatobá, dos Patos, do Meio, Junco, Carrasco e do Jacaré.
Há mais de 250 pássaros catalogados no interior do parque, entre eles está a ‘maritaca’, o ‘quem-quem’ e aves endêmicas do entorno, como o ‘sebinho de fronte vermelha’, a ‘maria-preta’ e o ‘arapaçu do rio São Francisco’.

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